Vanessa @LarLiterario
11/02/2020Rica, mimada e inconsequente, Renata Vincezo acaba se metendo em algo grave. Alguo que seus pais simplesmente não podem fazer vista grossa e ignorar como todas as suas outras ?brincadeirinhas?. A garota acaba sendo expulsa do seu colégio, os amigos a ignoram e seus pais sequer suportam a olhar, o que os levaram a tomar uma decisão corretiva para a filha mandando-a para um colégio interno católico no interior de São Paulo.
É claro que Renata odeia a ideia e no começo reluta em estar ali, mas à medida que conhece os novos colegas, professores e métodos do colégio interno, Renata se vê cada vez mais interessada em tudo e todos a sua volta. E quando uma injustiça acontece ela se ver tomada pela necessidade de ajudar, coisa que em seu passado jamais passaria pela sua cabeça.
Ainda que menos engraçada que Os 12 signos de Valentina, essa leitura foi até divertida em alguns pontos. Embora o objetivo central do livro seja mostrar a mudança da protagonista Renata que no começo é uma menina chata, arrogante e egoísta, e com o tempo começa a enxergar que o mundo vai além da sua bolha. Gostei bastante desse crescimento da personagem, ela precisou de um baque pra poder sair do seu mundinho e perceber que o foto de ser protegida pelo seu dinheiro e status não justifica as coisas inconsequente que fez.
A escrita da Ray está bem diferente nesse livro, talvez pelo público alvo dele, mas eu senti falta da linguagem sarcástica da autora. E por isso foi uma leira arrastada pra mim. Contudo, apesar dessas diferenças, a história de Renata Vicenzo carrega elementos típicos da autora, como o bom-humor presente na escrita e, principalmente, os temas sociais e políticos abordados ao longo da trama como: racismo, homofobia, misoginia, corrupção dentre vários outros assuntos que estão sendo tão discutidos nos últimos anos e que é sempre necessário lembrar a sociedade. Essa foi uma das partes que mais gostei na leitura.
Um ponto alto no livro é que ele é recheado de referências à literatura brasileira e se torna ainda mais nacional pelo cenário político e social tão bem apresentado. Acredito que sendo um autor nacional, é de extrema importância. É triste quando um autor brasileiro prefere escrever sobre um país estrangeiro com tanto a ser explorado no seu próprio país.