Larissa | @paragrafocult 15/08/2020
"O passado se fora, e o futuro era imprevisível."
Nunca escondo o meu amor por clássicos do terror e o desejo de conhecer cada vez mais obras. Tenho uma listinha onde anoto todos os livros clássicos que li ou quero ler e esse era um dos principais da lista e olha que nunca nem mesmo assisti ao filme de 1976 com o maravilhoso Gregory Peck. Porém já sabia da premissa e do enorme sucesso do filme que teve várias sequências e por isso queria ler o livro para em seguida me deliciar com o filme.
Porém, para a minha tristeza, o livro estava fora de catálogo há quase trinta anos aqui e em vários países devido a problemas dos quais eu não entendi muito bem. Por conta disso, é bem difícil de encontrar um exemplar. Até que um dia, assistindo aos vídeos novos do canal Pipoca & Nanquim do qual gosto muito, fiquei sabendo que eles iriam lançar a obra do jeitinho que eu gosto: capa dura e linda, interior da obra caprichado e até um posfácio escrito pelo próprio autor para seu lançamento. Já fiquei doida porque queria muito ler então assim que o livro finalmente chegou, respirei fundo e enfiei a cara por entre as páginas.
Porém, para a minha tristeza, o livro estava fora de catálogo há quase trinta anos aqui e em vários países devido a problemas dos quais eu não entendi muito bem. Por conta disso, é bem difícil de encontrar um exemplar. Até que um dia, assistindo aos vídeos novos do canal Pipoca & Nanquim do qual gosto muito, fiquei sabendo que eles iriam lançar a obra do jeitinho que eu gosto: capa dura e linda, interior da obra caprichado e até um posfácio escrito pelo próprio autor para seu lançamento. Já fiquei doida porque queria muito ler então assim que o livro finalmente chegou, respirei fundo e enfiei a cara por entre as páginas.
Quando uma gravidez finalmente parece vingar, tudo fica bem. A mulher está em Roma para dar a luz a seu filho e Thorn vai prontamente para o seu encontro. Ele está apreensivo, já que sabe que se acontecesse algo de errado durante essa gravidez, a probabilidade de sua mulher não aguentar a dor de mais uma perda seria enorme.
Assim que chega ao hospital, um padre do local, Spilletto, lhe conta o pior: seu filho está morto e sua esposa está sedada. Seu mundo parece cair, porém o padre lhe apresenta uma solução: sua esposa precisa de um filho e coincidentemente eles tinham ali um bebê que acabara de nascer, que tinha as mesmas características que o casal e que estava sem mãe, já que ela havia morrido durante seu parto.
Querendo o bem de sua mulher e com medo de perdê-la, ele toma a decisão de ficar com a criança. Ninguém além dele e daquele padre saberiam da troca que havia ocorrido ali naquele dia escuro. Robert Thorn sente um certo peso na consciência mas ele quer o melhor para sua esposa.
Depois disso, quatro anos se passam e a família se tornou um exemplo de família perfeita de capa de revista já que são pais bonitos, ricos e sorridentes junto de uma criança perfeitamente angelical da qual chamaram de Damien. O garotinho é lindo porém estranhamente calado e recluso, parece observar tudo com seus olhos afiados.
Após a fatídica festa de aniversário de quatro anos de Damien, coisas estranhas começam a acontecer, virando a vida de toda a família de cabeça para baixo e mexendo completamente com a cabeça dos pais do garoto, fazendo Thorn pensar que deveria ter procurado saber mais sobre a família do menino e o levando a suspeitar que aquela criança traz algo sombrio junto de si.
Admito que apesar do livro ser taxado de terror, eu não senti medo. Para mim ele foi mais como um suspense que me fez "lutar" para não cair na tentação de avançar as páginas e espiar o que aconteceria. É o tipo de obra que deixa o leitor curioso e apreensivo. Apesar de toda a profecia ao redor do anticristo, Damien é apenas uma criança de quatro anos. Ele é o vilão mais inocente que eu já vi em algum livro ou filme de terror, o que sai um pouco daquele clichê onde as crianças dos filmes de terror tendem a ser assustadoras e detestáveis.
O terror ali para mim foi mais psicológico. A família perfeita vai se deteriorando e você vai notando como Thorn luta contra sua própria mente e lógica ao perceber que seu filho não é apenas uma criança comum. Sua cabeça vai se tornando um desastre assim como a sua vida. Tudo começa a desmoronar.
Finalmente percebi a razão da obra ser tão aclamada. O final me tirou o fôlego e me pegou de guarda muito baixa porque eu realmente não esperava por tal desfecho fora do comum. Fiquei tão chocada quando finalizei a leitura que já parti em seguida para um romance leve e quente para amenizar a minha mente após uma leitura tão profunda que fala sobre o apocalipse, anticristo e profecias.
Como uma grande fã do terror, posso afirmar que A Profecia não perde para nenhuma obra do gênero e merece a fama que tem. Se não me engano foi ela junto do filme que popularizaram o número 666 como o "The number of the Beast", como dizia o Iron Maiden. O livro de certa forma assusta a gente sendo que o tinhoso em si não aparece nem ao menos através de uma sombra. O medo e tensão no ar já se encarregam de tudo. A forma como o autor pegou referências sobre a chegada do anticristo no livro de Apocalipse e conseguiu conectar tudo com acontecimentos atuais é genial.
Os personagens secundários também são muito bons. Kathy é uma mulher que apesar dos problemas psicológicos, tenta o melhor para deixar o filho feliz, Jennings que é um fotógrafo de imprensa que ajuda Thorn em sua busca pela verdade, de início não me cativou muito por conta de sua personalidade mas depois se mostrou melhor do que eu imaginaria que seria de início, sacando muita coisa bem rápido e sendo mais inteligente do que aparenta. Os padres Tassone e Spilletto são bizarros e a Sra. Baylock, a estranha babá de Damien, apenas ajudam a incrementar ainda mais a história.
Ah, já ia me esquecendo. O livro tem algumas cenas gráficas de violência com adultos, animais e crianças, além de suicídio. Estou avisando porque sei que isso pode ser um gatilho para algumas pessoas então se não gosta disso, evite a obra, ok?
A edição da Pipoca & Nanquim também é maravilhosa. Amei demais a capa dura, com uma ilustração em preto que é uma referência direta ao Damien do filme de 1976, com o nome como fumaça (acho que em referência as formas esfumaçadas que aparecem nas fotos de Jennings). O interior também é bem caprichado, com um posfácio escrito pelo autor para a edição brasileira, junto de uma parte do roteiro do filme e uma ilustração maravilhosa em preto e branco. Sem contar que a fonte é de um bom tamanho.
Se você gosta de terror e suspense, principalmente daqueles que te fazem roer as unhas, A Profecia é uma ótima pedida. Mas não se deixe cativar por Damien, como diz o cartaz do filme antigo: "Você foi avisado!".
site: https://paragrafocult.blogspot.com/2020/08/resenha-profecia-de-david-seltzer.html