Livros da Julie 22/05/2024Vou sentir saudades dessa série...-----
"duas semanas na mesma companhia, não importava o quanto ela fosse agradável, poderiam muito bem se provarem enervantes."
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"rir à própria custa começava a cansar depois de algum tempo."
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"estar só não era o mesmo que ser solitário. Não era motivo para autopiedade. (...) Estar na companhia de outros muitas vezes podia ser menos tolerável do que estar só."
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"Todos temos nossos destinos a viver."
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"A felicidade era um bem tão raro..."
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"por que deveria esperar infelicidade e, como consequência, acabar atraindo isso para si? Por que simplesmente não se divertir?"
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"Se houvesse uma solução prática em uma das mãos e um sonho na outra, por que escolher a solução prática? Só porque era sensato? Por que não escolher o sonho? Por que não viver perigosamente?"
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"[paisagens de inverno] Têm a aparência da morte, mas todo o potencial de ressurreição. É possível entender todo o poder, o mistério e a glória da vida durante o inverno."
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"Deve ser terrível ser acusado de um pecado quando se é culpado. Quando se é inocente, é intolerável"
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"Nem sempre conseguimos enxergar acontecimentos ou pessoas de forma objetiva quando nosso irmão está envolvido. (...) nenhum vínculo é mais forte que o sangue."
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"As crianças sempre escolhem as pessoas certas para amar."
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"Com muita frequência, os planos mais diabólicos e mais bem-sucedidos são os mais simples."
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"O silêncio entre duas pessoas não precisava ser algo desconfortável (...) Não quando havia certa harmonia mental."
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"Como não admirar um homem para quem o dever e a responsabilidade eram tudo na vida?"
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Ligeiramente perigosos é o sexto e último livro da série Os Bedwyns e também o sexto da leitura coletiva das obras de Mary Balogh, promovida pela @peculiareslivros.
A última coisa que Christine queria era comparecer à festa que a amiga iria oferecer e encontrar os familiares de seu falecido marido. Contudo, haveria um desequilíbrio no número de homens e mulheres se Christine não fosse, e ela, sempre disposta a ajudar, aceitou o convite.
A amiga tinha razão para ficar aflita, pois o cavalheiro a mais era justamente o altivo duque de Bewcastle, Wulfric Bedwyn. Ele vinha se sentindo sozinho ultimamente, com todos os irmãos já bem encaminhados, felizes em suas respectivas famílias, e especialmente após o falecimento de sua amante de longa data. Apesar de não ser do seu feitio, ele acabou se deixando convencer a participar deste que prometia ser o maior evento fora da temporada londrina.
Wulfric não possuía outra intenção além de socializar com seus amigos. No entanto, a beleza e o jeito despretensioso e vivaz de Christine chamaram sua atenção. Ela, por sua vez, já havia experimentado o lado maldoso da aristocracia e não pretendia encorajar flertes, ainda mais de um nobre tão frio e arrogante, mas foi incapaz de resistir à sua imponente presença.
Eu estava mais do que ansiosa pela história do famoso Duque de Bewcastle, esse personagem misterioso, impassível, justo e sagaz, que aprendemos a admirar ao longo da série e com quem mais me identifiquei. Ele conduz o ducado com rigor e está longe de ser o Bedwyn mais cativante, porém é o primeiro a oferecer apoio aos irmãos, sendo peça fundamental na solução dos problemas da família.
Foi uma pena descobrir que sua antiga amante não seria o seu par romântico, mas foi surpreendente vê-lo se interessar por alguém tão diferente de si. Christine é extremamente espontânea, impulsiva e franca. Ela tem perfeita ciência do que reza a etiqueta, mas suas emoções falam mais alto que a razão, tornando-a imprevisível. Sua falta de discrição causa tanto fascinação quanto desprezo. Ela é alvo constante do julgamento alheio por não agir de forma "apropriada" e não se adequar ao que é esperado pela sociedade, e isso é mais do que suficiente para angariar a simpatia e a solidariedade do leitor.
Tantas regras foram incutidas em Wulfric durante sua formação que ele se sentia dividido entre cumprir seu dever desposando alguém da mesma classe, que seguisse a cartilha da nobreza à risca, ou ignorar os próprios preconceitos e escolher quem o fizesse feliz. Esse conflito interno dá vida ao desenrolar da atração entre o casal, apesar das personalidades opostas.
Como as demais obras de Mary, essa não contém um enredo intrincado ou cheio de reviravoltas. Seu ritmo é lento e os personagens secundários não possuem grande relevância. Ainda assim, a autora nos cativa com uma história satisfatória e envolvente, costurada pela paixão latente que emana entre os protagonistas e que prende a atenção até o fim.
Eu não estava preparada para me despedir dos Bedwyns, mas adorei o final da série. O último volume faz justiça a essa família incrível, relembrando passagens dos livros anteriores e reunindo os irmãos. É um romance que nos ensina a derrubar muros e derreter corações endurecidos, que nos mostra que todos são dignos de ser amados. O amor transforma, cura, acalenta, ilumina. Ele mora nas coisas mais simples, basta saber procurar e se entregar.
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