Aline Maia 28/05/2024
Intrigante e Bacaninha
"O Homem de Giz" estava na minha TBR faz um tempinho, em partes porque a capa me chamou atenção e em outras porque ouvi muitos elogios sobre o livro. Fiquei surpresa que várias pessoas não gostaram, mas percebo que foi por questão de expectativas. Como peguei esse livro bem descompromissada e sem ler a sinopse, foi uma experiência legal.
De cara a história já nos remete ao Stephen King, fica clara a homenagem e é bacaninha. Me senti imersa em uma história onde conheci uma cidade pequena onde coisas estranhas acontece - sensação semelhante a que senti lendo "Depois" ou "Joyland" e provavelmente sentirei quando ler IT.
Anos 80, em uma cidade pequena, conhecemos uma gangue de quatro meninos + uma menina que andam de bicicleta e transitam bastante por um bosque. Há paixão não correspondida, briga entre amigos, amigo escroto, bullyng pesado com o protagonista, professor sinistro e cenas que dão medo, tanto em situações dentro do imaginário quanto em situações no mundo real (do livro, claro). Para coroar há um assassinato e POVs transitando entre o tempo presente (2016) e o passado.
Acho que o que mais me chocou em "O Homem de Giz", foi que eu peguei o livro sem imaginar a reflexão, em muitos momentos triste, sobre velhice. Comecei o livro achando que era um thriller ou coisa de serial killer, e saí com uma história de assassinato com um fundo de drama. Foi uma grata surpresa e sei que vou carregar coisas dessa história para sempre, sobretudo o quanto Alzeimer afeta a pessoa e aqueles ao redor. É realmente algo triste.
O assassino foi ficando óbvio a medida que o livro avançava, mas a construção para o momento da "revelação" fez o óbvio não me incomodar. A questão da cabeça da jovem foi bem interessante, as pistas para onde ela poderia estar foram jogadas desde o começo do livro, e finalizar mostrando isso foi quase que poético - e claro que foi macabro. Bom, o protagonista nunca foi apresentado como uma pessoa super confiável, então mesmo sendo um pouco previsível, outra vez, a narrativa construída para essa outra revelação foi bacaninha.
Tirei uma estrela porque me incomodou ter mais de 100 páginas com um suspense que, claramente, queria prender o leitor. Demorou muito para soltar qualquer nome ou coisa que tinha a ver com o assassinato apresentado no começo do livro, então isso irritou e talvez fez as páginas finais parecerem corridas.
As relações entre os personagens foi legal e aprofundada em alguns aspectos. Me apeguei e vou sentir falta desse livro. Foi uma companhia que me cativou.
ps.: Amém que não foi, para mim, mais uma história com "efeito Paciente Silenciosa" kkkk