Tiago Doreia
16/05/2021Primeiro de muitos!Minha leitura introdutória à obra de Edgar Allan Poe, que dispensa apresentações. Ótima primeira impressão, apesar de não ser nem de longe o mais conhecido dos contos dele, não deixou a desejar em nada.
O ambiente inteiro, tanto o externo quanto o interno (a mente do protagonista), é pesado, completamente inundado por um sentimento lúgubre, melancólico e deprimente, que é característica forte do autor gótico.
A maior parte da história passa-se dentro dos pensamentos do narrador-personagem, então conseguimos sentir com clareza os sentimentos tristes e desprazerosos que a família e a mansão mortiça nos imprimem. Isso tudo torna a obra altamente introspectiva, na mesma medida que é detalhadamente descritiva.
O ambiente é tão pesaroso que os elementos sobrenaturais se misturam aos elementos reais de tal forma que já não se sabe o que é real e o que é fruto da mente doentia dos personagens.
Vale destacar a forte simbologia da mansão decrépita e decaída, que a todo momento faz alusão à situação semelhante da família, que já não vê qualquer possibilidade de perpetuar-se, portanto, encara seu fim, deteriorando-se lentamente em loucura e podridão.
Um ponto a destacar é a linguagem altamente poética, apesar do texto em prosa, que Poe traz na sua obra, muito bem escrita e cheia de adjetivos que só enriquecem a experiência. Ótimo livro, recomendo.