Lina DC 11/07/2020Narrada em terceira pessoa, a história fala sobre dois jovens completamente diferentes, mas que tem muito em comum. A história se passa em 1986 em Flats, um bairro considerado de baixa renda na época.
Park Sheridan é um adolescente quieto e tranquilo. Filho de um casal mestiço (o pai é um veterano de guerra e a mãe é coreana - os dois se conheceram no exterior e o pai de Park a trouxe para os Estados Unidos) e com um irmão mais novo, o Josh, a rotina de Park é calma e cheia de atividades, como por exemplo, o tae kwon. Apesar de ser um bom filho, a dinâmica entre Park e o pai nem sempre é das melhores, pois o adolescente tem a impressão de estar sempre decepcionando o pai por não ser "mais" - mais corajoso, mais determinado, mais empenhado.
Os pais de Eleonor são divorciados e seu pai nunca foi um homem apegado aos filhos. O pouco tempo que ele dedicava a Eleonor era para criticar o seu peso. Com o divórcio, a mãe de Eleonor casou-se novamente, com Richie, um verdadeiro perdedor. Richie vive bebendo e agredindo a mãe de Eleonor, que aceita tudo quieta. Richie até mesmo expulsou Eleonor de casa e agora que ela retornou, sabe que precisa se passar por invisível para sobreviver em um quartinho que divide com os outros três irmãos.
A família de Eleonor é desestruturada, emocionalmente abalada e vive em uma situação de pobreza, onde a adolescente precisa usar roupas encontradas em brechós ou em qualquer outro lugar. Eleonor não tem muitas opções, sendo assim, sempre chama a atenção com o cabelo ruivo, seu tamanho e as roupas excêntricas.
E é no primeiro dia de aula que Eleonor entra no ônibus do colégio e automaticamente se torna um alvo e acaba dividindo o banco com Park. O que começa sendo um grande incomodo para os dois, vai se tornando uma amizade silenciosa, com trocas de HQs e músicas. Park não faz ideia de quanto esses tesouros que empresta para Eleonor são preciosos, já que a garota vive uma vida doméstica tumultuada.
''E se Park percebesse que todas as coisas que ele achava tão misteriosas e intrigantes nela fossem apenas... tristes ?''
Park tem uma personalidade branda, até mesmo submissa e acaba se encantando com Eleonor, por ela não se importar com a opinião alheia, por usar roupas diferentes e por ter opiniões fortes. Essa dinâmica vai se aprofundando e os dois vão desenvolvendo sentimentos um pelo outro.
“Segurar a mão de Eleanor era como segurar uma borboleta. Ou um coração a bater. Como segurar algo completo, e completamente vivo.”
É necessário ressaltar que o livro tem personagens bem estereotipados. Park e sua mãe são exemplos disso, mas também temos o vizinho Steve e sua namorada Tina, que representam os valentões da escola. Steve é descrito como um idiota e Tina, uma garota baixinha e cruel. Não sei se foi intencional por parte da autora deixar os personagens assim para reforçar a visão de um bairro de maioria branca e pobre (principalmente por conta da descrição da mãe do Park).
"Eleonor & Park" é uma obra que desperta nostalgia, pois nos traz uma série de músicas e bandas maravilhosas e deixa o leitor com um sorriso no final da leitura.
“... – Pode me perguntar por que preciso de você – ele sussurrou. Nem precisava sussurrar. No telefone, ali no escuro, bastava mover os lábios e soltar o ar. – Mas não sei. Só sei que preciso... Sinto sua falta, Eleanor. Quero ficar com você o tempo todo. Você é a garota mais inteligente que já conheci, a mais engraçada, e tudo que você faz me surpreende. E gostaria de poder dizer que esses são os motivos pelos quais gosto de você, porque isso me faria parecer um ser humano muito evoluído... Mas acho que tem mais a ver com seu cabelo ruído e suas mãos macias... E com o fato de que você ter cheirinho de bolo de aniversário.”
Apesar dos clichês, o livro trata de assuntos muito delicados como a violência doméstica, o bullying e o abuso de forma geral. Vale ressaltar que a trama se passa na década de 80, então a cultura era diferente da dos dias de hoje.
" A parte mais enlouquecedora era Eleanor querer que Park a tocasse de novo.Queria que ele a tocasse constantemente.Até se isso o fizesse entender que ela era parecida demais com uma morsa para ser sua namorada...De tão bom que era. Ela sentia-se como um vampiro que provou sangue humano e não quer saber de outra coisa. Uma morsa que provou sangue humano."
site:
http://www.alempaginas.com/