rxvenants 07/02/2022Não recomendo.Mais uma resenha grande pra conta da mãe, vamo lá.
Primeiro quero começar dizendo que essa capa é a segunda maior propaganda enganosa do livro (NENHUM dos dois personagens é assim), atrás apenas da sinopse mentirosa que fala do doguinho, mas na verdade ele é esquecido por 70% do livro >:(
Até uns 30%, eu cogitei dar 3 estrelas pela leitura que, até então, estava sendo divertidinha. PORÉM, como nada nesse mundo é de graça, as coisas simplesmente foram downhill a partir desse ponto.
O livro basicamente narra a protagonista, Sloan, encontrando um cachorro no meio da rua no dia que completa dois anos da morte do marido. Ela cuida do cachorro e aí ela conhece o dono, Jason, e a merda rola. Temos a Sloan passando pelo luto, o Jason sendo um cantor famoso e várias presepadas no caminho, com direito a ex-namorada malvada com um arco de redenção porco, indústria musical sendo o inferno na terra, dependência emocional e drama desnecessário.
Eu estou surpresa por ter chegado no final desse livro, mas acho que eu estava tão incrédula com as coisas que realmente queria saber COMO e em QUAL cenário esses dois ficariam juntos no final.
Antes de falar dos problemas de relacionamento, vou falar de algumas coisas ao redor do livro que me incomodaram.
Primeiro, que um grante fator que Abby quis trazer para o livro é o luto da personagem principal e sinceramente, eu acho que foi ok em diversos momentos.
Tendo passado por diversos lutos na minha vida em curtos períodos de tempo e mesmo assim nunca ter me acostumado, eu acho que a autora conseguiu muito bem trazer sentimentos reais pras páginas.
No final ela diz que fez o livro por ver uma amiga passar por isso, então eu acho isso super legal da parte dela.
Por outro lado, enquanto os sentimentos pareciam bem reais, a forma de resolver esse luto foi um "não" pra mim. É o famoso caso do homem milagroso, que faz alguém querer voltar a viver em apenas uma semana.
Não duvido que aconteça com pessoas por aí, mas a protagonista sofreu por dois anos. Eu fiquei decepcionada e queria que fosse melhor explorado do que ela ter um insta-love e acordar pra vida.
Outra coisa é que o livro é narrado em um período contemporâneo e os temas parecem de 1950.
A caça a animais selvagens é meio glorificada (não completamente, mas enfim), a Sloan tem uma fixação por cozinhar pra homens (ela pode até dizer que gosta de cozinhar só por cozinhar, mas ela não me engana quando LITERALMENTE todas as pessoas pra quem ela cozinhou nesse livro foram homens que estavam fazendo o "trabalho duro" ou caçando) e tem um negócio esquisito com homens barbudos e lenhadores que fazem o trabalho pesado em casa consertando as coisas.
Jason e sua família são de um estado rural dos EUA e eu consigo ver o quão comum isso pode ser lá para algumas pessoas, mas eu achei esquisito demais (ainda mais com a Sloan sendo de cidade grande) quando as mulheres estavam sempre na cozinha ou servindo de apoio para os homens.
A esposa do irmão do Jason nem aparece pois a única cena que ela é mencionada ele fala que ela estava cuidando dos três filhos que estavam doentes por terem pegado algo na escola que ele NEM FAZ IDEIA DO QUE SEJA.
E agora para a parte do relacionamento, o maior plot do livro todo.
Se eu fosse resumir, eu diria que é basicamente adultos de 26 e 29 anos agindo como adolescentes de 15 e sendo o casal clichê que vive a base de mentiras para salvar o outro por conta de codependência glorificada.
Eu estava gostando dos dois no começo e acho que a parte que eles não se conheciam pessoalmente foi o ponto alto do livro (literalmente só o começo do livro kkkkk), mas a narrativa me perdeu com o Jason sendo um cantor famoso e eles não conseguindo ter uma conversa decente.
Uma semana foi tudo que levou pra esses dois acharem que iam morrer um sem o outro e basicamente o capeta veio na terra com a notícia de uma tour do Jason de 14 meses.
O Jason é um personagem EXTREMAMENTE egoísta e narcisista. Ele diz que faz tudo pela Sloan, mas eu acho que em nenhum momento desse livro ele realmente considerou os sentimentos dela, ele só queria se sentir menos mal. E a Sloan nem tem personalidade direito além de gostar dele.
Ambos brigam estupidamente e voltam por conta da dependência emocional que eles sofrem. E me irrita DEMAIS o fato que eles não conversaram sobre NADA importante de forma madura, eles só sabiam dizer as MESMAS coisas um pro outro ou brigar de forma estúpida.
Eu fiquei MUITO desconfortável e brava pelo Jason basicamente não sofrer nenhuma consequência dos atos dele além de ficar longe da Sloan (o que não é nada, mas temos o fator codependência e tal).
Ele guardou segredos dela e basicamente fez um gaslighting pra ela acreditar que tava sendo dura ao ficar brava e que ela precisava ser mais insensível sobre as mentiras contadas pela mídia (ele literalmente pediu pra ela ser mais "tough-skinned"). Ela chorou e pediu desculpas e eles voltaram.
Na tour, mesmo com ela com bronquite e duas infecções no ouvido, ele disse que não conseguiria ficar longe dela. Ela estava péssima e ele de boas pois tinha personal trainer e tudo mais.
Ele fez ela ir pra casa depois, mas ficou na merda e ela se sentiu compelida a voltar pra tour.
Aí depois eles romperam (com a cena clássica dela encontrando a ex no quarto dele) e ele mentiu dizendo que tinha traído ela pra ela não precisar passar por tudo com a vida de cantor dele sem sequer pensar no quanto ela ia se sentir mal com a mentira e ainda andou de motocicleta depois (uma das coisas que fez ela ter uma ataque de pânico numa outra cena, pois o noivo tinha morrido num acidente).
Enfim, uma merda completa. E os dois ficam mal e isso é glorificado como se fosse algo romântico e bonito. É totalmente bizarro. Jason chega a ter crises de raiva.
Enfim, o relacionamento deles não é legal. Ambos se matando e não conseguindo fazer o que querem por causa do outro ou a Sloan sempre tendo que se sacrificar pelo Jason.
Eles têm certa química, mas é arruinado pelo decorrer dos fatos.
Odiei o plot do Jason como cantor famoso, odiei o plot da tour, odiei absolutamente tudo.
E odiei ainda mais o final esquecendo tudo e eles magicamente vivendo felizes e tendo filhos.
Outra coisa que me incomodou bastante foi a redenção da ex do Jason, Lola (ou Nikki, se preferir).
Ela foi usada pela gravadora e passou por coisas bem parecidas com a da Britney Spears, com abuso de álcool e drogas e tudo mais.
Eu entendo que é importante deixar claro como ela não é a vilã total da história já que é meio um plot twist a culpa de todas as coisas ruins que aconteceram serem por causa da gravadora e não dela.
PORÉM, a condição mental dela não justifica os atos que ela teve. Ela agarrou o pênis do Jason em público e beijou ele sem que ele quisesse, assim como ela foi até o trailer dele sem calcinha e ficou mostrando pra ele. Ela mandava fotos pelada pra ele, mesmo quando ele pediu diversas vezes pra parar e até pensou em uma ordem de restrição.
Eu acho que deveria ter uma conversa mais profunda sobre as coisas que ela fez, talvez na parte que ela vai pra reabilitação.
Claro que entorpecentes podem te fazer outra pessoa, mas isso não faz com que os atos dela tenham sido ok.
Bom, eu não sei se passei tudo que queria e acho que vou lembrar de mais coisas e querer editar isso depois, mas é isso.
Não recomendo esse livro. Se dou duas estrelas é por eu ter gostado de certos aspectos da representação do luto em algumas partes e do começo que estava realmente legal, mas só isso.