Aos Perdidos, Com Amor

Aos Perdidos, Com Amor Brigid Kemmerer




Resenhas - Aos Perdidos, Com Amor


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Carolina273 18/01/2023

"Você faz o seu próprio caminho."

Estou completamente apaixonada pela história, pelos personagens, pela escrita da autora. Senti que a autora foi muito sensível em descrever o emocional dos protagonistas, inclusive faz com que o leitor sofra junto, é uma leitura fácil e agradável de acompanhar, fazendo com que torcemos pelos personagens.

Declan e Juliet se "conhecem" de uma maneira bem peculiar, através de cartas trocadas em um cemitério, ambos totalmente abalados, sofrendo cada um em sua bolha pessoal, mas unidos pela dor e a culpa do luto. A estratégia da autora é bem interessante, pois na vida real eles são pessoas completamente diferentes, que jamais trocariam uma palavra, nem fazem ideia de quem está do outro lado das cartas.
Maria18003 18/01/2023minha estante
RESENHA LINDA




aninha 17/01/2023

Que livro bom.
Vou ser sincera com vocês, esse livro vale muito a pena. Algumas pessoas que leram podem não achar, mas eu acho e vai por mim. Você não irá se arrepender.
Esse livro me prendeu desde ontem, e eu simplesmente não parei de ler até então. Querer saber mais da história foi se tornando um motivo pra eu terminar de ler ele. Tanto Declan, quanto Juliet foram personagens que eu gostei desde o início do livro, incluindo Rev. Fiquei comovida com a história deles, e acho que pude sentir um pouco da dor de cada um.
Declan é aquele cara que nós leitoras amamos, o famoso ?das trevas com um passado triste?. Sinceramente? Ele é maravilhoso.
Enfim, leiam e me conte oque vocês acharam. E não se esqueçam, ?todo momento é significativo?.
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Harryeeu 17/01/2023

Terminei agora na madrugada, sinto que eu queria muito gostar mais desse livro, eu gostei bastante mas achei que iria me emocionar e talvez até chorar mas não aconteceu.
O livro tem romance mas o foco não é totalmente isso, fala muito sobre luto, sobre se sentir deslocado num lugar que era pra vc se sentir acolhido, fala sobre amizade.
Em breve quero ler o segundo, não se se precisa ler esse para ler o segundo mas como o personagem tem um papel forte nesse aqui então acredito que seja melhor ler esse primeiro pra depois ler o 'Mais do que palavras podem dizer'
Gostei muito, faltou só me emocionar mais pra ser um 4,5/5 estrelas e recomendo demais
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.marie 16/01/2023

se não posso culpar o destino, quem é que sobra?
esperava mais.

a história não é ruim, mas acredito que poderia entregar muito mais, principalmente com a finalização de alguns pontos importantes da história, como a relação de declan com a mãe e padrasto ? odiei como foi concluída.

as partes das cartas e dos e-mails me agradaram, mas as narrações dos personagens nem sempre, principalmente de juliet que, inclusive, achei chatinha (odeio protagonistas que não são cativantes). não só ela como muitos outros personagens não são interessantes nem cativantes. senti falta de um personagem feito para o leitor amar. mas, apesar de não tão cativantes, os personagens trazem algumas reflexões legais em certos momentos que fizeram a experiência de ler esse livro não ser uma tortura.
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Laissa 16/01/2023

Aos perdidos,com amor.
Primeiro livro do ano é um favorito.
Esse livro não me prometeu nada e me entregou tudo,não encontrei nada que não tenha gostado na leitura,a escrita é ótima e os personagens são bem desenvolvidos o que me fez apegar à eles sem nem perceber, pegando então as dores deles para mim,que quando as coisas se ?resolveram? eu chorei e não costumo chorar fácil assim.
Me arrependi de enrolar há anos essa leitura,ele é um livro adolescente e nem sempre livros desse nicho são tão bons assim mas achei que esse foi perfeito.
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Ana Paula Oliveira 16/01/2023

?Às vezes acho que o destino conspira contra nós. Ou talvez o destino conspire conosco."

Um livro que fala sobre a culpa e como lidamos com ela?
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jfalls 15/01/2023

devorei esse livro em 2 dias, a história dele é super envolvente! passei o livro todo querendo colocar declan e o rev em um potinho, e o final é muito bonitinho.
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Ingridy 14/01/2023

Favoritado ????
Que livro espetacular!!! A história e perfeita o enredo tudo no livro, espera pouco entregou tudo. Além de me tirar da ressaca literária aí foi favoritado!!!!
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Vi | @viajantesdopapel 13/01/2023

Você faz o seu próprio caminho.
Esse livro me surpreendeu de muitas maneiras.
Com protagonistas adolescentes ele trouxe um drama "normal" e não muito pesado mas que se trata de sentimentos e psicológicos sabe? Eu não sei se vou conseguir passar o que eu realmente quero dizer.

Foi a transformação de uma cura, de uma busca pela força e que o Declan e a Juliet acharam em si. A força pra construir o próprio caminho deles e que eles tanto precisavam.

O livro é super fluído, ele dá margens pra todos os personagens envolvidos com a história dos dois, ele trata muito bem o drama. Eu realmente gostei.

Tratar sobre morte, perda, luto não é fácil mas não foi tão difícil de ler pela visão desses dois, a escritura soube trabalhar tão bem!
E o romance deles é tão cativante, a maneira que se constrói uma ponte e eles se encontram no meio dela, é exatamente assim.

No fim, eles podem encontrar a felicidade de novo e isso que importa.
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anddwss 12/01/2023

Aos perdidos, esse não é um livro de romance, o romance é a última coisa que você vai se importar quando você ler esse livro. Ele é intenso, forte, é tão penetrante que você vai entender os personagens como se eles fossem seus próprios amigos te contanto uma história.

É um livro que fala de luto, de perda, de culpa mas tudo de uma maneira tão fácil de entender, não é leve, a autora não deixa ele bobinho, não mas acho q qualquer de qualquer idade consegue entender o peso desse livro.

Eu amei o Declan e amei a Juliet, a forma que ela sentia medo dele e aos poucos foi passando a ver ele de uma forma q nem ela entendia, como quando ela quis tanto tirar uma foto dele mesmo fazendo meses que não pegava numa câmera, amei o Rev que aliás quero saber mais da história dele. Amei, um dos melhores livros que eu li em 2022 certeza!

Aliás odiei a mãe do Declan, odiei q ela ainda sai de boazinha no fim.

?°?°?°?

*Você consegue entender o que roubou de mim? Faz alguma ideia?
O que você escreveu sugere que você entende o significado de sofrimento.
Eu não acho que você entenda.
Se entendesse, não teria perturbado o meu.*

*Eu não acho que você mesma entenda o significado de sofrimento. Se entendesse, não teria perturbado o meu.
Você já parou para pensar que eu não queria que você lesse o que escrevi?*

Estou no chão, olhos na altura de um par de botas de segurança pretas e surradas.
Em uma comédia romântica, essa seria a cena fofa e engraçadinha do primeiro encontro do futuro casal. O menino seria lindo e maravilhoso, titular do time de futebol e orador da turma. Ele daria a mão para me levantar, e por coincidência teria uma camiseta extra na mochila. Eu iria até o banheiro me trocar, e de algum jeito meus peitos seriam maiores, meus quadris mais estreitos, e ele me acompanharia até a sala de aula e me convidaria para o baile.
Na vida real, esse cara é o Declan Murphy, e neste instante ele está praticamente rosnando.

? Qual é o seu problema, garota?
[...]
? Você que veio com tudo pra cima de mim.
Seus olhos estão ameaçadores.
? Não era eu quem estava correndo.
Aí ele avança de repente. Antes que eu me dê conta, me encolho toda.
Tá bom, pode ser que eu tenha medo dele.

Eu queria ter uma foto do rosto dele naquele exato momento. Ou agora, capturando seu caminhar pela penumbra do corredor. A cada janela que ele passa, a luz cintila em seu cabelo e o deixa dourado, enquanto as sombras se agarram a seus ombros largos e a seu jeans escuro. Desde que minha mãe morreu eu não quis mais tocar na minha câmera, mas de repente sinto vontade de tê-la agora comigo.

*Eu não sei nem se você vai chegar a ler o meu pedido de desculpas, mas preciso falar isso para alguém. Já faz um tempo que a culpa anda pesando nos meus ombros.
Não por causa de você. Por causa de outra pessoa.
Eu devo desculpas a esse ?alguém?, mas eu o conheço tanto quanto conheço você. Só que não vou ficar agora escrevendo mensagens para dois estranhos. Por enquanto isso é o melhor que posso fazer, e só me resta esperar que essa sensação de culpa passe.*

*Você já ouviu falar do Kevin Carter? Ele ganhou o prêmio Pulitzer pela foto de uma criança agonizando. É uma foto bastante famosa, você talvez tenha visto. Um menininho passando fome no Sudão.
Ele, praticamente pele e osso, descansa no chão de terra.
Uma criança tão pequenina, enquanto um urubu pousa ao seu lado, como se estivesse esperando.
Você entendeu? Esperando. Que ele morresse.
Penso nessa foto às vezes. Naquele momento.
Às vezes me sinto como se fosse a criança.
Às vezes, como se fosse a ave.
Às vezes, como se fosse o fotógrafo, incapaz de outra coisa senão observar.
Kevin Carter se matou depois de ganhar o Pulitzer.
Às vezes acho que entendo por quê.*

? Eu não quis dizer que foi ela que deixou a carta para você.
Demoro um segundo para sacar a entonação dele.
? Rev, se você vai começar a pregar para mim, vou entrar em casa agora.
? Não estou pregando.
[...]
? Então não precisa chamar isso de Deus ? ele fala. ? Chame de destino. Você não acha interessante que, de todas as pessoas que podiam ter encontrado aquela carta, foi você quem a encontrou?

*Para ser bem sincero, estou prestes a amassar esta carta e começar de novo.
Mas não. Como você disse, há certa segurança em escrever para alguém completamente desconhecido. Eu podia ligar o computador, procurar o nome da sua mãe na internet e provavelmente descobrir algo sobre você, mas por enquanto prefiro assim.*

*Semana passada, vi alguém com tanta emoção contida nos olhos que desejei ter a câmera nas mãos bem naquele instante. Eu mal o conheço e só o vi por um minuto, mas é como se um obturador tivesse clicado no meu cérebro. Minha mãe costumava dizer que uma foto não vale nada se não produz uma reação, que é preciso talento para capturar sentimento com uma imagem. Acho que eu nunca tinha entendido de verdade o que isso queria dizer até aquele momento.
Mas eu não tinha uma câmera na hora e, além do mais, não dá para clicar um desconhecido assim sem gerar algumas questões.*

*Às vezes acho que o destino conspira contra nós. Ou talvez o destino conspire conosco.*

*Isso é bem errado, você não acha? Eu devo ter cocô na cabeça para sentir saudade do cara que a matou, não é?
Eu quase usei outra palavra em vez de ?cocô?, mas lembrei do que a sua mãe dizia. Meu melhor amigo é igual. Ele odeia quando eu xingo, então me esforço. Quase sempre.
Mas discordo da sua mãe. Palavras são palavras. Soltar um palavrão não faz de mim um idiota, assim como usar uma palavra difícil não faz de ninguém uma pessoa inteligente.
Só que esses dois tipos de palavra podem fazer alguém parecer um total escroto.
Agora fiquei com a sensação de que devia ter riscado o ?escroto?. Sua mãe provavelmente não ia gostar muito de mim.*

? A bateria descarregou? ? ele pergunta.
Ele parece tão enorme ali parado na minha frente. Engulo em seco e penso na hora em que ele fez um movimento rápido no corredor ? quando achei que fosse cometer alguma agressão, mas estava só pegando a mochila do chão.
? Não sei.
? O que o carro está fazendo?
? Hum. ? Pigarreio. Olho de relance para o painel. ? Nada. Ele só não pega.
? Não acho que seja a ignição ? grita o cara debaixo do capô.
? Valeu, Rev. ? Declan revira os olhos para o céu, então se curva em direção ao carro. Ele está resmungando para si alguma coisa do tipo "ensinei três coisinhas e agora ele virou o perito".

? O que você está fazendo?
Ele não olha para mim e não responde à minha pergunta.
? Onde você mora?
? Acho que isso não é da sua conta.

Eu me abaixo para apanhar os cabos do chão. Depois os estendo para Declan e faço o máximo que posso para que minha voz saia açucarada.
? Muito, muito obrigada por ter aparecido. Eu não queria ter te causado problemas.
Lanço um olhar de culpa para Alan, ainda que por dentro eu esteja tremendo feito vara verde.
? Sinto muito, de verdade. Eu não sabia que ele estava sob toque de recolher. Meu carro não estava pegando, e eu fiquei tão preocupada sobre como iria voltar para casa?

*Comecei 35 bilhetes para você, todos com o mesmo início: ?Tenho 17 anos?. Mas não sei como continuar. Não quero estragar nada. Não quero perder isso.
Eu pareço uma idiota. Seria melhor ficar aqui escrevendo cartas para a escuridão, esperando uma resposta.
Eu nem te conheço, mas sinto que te entendo.
Sinto que você me entende.
E é disso que eu mais gosto nessa história.*

*Não sei qual o sentido dessa história, só talvez o de dizer que às vezes você chega a um ponto em que dói demais, tanto que você quer fazer qualquer coisa para se livrar da dor.
Mesmo que essa coisa venha a machucar outra pessoa.
Acho que eu preciso de um cigarro.
Não, mentira. Odeio fumar. É nojento.
Mas mesmo assim. Preciso de alguma coisa.*

*Você acredita em destino? Às vezes eu queria acreditar. Queria acreditar que todos nós estamos indo em direção a? alguma coisa, e que, por alguma razão, nossos caminhos se entrelaçam. Igual ao jeito que a gente se encontrou. O jeito como você contou a história certa no momento em que eu estava desesperada para ouvi-la.*

*Queria te dizer que os seus comentários sobre o destino me inspiraram. Fiz uma coisa completamente inesperada. Inesperada não só para as pessoas ao meu redor ? acho que a essa altura vir para a escola já é bastante inesperado ?, mas também para mim. Todo mundo vai ver isso como um momento de virada, tenho certeza. Olha só, ela voltou a ser quem era.
O que eles não sabem é que estou completamente apavorada.*

*Não precisa pedir desculpa. Eu deveria te agradecer. Segui o seu exemplo e fiz uma coisa inesperada.
Você tem razão. Foi assustador.
Vamos fazer de novo.*

Então avisto o cara ao lado, e meu coração dispara. Declan Murphy.
Não chego nem a pensar. Giro a lente até achar o foco e aperto o botão.
A câmera emite um leve zumbido, depois um clique e pronto. Tirei uma foto.
Sinto como se tivesse participado de uma corrida. O suor cobre meus dedos e devo estar tremendo.
Aperto alguns botões na câmera, fazendo a imagem aparecer na tela.
Compus a foto para que o enquadramento ficasse amplo, com Declan e seu amigo Rev isolados à esquerda, e as festividades acontecendo à direita.
Fica parecendo a imagem para um panfleto sobre os perigos de se isolar na adolescência ou algo assim. Consigo fazer melhor que isso. Amplio o zoom, procurando detalhes. A linha do maxilar se projetando do capuz. As mochilas no chão. Declan se virando para perguntar alguma coisa a Rev.
Gosto dessa última. Afasto a câmera para olhar a tela. Dá para perceber a confiança no rosto de Declan. Depois de vê-lo interagir com o padrasto, tenho a sensação de que ele não confia em muitas pessoas.
? Talvez você deva tirar fotos do festival ? a Rowan comenta.
? Eu sei ? digo rápido. Ajusto algumas configurações e aponto a câmera novamente para Declan e Rev. ? Eu vou tirar.

? Você está me fotografando?
? É, desculpa. ? Graças a Deus que a alça está em volta do meu pescoço, porque quase derrubo a câmera. ? Estou tirando fotos do Festival de Outono.
? Você é fotógrafa?
A voz dele soa perigosa, quase acusadora. Faço que não rapidamente com a cabeça e balbucio.
? N-não. Eu só? A garota que ia fazer isso não pôde vir. O sr. Gerardi me pediu para substituí-la.
Seus traços se suavizam.
? Ah.

? Apaga.
Puxo a câmera para perto do meu peito.
? Não.
? Por quê? ? a Rowan pergunta.
? Porque eu estou mandando. ? o Declan vem na minha direção e estende o braço.
Dou um passo para trás. Se eu já estava meio assim com a Rowan mexendo nela, imagina se vou deixar o Declan Murphy tocá-la.
? Apaga ? ele vocifera.
A Rowan fica perto de mim.
? Ela está tirando fotos para o anuário. Ela não tem que apagar nada. ? A voz dela está mais alta que o necessário. Tenho certeza de que espera que algum professor a ouça e venha intervir.
? Ela tirou uma foto minha. E se eu estou mandando deletar, é pra deletar e ponto. ? Declan fala violentamente.

*Você vai ao Baile dos Ex-Alunos hoje à noite?
Eu vou.
Espero que isso seja chocante. É chocante para mim, e fui eu que concordei em ir. Uma pessoa me convidou e eu disse sim.
A culpa é toda sua. Eu jamais teria aceitado se não fosse por você e seu desafio para fazer algo inesperado.*

*Diga por favor que você vai estar lá. Sei que a gente não se conhece, mas vou me sentir um pouquinho melhor se souber que não serei a única pessoa na pista de dança com a cabeça zoada.
Especialmente porque foi você quem me mostrou que posso ser normal.
Pelo menos por um tempinho.*

? Gosta de ficar seguindo os outros?
? Gosto, sim ? ele diz em voz baixa e cheio de sarcasmo. ? Estou te seguindo até a mesa do bufê. ? E sai, passando por mim.
? Está indo lá batizar o ponche? ? pergunto.
[...]
? E se eu estiver? Você vai me deter?
? Não ? a Rowan responde ao meu lado. ? Vamos chamar um professor.
? Podem chamar. ? Então ele passa por mim outra vez, joga duas notas de um dólar na mesa à esquerda, e sai com duas garrafas d?água nas mãos.

Fico pensando. Será que, se eu fingir bastante, acabarei acreditando? Uma parte de mim tem medo de que, caso faça isso, acabe esquecendo completamente o que é real.

? Gosta de ficar seguindo os outros?
Ele joga as palavras de volta bem na minha cara. Mando minhas bochechas não corarem. Elas não obedecem.
? Ninguém te contou ainda que fumar mata?
? Jura? Eles deveriam botar isso na embalagem. ? Ele chacoalha o maço para tirar outro cigarro e o coloca entre os lábios.

? O que você está fazendo aqui fora? ? ele pergunta.
? Estava fugindo do barulho.
Ele inspira, deixando a brasa do cigarro vermelha.
? Cadê sua amiga?
? Dançando.
? Com aquele otário da câmera?
Minha cabeça esquenta.
? O Brandon não é um otário.
Declan ri.
? Ah, tá bom.
? Olha só quem está falando.
Ele sopra fumaça pelos dentes, e a intensidade do seu olhar me paralisa. De repente, ele chega mais perto, com a voz baixa e áspera.
? Você não sabe nada sobre mim.
Minha boca está seca, mas a proximidade dele aciona algo em mim, e disparo sem pensar:
? Sei que você é um idiota com antecedentes criminais.

? Para ? grito.
Ele não para.
? Espera ? digo, ofegante e indecisa. ? Me deixa? ? O quê? ? Ele se vira com uma expressão feroz.
Isso faz minha coragem sumir. Meu pedido de desculpas fica preso na garganta.
? Melhor voltar para a pista, princesa. ? As palavras do Declan estão cobertas do mais frio desprezo. ? Você não vai querer que te vejam andando com idiotas.

Escuridão: Você está bem?
Garota do Cemitério: Depende do que você chama de bem.
Escuridão: Sério. Você tá num lugar seguro? Você está fora da estrada?
Garota do Cemitério: Estou no acostamento da rodovia dos Generais. Está chovendo forte, mas os faróis estão ligados.
Escuridão: Você está dentro do carro? Por favor, diga que você não está de pé no acostamento.
Garota do Cemitério: Estou no carro. Tranquei as portas.

Rev se volta para mim com os olhos arregalados.
? O que você está fazendo?
Mal consigo falar com o bloco de gelo que se forma em meu peito.
? Indo para casa.
? Por quê? O que aconteceu?
? Você estava certo. Era uma armação.
? Quê? Quem? Como você sabe?
Não respondo. Preciso focar a estrada. Preciso lembrar que meu melhor amigo está sentado ao meu lado. Caso contrário, sou capaz de dirigir direto para um precipício.
? Dec ? Rev diz, quase sussurrando. ? Fala comigo.
? É o carro dela.
Ele hesita.
? Tá??
Dou uma olhada rápida.
? O carro da Juliet Young. Você não lembra? A gente carregou a bateria dela.
? Tá, mas? Como é que você tem certeza de que é o carro dela?
? Porque eu vi.
Ele fica quieto outra vez, me estudando.
? Você sinceramente acha que ela está armando para cima de você?
? Sim. Não.

? Seu carro quebrou? ? ele pergunta, falando bem alto.
Não, está tudo bem, quero gritar de volta. Vá embora e me deixe aqui.
[...]
? Seu pneu estourou? ? ele pergunta. ? Eu vi borracha na pista.
? Eu já ch-ch-chamei alguém ? digo, me odiando por não conseguir controlar meu tremor. Enrolo meus braços no meu tronco. ? Ele vai ch-ch-chegar a qualquer m-minuto.
Seus olhos estão sombrios e impenetráveis.
? Então você não quer minha ajuda?
? Não. ? Puxo o ar batendo os dentes. ? Estou bem.
Ele me examina por um bom tempo, parado ali na chuva, seus olhos tão congelantes como lá na escola.
? Como quiser ? ele diz por fim, fechando minha porta e indo embora.
[...]
? Espera!
Ele se detém e olha para mim a cinco metros de chuva e escuridão. No fim das contas, ele nem abriu a porta e já estava virado para mim. Será que ele estava voltando para o meu carro? Esse pensamento me desconcerta.
Ficamos ali parados, olhando um para o outro. Gotas d?água caem em meu vestido.
? Sua bateria morreu? ? ele enfim pergunta.
Faço que sim com a cabeça.
? Morreu. ? Hesito. ? Eu não troquei.
? Que surpresa. ? Ele aponta a cabeça para o seu carro. ? Entre aí para ficar quente.

? Você está com medo de mim? ? ele pergunta de repente.
[...]
? Se eu disser que sim, você vai usar isso contra mim?
? Não. ? A voz dele é impassível. É quase um desafio.
Olho para ele.
? Então, sim. Um pouco.

? Quanto tempo faz que você está aqui esperando?
? Não sei. Um tempo.
? Por que você está toda molhada? Você tentou trocar o pneu?
Bufo.
? Não sei fazer isso. Eu estava só tentando entender o que tinha acontecido.
? Pelo que vi dos seus pneus, você tem sorte de não terem sido os quatro de uma vez.
? Você está de brincadeira. E eu estava tão concentrada tentando memorizar a última edição da Quatro Rodas antes de ir para o baile.
Ele parece achar engraçado.
? Estou falando de manutenção básica. É você que está encalhada no acostamento da estrada. Estou até com medo de perguntar se já trocou o óleo dessa coisa.

? Do que você está com medo?
Olho para Declan, mas ele continua concentrado na chuva lá fora. Sua voz está mais baixa, e ele já não parece tão ameaçador como antes.
? Não sei ? respondo.
A cara que ele faz revela uma ponta de julgamento.
? Mentirosa.
Isso é tão bizarro. Ele já não está tão furioso como lá no baile, mas não sei como responder a esse tipo de pergunta. Afasto minhas mãos da ventilação e cruzo os braços.
? Você não tem a melhor reputação. Isso não deve ser surpresa.
? Ah, é? Fale mais da minha reputação.

? Falei para você esperar no carro.
? Então você é um desses caras? Desses que acham que as ?mulherzinhas? têm que esperar no carro?
? Quando a mulherzinha não faz ideia de como seus pneus estão carecas e de como a bateria dela mal daria partida em um cronômetro? ? Ele prende uma barra de ferro a? uma coisa? e começa a girá-la. ? Nesse caso, sim. Eu sou um desses caras.
Meu orgulho esmorece.
? O que você está querendo dizer? ? pergunto, sem demonstrar qualquer emoção. ? Que não quer minha ajuda?
Ele dá um sorriso sentido.
? Você até que é engraçada quando não está se metendo a julgar os outros.
? Você tem sorte de eu não te dar um chute enquanto você está aí embaixo.
Ele desfaz o sorriso, mas mantém os olhos no que está fazendo.
? Experimenta, parceira.

? Como ele ficaria se soubesse que você está me contando essa história?
? Normal. ? Declan me encara, sem mover os olhos de mim. ? Ele saberia que estou te contando por um bom motivo.
Sinto um calafrio.
? Não vou contar para ninguém.
? Eu sei que não. ? Sua voz já não tem mais um pingo de acidez. Ele começa a baixar o macaco, enquanto o observo.
Eu sei que não. Essas palavras carregam confiança, e isso não é algo que eu esperava ouvir dele.

? Que bom ter te encontrado ? comento. Ao meu lado, a Rowan está muda porém inquieta.
? Ah, é?
? É. Eu queria te dizer? ? Hesito, mas o Rev é paciente. Não há nada em seu rosto que transmita pressa. Encolho os ombros de leve. ? Vou apagar aquela foto na segunda-feira. Aquela do Festival de Outono.
Sua expressão parece subitamente paralisada, o que não consigo entender por completo. Não quero deixá-lo desconfortável.
? Você pode avisar o Declan? ? disparo em seguida. ? Sei que isso era importante para ele.
Rev faz que sim com a cabeça, então parece vacilar.
? Eu não acho que ele ligue tanto assim para isso. Você não precisa apagá-la.
? Não?
? Não. Está? tudo bem.

? Posso te falar uma coisa? ? Melado pergunta.
Engulo em seco.
? Claro.
? Um dia não é a sua vida toda, Murph. ? Ele espera até que eu olhe para ele. ? Um dia é só um dia.
Bufo e deixo meu corpo largado na cadeira.
? O que você está querendo dizer? Que as pessoas não deviam me julgar por um único erro? Fala isso para a juíza Ororos.
Ele se projeta sobre a mesa.
? Não, garoto. Estou dizendo que você não deveria se julgar por isso.

? Ei ? cumprimento.
? Ei ? A voz dele sai mais baixa do que eu esperava. Sua presença abre um espaço entre nós. Vou chegar atrasada na sala de aula, mas, por um momento, não quero sair daqui.
? Agora tenho pneus novos ? anuncio. ? E uma bateria nova também.
? Eu notei.
Pestanejo.
? Você notou?
? Quer dizer, notei os pneus. ? Ele levanta um ombro. ? É difícil não reparar no seu carro.
? Ah

? Ei, eu queria te perguntar uma coisa.
Olho em seus olhos. Isto agora é tão diferente de quando estávamos no carro e eu quase me esmaguei contra a porta para ficar longe dele. O corre-corre dos alunos me obriga também a dar um passo mais para perto e sair do caminho. Nunca pensei que estaria tão próxima assim de Declan, trocando palavras como se não estivéssemos em extremos opostos de um espectro.
[...]
? O que você queria me perguntar?
Ele baixa os olhos para nós duas.
? Nada. Não esquenta. ? Ele se afasta, deslizando pela multidão de alunos que se dirige para a porta.

*Acabei de dar uma resposta atravessada para um professor que me mandou guardar o celular. Estou com tanta raiva que vou acabar na detenção.
Não acredito que seus pais te colocaram nessa posição.
Não acredito que sua mãe deixou aquilo continuar.
Não acredito que não sei quem você é, porque neste instante minha vontade é de sair andando pelos corredores até te encontrar, e aí te agarrar e te sacudir e te dizer A CULPA NÃO É SUA. Você está me entendendo? A CULPA NÃO É SUA.*

Certa vez ele disse que minha mãe provavelmente não gostaria muito dele.
Eu acho que ela gostaria demais dele. Ela o acharia fascinante.
Eu o acho fascinante.

? Gosta de ficar seguindo os outros? ? Declan grita.
Mas a voz dele não é cruel. Será que ele está só brincando?
Constrangida, saio de debaixo das árvores e paro no meio do estacionamento, a uns cinco metros de onde eles estão.
? Eu não queria me meter no meio de? sei lá o quê.
? Sei lá o quê? ? Declan dá uma tragada em seu cigarro. ? A gente só está matando tempo.
? Você sabe que não é permitido fumar na área da escola, né?
Ele dá outra tragada e sopra um anel de fumaça.
? Você parece terrivelmente preocupada com o meu consumo de tabaco.
? Eu odeio cigarro. É nojento.
[...]
Quando muito, ele parece surpreso, e joga o cigarro no chão, esmagando-o com o pé.
? Desculpa. Eu não sabia.
Se tivessem crescido asas nele, eu estaria menos chocada. Finjo um ar debochado para encobrir minha surpresa.
? Mas como é que você vai manter sua fama de mau?
? Eu dou um jeito.

? Ainda está com medo de mim?
? Não.
? Então por que está tão longe?

? E eu achava que você estava só posando com o seu Mustang antigo.
O rosto do Declan fica imóvel, e me dou conta de que falei alguma coisa errada.
Rev solta um assobio baixo.
? Acho que ela quer briga.
? Isto aqui não é um Mustang ? diz o Declan. Ele parece ter ficado mais ofendido com o comentário do carro que com o do cigarro.
? Tá bom, e o que é então?
? É um Dodge Charger. ? Ele bufa. ? Não sei por que ainda estou surpreso.
? Para mim, eles parecem todos iguais.

? Aonde vocês vão?
Não sei o que me levou a fazer a pergunta; só sei que não quero que ele vá embora. Toda vez que a vida nos aproxima, esse momento parece destinado a acabar antes que eu esteja preparada.
Rev troca um olhar com o Declan, então sorri para mim por baixo de seu capuz.
? Ser babá. Quer vir com a gente?
? Da Babydoll?
Ele faz que sim com a cabeça.
? Está com medo? ? Declan provoca com um olhar desafiador.
? De jeito nenhum ? minto. ? Vamos nessa.

Eu preciso me recompor. Não é à toa que as pessoas me evitam. Basta alguém me perguntar se quero beber alguma coisa e eu tenho um ataque de pânico.
? Você está bem.
Declan está atrás de mim, sua voz é baixa e suave, do jeito que foi agora no hall de entrada. Ele é tão duro o tempo todo que essa suavidade me pega desprevenida. Pestanejo olhando para ele.
? Você está bem ? ele repete.
Eu gosto disso, da segurança na fala dele. Não é Você está bem? Não se trata de uma pergunta.
Você está bem.

? Desconte no saco de pancada ? Rev sugere. ? É o que eu faço.
Meus olhos se arregalam.
? Sério?
? Faça o que tiver vontade ? diz o Declan. ? Assim que começarmos a fazer alguma coisa mais significativa, a bebê vai acordar.
Rev volta com três refrigerantes.
? Já estamos fazendo uma coisa significativa neste instante.
? Estamos? ? pergunto.
Ele crava os olhos nos meus.
? Todo momento é significativo.

? Calma lá. ? Uma mão agarra meu braço no meio do movimento.
Fico ali, arfando, enquanto o Declan segura meu cotovelo. Suas sobrancelhas estão bem levantadas.
? Então? uau ? ele diz. ? Eu não quero ser sexista nem nada, mas depois do que você falou sobre carros eu não esperava que fosse capaz de dar um soco desses.
Recuo e endireito as costas.
? Desculpa.
? Por que está se desculpando? ? Ele me olha como se eu fosse louca. ? Só não quero te ver quebrar o pulso.

? Abra os olhos.
Faço isso e ele está bem ali, segurando o saco por trás para que não balance. Há quanto tempo será que ele está fazendo isso?
? Chegue mais perto ? ele diz.
Eu me aproximo um pouco, encarando seus olhos azuis.
? Mais perto ? ele repete.
Chego perto o suficiente para abraçar o saco. Estou sem fôlego, mas não acho que seja só pelo esforço.
? Já estou perto o bastante? ? pergunto com a voz suave.
Seus olhos estudam os meus.
? Você não está querendo alcançá-lo.
Quero me fazer de tímida, mas minha voz acaba saindo séria.
? Sou mais forte do que você pensava?
? Você é exatamente tão forte quanto eu imaginava.

? Não sei por que você está tão irritado? ? Eu não pertenço a essa capa. Eu não preciso de uma lembrança eterna deste ano e com certeza não quero que ela esteja embalando a porcaria do anuário de todo mundo. ? Ele dá um soco tão violento no saco que ele rebate nas minhas luvas, mas me recuso a recuar. ? Este é o pior ano da minha vida.
Você entende isso?
O saco agora está balançando, e uso seu impulso para bater de volta para ele.
? Como acha que estou me sentindo? ? Minha voz desafina, e eu não ligo.
? Fui eu que tirei a foto.
[...]
? Que foi? ? Minhas palavras estão fragmentadas. Lágrimas quentes rolam pelas minhas bochechas. ? Você acha que é a única pessoa tendo um ano horrível? Você não sabe nada a meu respeito, Declan Murphy. Baixa a bola.

GC: Eu sei que você está on-line. Por favor, me diga se está tudo bem.
GC: Você está me deixando realmente preocupada. A gente não precisa conversar, só me diga se você está aí.
[...]
E: Estou aqui. Desculpa. Estava escovando os dentes.
GC: Que vontade de bater em você.
E: ???
GC: Eu estava realmente preocupada.
E: Minha noite não está sendo muito boa.
GC: Quer falar sobre isso?
E: Não.

Porque é estranho falar com ele sobre o Declan. O que é ridículo. Mas, ao mesmo tempo, não é. É como falar para um garoto do qual você está a fim sobre outro de quem você também gosta, o que me parece beirar a traição. Ao mesmo tempo, o Escuridão é anônimo, e sinto que ele me entende como ninguém. É também estranho não conversar com ele sobre o Declan.
Isso tudo é estranho.
Estranho e viciante

GC: Você nunca me disse se conhece ou não o Declan. Acabei de perceber que vocês têm muitas coisas em comum.
E: Que coisas?
GC: Vocês dois têm padrastos com quem não se dão bem. Você entende bastante de carros, e ele também.
E: Uau! Que perspicácia, Sherlock. Metade dos caras da nossa escola têm padrastos com quem não se bicam e, só do último ano, deve ter uns 60 garotos que fazem algum tipo de aula de mecânica.
GC: Estou vendo que vocês também compartilham o mesmo comportamento.
E: Chega de rodeios. Você quer saber quem eu sou?

E: Estou sentindo uma hesitação.
Dou uma risadinha. Já faz quase cinco minutos desde a última mensagem.
GC: Você deve ser vidente. Acho que a gente nem precisa dos telefones.
E: Na verdade achei que você talvez tivesse pegado no sono.
GC: Ainda estou aqui.
E: Você não respondeu à minha pergunta.
GC: Não sei. Eu não sei se quero saber quem você é.
E: Sem problema.
GC: Quer falar sobre sua mãe?
E: Não.
GC: Quer que eu deixe você dormir?
E: Não.
GC: Quer continuar conversando?
E: Sim.

GC: Mas não entendo o que isso tem a ver com a droga da foto do anuário.
E: Estou querendo dizer que uma foto é só isto: um momento. Não sabemos o que realmente está acontecendo com as pessoas da foto. E não sabemos o que está acontecendo com o fotógrafo. O que a torna importante é o que nós trazemos para a imagem: nossa hipótese de quem são o vilão e o mocinho. O que a faz importante é como nós nos sentimos ao olhar para ela. E uma fotografia não precisa ser sobre protestos, morte, fome ou crianças brincando em uma zona de guerra para causar impacto.
GC: Então, o que você está dizendo é que eu não deveria me incomodar que a foto vai estar no anuário.
E: Isso.
GC: Tá bom, então.
E: E estou dizendo também que você deveria se orgulhar dela.

Vou até lá, largo minha bandeja na mesa e me jogo no banco ao lado do Rev, de frente para o Declan.
? Ei, Juliet ? diz o Declan com a voz sarcástica de sempre. ? Por que você não senta com a gente?
? Claro. Obrigada

? Daí você pode entender o motivo de eu não querer uma lembrança permanente deste ano.
Ele está se referindo à fotografia.
? Vou dizer para o sr. Gerardi que você não quer a foto na capa.
? Não coloque toda a culpa em mim ? Declan adverte. ? Você não a quer ali tanto quanto eu.
? Verdade ? concordo. ? Não quero mesmo.
? Certo.
? Certo.
? Mas eu quero ? Rev diz.

*Você é o Declan Murphy?
Se você for, não sei se posso continuar falando com você.*

Cada passo que dou é como se estivesse me movendo em areia movediça, mas, em vez de ser tragado pela terra, estou sendo rebocado de volta para a Juliet.
Eu preciso dela. Agora mais do que qualquer outra coisa. Eu preciso dela.
E, por causa de tudo que há entre nós, não posso tê-la.

E: Você está bem?
GC: Eu não sei como estou.
E: O que eu posso fazer para ajudar?
GC: Fale comigo. Se não se importar.
[...]
E: Me importar? Eu poderia falar com você para sempre.

*Não sei se consigo continuar com isto. Você não sabe nada sobre mim.
Você não conhece o meu eu verdadeiro. Você só sabe o que eu contei, mas essa não é a história inteira. É só um retrato instantâneo, igual às suas fotografias. Você fez um julgamento de mim baseado no pouco que viu, e acho que está totalmente errado.
Não sou uma boa pessoa, Garota do Cemitério. Eu não sou bom em cultivar coisas, só em destruí-las.
Você não precisa de mim.
Você merece coisa melhor.*

? Ei ? cumprimenta ele.
Declan mal bate os olhos em mim. Ele espeta seu garfo em um pedaço de pepino.
? Veio gritar comigo um pouco mais?[...]? Até agora a gente já incluiu bêbado e assassino. Que outras acusações você quer fazer contra mim?
[...]
? Eu não te chamei de assassino.
? Quase.
Isso não está saindo do jeito que eu esperava.
? Você pode parar um pouco de ser um babaca e conversar direito comigo?
? Por quê? ? Ele levanta da mesa e se aproxima de mim. ? Sobre o que você quer conversar, Juliet?
Ele parece tão aniquilador. Os momentos de vulnerabilidade que vislumbrei no passado estão escondidos, não se encontra nenhum sinal deles.
Este é o Declan Murphy que todo mundo vê.
? O que você quer? ? insiste ele.

? Desculpa ? falo de um jeito suave.
Ele se curva para a frente com uma expressão incrédula.
? Como é que é?
? Eu disse: desculpa. ? Eu o analiso. Seus olhos estão carregados, como se ele tivesse dormido pouco, e sua pele está áspera, com a barba por fazer. Ele sequer se deu ao trabalho de pegar o barbeador hoje cedo. Uma pequena parte de mim quer tocá-lo, colocar uma mão em seu rosto e sentir seu calor? ou compartilhar o meu. Chego um pouquinho mais perto dele. ? Me desculpa pelo que eu disse.

? Por favor, para. Fala comigo, por favor. Eu preciso? eu preciso? ? Minha voz falha. Meus olhos se enchem d?água, e não estou pronta para toda essa emoção.
Eu preciso de você.

Ele não é completamente insensível. Ele para. Vira. Olha para mim. Pela primeira vez hoje, seus olhos estão carregados de sentimento. Eu me lembro exatamente da mesma expressão no rosto dele quando ele segurou o saco de pancadas. Você é exatamente tão forte quanto eu imaginava.
Eu daria qualquer coisa para que ele me tocasse agora.
Mas isso não acontece.
? Me desculpa também ? ele sussurra.

? Está tudo bem ? digo, embora evidentemente não esteja. Eu a abraço forte, sussurrando contra o seu cabelo. Puxo minhas luvas de trabalho com os dentes e passo a mão em suas costas. ? Está tudo bem.

? Você quer sentar?
Ela funga e balança a cabeça com força.
? Não perto dela.
? Tá bom. Aqui, então. ? Eu a puxo de volta alguns metros, para uma lápide mais antiga que nunca vi recebendo visita. Sentamos, nos encostando atrás da pedra.
Ela ainda continua agarrada a mim. Mesmo quando sentamos, ela se apoia em mim, um peso tépido contra a lateral do meu corpo. A chuva fraca cai das nuvens para esfriar meu rosto e se misturar às lágrimas dela.
? Você quer conversar sobre isso? ? pergunto.
? Não. ? Ela passa a mão no rosto.
? Tá bom

? Eu queria não ter feito aquilo. ? A voz dela falha e ela cai no choro outra vez.
? Calma. ? Meu lábios roçam sua têmpora. Eu queria poder ficar abraçado a ela neste cemitério para sempre. ? O que você não queria ter feito?
Ela se endireita um pouco e afasta do rosto o cabelo úmido de chuva. Seus dedos estão tremendo. Ela inteira está tremendo.
? Minha mãe era fotógrafa. Eu revelei o filme dela. São as fotos que ela tirou antes de morrer. Eu queria não ter feito isso.

? Desculpa por ter perdido o controle.
Eu a encaro como se ela fosse louca.
? Você não tem que pedir desculpa por isso.
? Eu sei? ? Ela hesita, então encontra coragem. ? Eu sei que você não quer mais falar comigo.

? A gente está percorrendo caminhos diferentes ? respondo. ? E o seu vai te levar para fora desta confusão. O meu parece fadado a me conduzir para o fracasso.
[...]
? Como você sabia que eu estava aqui?
? Eu não sabia. Eu te vi. ? O calor invade meu rosto, e aponto para o cortador. ? Eu trabalho aqui. Mais ou menos.
? Serviço comunitário. ? Não há julgamento em sua voz.
Nossos olhos se encontram e sinto querer que este momento se estenda para sempre.
? É.

? Declan.
Eu me mantenho à distância. O feitiço se quebrou.
? Juliet.
Ela, no entanto, encurta a distância e faz ainda melhor. Ela agarra minha camisa e me puxa. Em meio segundo, meu cérebro explode, pois acho que estamos para viver um momento cinematográfico e que ela vai me beijar. E que vai ser superesquisito por causa do pai dela ali.
Mas não, ela só me puxou para cochichar. Seu hálito é quente em minha bochecha, doce e perfeito.
? Estávamos errados ? ela fala. ? Você faz o seu próprio caminho.

*É bem mais difícil escrever isso usando meu verdadeiro nome. Você não faz ideia. Eu reativei a conta do Escuridão, mas agora não é mais a mesma coisa. Aquilo era como se eu estivesse me escondendo. E estava mesmo.
Então aqui estou eu.
Eu devia ter te contado naquela noite no acostamento da rodovia dos Generais. Eu devia ter te contado mil vezes desde então.
Espero que você não pense que eu estava tentando te enganar.
Na verdade era o contrário. Eu estava tentando enganar a mim mesmo.
Eu não estava pronto para abandonar o que a gente tinha.*

*Tem tanta coisa que você não mostra para o mundo, sabia? Acho que deveria mostrar. Dê a eles um novo retrato. Mostre o que você mostrou para mim.
E por falar nisso? e agora?*

? Está a fim de dar um volta? ? ele pergunta.
? Ah? claro.
Então ele me surpreende pegando na minha mão.

? Eu passei a manhã inteira querendo falar com você ? ele diz finalmente.
? Você não mandou e-mail.
Ele faz que não com a cabeça.
? Eu queria falar com você. ? Ele parece desapontado. ? Mas, agora que estou aqui do seu lado, queria poder voltar para o Escuridão.
Entendo exatamente o que ele quer dizer. Sinto um frio na barriga.
? Quer que eu pegue meu telefone?
Ele sorri.
? Vou guardar isso como último recurso.

? Eu preciso te dizer uma coisa ? ele fala.
? Você pode dizer quantas quiser.
? Desculpa por todas as vezes que fui cruel com você. Estou tentando melhorar isso.
Eu me sinto zonza, embriagada com sua proximidade.
Seu polegar roça meu pescoço num ritmo suave.
? Eu gosto de você.
? Eu também gosto de você.
? Eu já gostava de você desde aquela manhã em que você trombou em mim.
Dou uma risadinha e tento empurrá-lo, mas ele usa o movimento para nos aproximar ainda mais.
? Gostava nada ? eu falo.
? Gostava, sim ? ele sussurra, e agora seus lábios roçam minha bochecha.
? Eu lembro que pensei: ?Parabéns, mané. Mais uma menina para a lista das pessoas que te odeiam?.
? Eu não te odeio. Eu nunca te odiei.
? Ah, isso é muito reconfortante

? Você deveria trabalhar escrevendo cartões de dia dos namorados.
? Todas as minhas futuras cartas de amor vão começar com ?A quem possa interessar?.
? Você vai me mandar futuras cartas de amor?

? Você foi a primeira pessoa a me ver por inteiro, Juliet. A primeira pessoa que me fez sentir que eu valia mais que uma reputação e uma ficha de antecedentes criminais. Essa é a parte difícil de perder a Garota do Cemitério.
Eu não sei se alguém vai me olhar assim de novo.
Recuo e coloco as duas mãos contra o peito dele, então as deslizo para cima até encontrar seu maxilar.
Ele desvia o olhar.
? Eu vejo você por inteiro ? digo. ? E é assim que estou olhando para você agora.
Ele pega minha mão, põe sobre o seu coração e a segura ali. Seus olhos se fecham.
? Você está me matando, Juliet.
? Olha para mim ? eu peço.
Ele olha.
? Você não vai conseguir fazer seu próprio caminho de olhos fechados ? eu provoco.
? Vamos ver. ? Ele então se inclina e captura minha boca com a dele.
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Zonzini 11/01/2023

Top 1 dos meus top 3 livros fav
Eu comprei esse livro por 15 reais de uma amiga e eu demorei meses pra ler ele, quando comecei a leitura foi rápida, recomendo ele para ressaca literária. Ele é um romance incrível e tem uma história muito interessante, eu não consegui parar de ler e quando acabou fiquei sem rumo. É um livro pra chorar, vale ressaltar isso. Se você gosta de enemies to lovers, leia esse livro, vai ganhar seu coração
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aissamamede 09/01/2023

não farei uma resenha, apenas considerações
1- o livro não gira em torno de um casal romântico, logo não é daqueles amorzinhos água com açúcar.

2- fala muito sobre, perda, luto, superação e como cada um lida de uma forma diante dessa situações

3- leitura rápida e fácil
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gabicostaaz 09/01/2023

O livro que eu tenho um apego e carinho enormeee.

Uma pena ele não ser tão conhecido como deveria ser.
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