Um Teto Todo Seu

Um Teto Todo Seu Virginia Woolf




Resenhas - Um Teto Todo Seu


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priscillacarriel 15/10/2019

Um clássico que apesar de ser um livro pequeno, demorei uma semana pra ler por conta dos termos rebuscados que deixam o livro um tanto quanto cansativo. Virginia relata as dificuldades que as mulheres encontram pra produzir literatura, como são cerceadas e podadas pelos homens e pela sociedade no geral, o que faz com que artistas maravilhosas sejam sabotadas e se auto-sabotem, ao passo que os homens, quando são confrontados por mulheres que subvertem a lógica patriarcal, precisam auto-afirmar sua superioridade.
Uma obra muito boa, que não recomendo como entretinimento, mas recomendo como livro didático, para que entendamos que a supremacia masculina afeta todos os âmbitos da vida das mulheres.
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Phelipe Guilherme Maciel 03/10/2019

Recomendo que leiam físico e escutem o maravilhoso trabalho do U Book na narração do audiolivro.
Um livro importantíssimo que não apenas as mulheres, todos devem ler. Woolf cita em seu livro grandes nomes femininos na literatura e imagina a dificuldade que foi para elas serem quem foram, e o quanto mais poderiam ter contribuído à humanidade, não fosse o machismo que enfrentaram em sua época. Ela cria a teoria que se você der um teto (um espaço) só para a mulher, totalmente da mulher, (pois elas vivem sendo inconvenientemente atrapalhadas sem ter momentos apenas delas), e 500 libras anuais (liberdade financeira, no caso), elas poderiam fazer coisas fantásticas. Disserta sobre como seria se Shakespeare tivesse uma irmã em seu tempo, se ela poderia ter escrito as coisas maravilhosas atribuídas a ele, alude ao fato de que a literatura feminina sempre é menosprezada como algo fútil e menor, e como as personagens femininas são fúteis ou subservientes, servindo apenas de par amoroso, sem qualquer densidade nos grandes romances, entre tantas outras coisas. Que livro delicioso
Vinny Britto 22/10/2019minha estante
Nunca li nada dela. Esse seria um bom início para mim?


Phelipe Guilherme Maciel 22/10/2019minha estante
Vinny, eu nunca tinha lido nada da Virginia Woolf também. Foi um excelente início para mim. Existe uma narração fabulosa desse livro no UBook, aplicativo de audiobooks, que vira e mexe fica gratuito. Talvez seja uma boa porta de entrada para ela.




Gio 28/08/2019

Um ensaio além e dentro de seu tempo
Ninguém pode questionar a habilidade de Woolf em escrever e principalmente que a mesma foi uma autora além do seu tempo. Esse livro mostra muito sobre isso, em como seus questionamentos, suas divagações, seus argumentos, suas palavras, são todas amostras do que mulheres passam até hoje, inclusive o posfácio desse livro complementa exatamente isso. Todos os livros de Woolf são repletos de vida e pensamentos, uma escrita única, e nesse ensaio ela deseja que cada mulher que possa vir a escrever tenha essa mesma habilidade. É inspiradora, mostra que sem luta não iremos atingir um ideal que mostre as pessoas que o que devemos buscar é a igualdade.
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Coruja 21/08/2019

Reli esse ano Um Teto Todo Seu numa nova edição, com posfácio da crítica Noemi Jaffe, aproveitando a deixa do artigo sobre livros de crítica literária que escrevi no aniversário do blog. Cheguei à conclusão de que minha memória não fazia jus ao quanto esse livro - que é a junção de duas palestras dadas em escolas femininas de Cambridge em 1928 - foi uma influência pra mim, especialmente na minha vontade de escrever, que terminou sendo a força motriz para criação do Coruja.

Para falar àquelas mulheres, que começavam a ter o direito ao ensino superior, Woolf incorpora uma personagem que, visitando Oxford, primeiro nota as diferenças entre o acesso de alunos e alunas em suas respectivas universidades: aos homens, é facultado frequentar os grandes e mais prestigiosos colégios, a caminhar pelos gramados verdes e visitar a biblioteca. Às mulheres, resta uma faculdade pequena e pobre, que sobrevive com esforço, sem louças finas, lautos jantares e jardins frondosos. Considerando que boa parte da verba dessas faculdades vem de doações de ex-alunos, não é uma surpresa que o prédio dedicado aos estudos femininos tenha dividendos menores. Daí, a autora volta a Londres e decide pesquisar no Museu Britânico - espaço mais democrático que as bibliotecas oxfordianas - sobre o que já se escreveu sobre o universo feminino... e descobre que há um excesso de fontes de pesquisa. Curiosamente, contudo, todo o material que ela encontra foi escrito por homens - e homens que são de opinião quase universal de que a mulher é um ser, naturalmente, inferior a eles. Inclusive em talento literário.

É a partir dessa premissa que Woolf desenvolve seu argumento de que, sem um espaço próprio particular - o teto todo seu do título - e alguma independência financeira, não é possível ser criativo. E, como no contexto da época, raras eram as mulheres que somavam esses dois critérios, explica-se o fato de haver tão poucas autoras conhecidas nos meios literários, em contraste com a verdadeira verborragia do sexo masculino. A pena ferina de Woolf passeia pela luta por direitos (estamos em tempos de sufragistas e claro, há toda a questão do acesso à educação) e por uma cultura de ressentimento que atinge tanto as mulheres escritoras (que estão sempre gritando para se fazerem ouvidas) como os homens autores (incomodados com o avanço feminino em suas tradicionais esferas de influência). É uma leitura a um tempo deliciosa, instigante e incômoda, que permanece válida a despeito de todas os direitos conquistados desde sua publicação.


site: https://owlsroof.blogspot.com/2019/08/o-resumo-da-opera-pilhas-de-livros-para.html
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Leiliane R. Falcão 06/08/2019

O que eu faço com dinheiro e um teto todo meu?
Se tiver que ler apenas um texto feminista em toda sua vida, leia este. Um livro lúcido e infelizmente, extremamente atual.
Drica 06/08/2019minha estante
Estou tentando iniciar, pois estou lendo alguns livros antifeministas e gosto de ler as duas faces da moeda e tirar minhas próprias conclusões. Valeu pela indicação!


Leiliane R. Falcão 19/08/2019minha estante
Acho que será um livro excelente para você. Ele não levanta bandeiras (ao menos não senti isso), mas explana de maneira muito lúcida o lugar da mulher que tentou se intelectualizar no século XIX.




Jupiter 26/07/2019

Pensamento brilhante. Uma volta pela história das mulheres e sua luta por direitos, desde que possui-los eram um sonho. Além disso, conta como a situação das mulheres em sua época e anteriormente foram capaz de influenciar a literatura feminina.
Jupiter 26/07/2019minha estante
O único problema dessa obra quase perfeita é uma visão um tanto excludente de algumas conjunturas, como a das mulheres negras por exemplo, que precisariam de mais do que o descrito pela autora para escrever ficção: existiam outras barreiras.




Stefânea 26/06/2019

"Mas o que acho deplorável é que nada se saiba sobre as mulheres antes do século XVIII. Não tenho um modelo sequer para me basear nisso ou naquilo. Aqui estou eu, me perguntando sobre por que as mulheres não escreviam poesia durante a era elisabetiana, e não tenho certeza do que elas faziam das oito da manhã até as oito da noite."

Publicado em 1929, essa obra é um marco histórico, visto que foi pioneiro ao tratar da condição feminina e da condição da escritora dentro da sociedade, visto realmente do ponto de vista de uma mulher. Nesse livro, Virgínia Woolf para pra teorizar sobre a desigualdade gritante que existia, no início do século XX, entre homens e mulheres. Situação que persiste até hoje, sem dúvidas.

O ponto mais legal do livro, na minha opinião, foi o fato da autora ter criado uma personagem e através dela destrinchar os questionamentos do livro. Logo, mesmo sendo um livro de não ficção, o leitor acaba se sentindo em meio a uma história onde a Mary, a personagem, quer pesquisar, estudar e entender, mas por vários meios é impedida disso e, portanto, tem dificuldade em descobrir respostas para suas buscas.

Por que havia pouca poesia escrita por mulheres? Por que a maioria dos clássicos foram escritos por homens? Por que há poucos livros de crítica literária escritos por mulheres? Ao discorrer sobre essas questões e ir atrás das respostas, Mary vai dando tapas na cara do leitor, e expondo que tudo se trata do machismo irraizado e dos privilégios financeiros.

Woolf teoriza e analisa teóricos com uma força bruta, porém singela. Vai desmistificando algumas coisas e nos fazendo pensar sobre outras. Obra necessária, apenas

"Para onde se olhasse, homens pensavam sobre as mulheres, e pensavam diversamente. Era impossível encontrar sentido em tudo aquilo."
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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 06/06/2019

Já Li
"Um Teto Todo Seu" na realidade é a transcrição de um ensaio de 1929, baseado em duas palestras que ela deu na Newnham College e na Girton College, ambas escolas para mulheres dentro da universidade de Cambridge. Ambas as escolas solicitaram que Virgínia, já uma escritora de renome na época, falasse sobre o papel da mulher na ficção.
Para entender a força destas palestras, é preciso compreender, antes, o contexto social daquela época. Primeiro, notem que as mulheres tinham escolas separadas dos homens dentro de Cambridge e poucas opções lhes eram dadas - nada de Engenharia, Matemática ou Direito. As mulheres tinham acabado de conquistar o direito de estudar mas só podiam optar por Artes, Letras e cursos similares que, na ocasião, não eram vistos como formações profissionalizantes. Ou seja, as mulheres tiveram que lutar para serem educadas, mas ainda não podiam ter carreira nem dinheiro.
Com este absurdo me dando um nó no estômago, continuemos.


Assim, naquelas palestras, Virgínia se dirigia a mulheres que eram consideradas revolucionárias. Elas tinham a coragem de estudar em uma época que isso era mal visto para as mulheres. Afinal, elas deviam estar casando e tendo filhos, por que raios queriam algo a mais para suas vidas? Mas elas queriam!
Além disso, ali naquele público surgiram nomes muito importantes para a luta feminista, como sufragistas por exemplo.
Virgínia fala sobre temas muito relevantes mesmo nos dias de hoje, e separei os que mais me chamaram a atenção:

O acesso da mulher à educação: Durante muito tempo, apenas os homens podiam ir para a escola e para a universidade. Consequentemente, eram também eles que dominavam o mercado de trabalho, já que as mulheres eram tidas como "burras" e "desinteressadas". Virgínia expõe que essa visão de mundo era muito conveniente ao patriarcado que, ao isolar as mulheres dentro de casa e não lhes dar poder econômico, não precisava ter medo de perder seu poder. Notem que Virgínia falou isso há quase cem anos atrás e, atualmente, nós continuamos na luta por estes direitos iguais.


Lesbianismo: sim, Virgínia falou sobre esse tema, no início do século 20 quando as mulheres ainda eram consideradas propriedades de seus maridos. Eu mal consigo imaginar o tamanho da coragem desta mulher. E ela fica incomodada ao perceber que sua plateia, "algumas das mulheres mais brilhantes e libertárias de sua época", ficaram constrangidas quando ela traz o assunto. Virgínia era muito, muito à frente de seu tempo.

O tal do teto: Virgínia fala que a mulher não tem um teto para chamar de seu, nem fisicamente e nem metaforicamente. O teto que elas tem sobre suas cabeças são propriedade de seus pais ou maridos, mas jamais delas. E o teto metafórico diz respeito ao lugar da mulher na sociedade, com direitos iguais aos dos homens e perspectivas de futuro e evolução.

Eu leio Virgínia desde que tenho uns dezesseis anos e posso dizer, com um certo orgulho, que ano passado concluí e li todos os livros publicados por ela. Me faltava, apenas, ler estes ensaios. Aos poucos, conforme ganhou força, Virgínia foi se tornando uma escritora cada vez melhor. Se, no começo, ela era comedida em suas críticas, a cada obra ela foi ficando mais desafora e abusada.

No entanto, o que me parte o coração é pensar que ela se suicidou como consequência dessas pressões que a sociedade da época lhe impunha. Não consigo evitar de pensar que, se Virgínia estivesse viva hoje em dia, ela seria um enorme ícone ativo e operante da luta feminista. Só nos resta homenagear essa mulher maravilhosa, que me inspira todos os dias.

site: https://perplexidadesilencio.blogspot.com/2019/06/literatura-de-res-peito-um-teto-todo.html
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Flavio Franco 20/05/2019

Ler "Um Teto Todo Seu" só me faz ter certeza de que a mente, de forma alguma está condicionada à época que vive. Virginia Woolf tem uma visão clara e precisa da forma inferior a que a mulher foi e é (sim, ainda hoje!) tratada fisica, psicologica e moralmente. O mais curioso é que Virgínia, enquanto mulher em pleno século 20, já tinha uma visão fora da caixa sobre coisas anormais que a maioria das mulheres só consegue ver (ou entender) agora. Foi isso que moldou a sua genialidade enquanto escritora.
Sou um homem, e pra mim foi um soco no estômago perceber o quanto nossa raça foi e ainda é privilegiada por ideologias reducionistas em relação a mulher, e que mais traduzem o medo do homem de se sentir inferior do que qualquer outra coisa.
É um livro que também clareia muito a questão da oportunidade e justiça. O quanto eu posso fazer frente aos recursos e disponibilidade que eu tenho? Exemplifica com Jane Austen, que em uma época onde as mulheres escritoras eram objeto de escárnio, compos suas obras primas, mesmo com todas as dificuldades da mulher escritora de sua época. Mas como competir num mundo de Tolstois e Shakeaspeares, onde, mesmo havendo todas as condições para a escrita, nada do que fosse produzido seria levado a sério? A exemplo das mulheres que nos primórdios do teatro, almejavam a atuação e eram rebaixadas, por não serem consideradas seres dignos de produção da arte.
De sua publicação até hoje, muito mudou, a passos lentos mas mudou. Ainda assim creio que mesmo sendo lido daqui ha 50 anos, o texto infelizmenfe continuará eficaz.
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Nós Literários 29/04/2019

Um teto todo seu
Livro: Um teto todo seu
Autora: Virgínia Woolf
Editora: @tordesilhaslivros
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Nunca tinha lido Virgínia Woolf e vou iniciar esta resenha afirmando que me surpreendi do início ao fim, por dois motivos: 1. Não é um livro de ficção e de cara você já é surpreendida pela autora ao ler os parágrafos iniciais deste grande ensaio. 2. O livro trás como contexto principal o Feminismo.
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O livro nasceu após duas palestras ministrada pela própria autora chamadas de "As mulheres e a ficção" , com uma plateia exclusivamente feminina na cidade de Londres em 1928. Neste livro também iremos fazer um passeio breve pela bibliografia extensa da escritora (Passeio ao Farol, Orlando, Mrs. Dalloway e Ondas), e conhecer detalhes de como cada uma delas surgiram. . 💄Os ensaios encontrados em "Um teto todo seu" vem nos mostrar uma ampla análise que a escritora fez em relação a situação da mulher em pleno séc. XIX e de sua relação com o dinheiro. E com isso ela faz também um resgate histórico do papel da mulher escritora em séculos passados. Aqui Woolf vai persistir com sua escrita que as mulheres precisam de duas coisas para criarem uma nova literatura: Um teto todo seu, ou seja, um quarto que pudesse ser trancado à chave para que elas pudessem escrever e no mínimo uma renda de 500 libras anuais. Com isso constatamos que para se obter a tal independência a mulher teria que trabalhar.
Virgínia fala em seus ensaios que para chegar numa explosão literária como Jane Austen, as Irmãs Brontë, Mary Amn Evans, muitas lutas tiveram que ser enfrentadas, um delas o preconceito social de gênero dentro do campo literário, entre homens e mulheres.
Ela deixa claro que as escritoras que foram melhor sucedidas são aquelas que guardaram para si seu justo rancor. Gente o livro é sem sombras de dúvidas um relato bem exploratório do que foi o séc. XIX para as mulheres escritoras, e isso nos faz refletir sobre o nosso contexto atual ao nos perguntarmos: Qual é o nosso real papel? Que lugar de direito a Mulher exerce dentro da nossa sociedade? O que mudou do séc. XIX pra cá?
Este livro na minha opinião é de leitura obrigatória para todas as mulheres e principalmente para os Homens.
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Então é isso meus amores espero que tenham gostado da #ResenhadoNós

site: https://www.instagram.com/p/BwLZLUKgHQD/
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Alice 27/04/2019

Amei os ensaios do início ao fim, principalmente: a importância da independência financeira (uma conquista recente - na época de Woolf - o direito à propriedade); a educação; e o reconhecimento de ter ?um teto todo seu? como um ambiente privado para o desenvolvimento pessoal e artístico da mulher
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oipikena 05/03/2019

"Como o outro de mim, o espelho, que me faz ver o que em mim é diferente de mim - o homem, a outra mulher, o passado, a família, as experiências, os amigos -, como ele (ela) pode permanecer como o outro e não como uma imagem ideal de um eu que eu nunca chegarei a ser? Por que, após tantas conquistas, ainda quero ser mais e melhor do que sou? E o que é ser melhor - além dos limites da imagem de uma outra atrelada a um eu que precisa sempre se convencer de si?"
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Soninha 03/03/2019

Um livro que mexe muito com vc, no papel que nós temos na sociedade hj, e fazer uma reflexão do que tínhamos anteriormente. O principal é que Virgínia deixa claro a importância da privacidade e de uma renda para que a mulher possa mostrar a sua escrita. Amei o livro. Farei releitura com certeza. Como não amar a escrita de Woolf.
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Giulianapetrucci 02/01/2019

Pra respirar fundo e mergulhar
Nessa obra que se passa nos anos 20,Virginia Woolf assume um pseudônimo para falar das condições das mulheres ao escrever ficção; Mary Seton.
Mary,investigadora das condições femininas, divaga sobre ideias durante suas caminhadas, mas a narrativa mostra a dificuldade de se ater aos próprios devaneios, quando a personagem constantemente é interrompida.
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É inevitável: com a realidade que a cerca e as possibilidades do que poderia ser e não é, a protagonista questiona o que tornou um sexo pobre e o outro próspero.
Quando vai em busca da resposta numa biblioteca, percebe que tudo escrito a respeito das mulheres por homens é tão controverso e múltiplo.
A diversidade de conclusões masculinas revelava uma escassez de verdade , o que faz a escritora pensar sobre o patriarcado,o poder de superioridade do homem que ao talhar a mulher como inferior, se vê com o dobro do tamanho. .
Como as mulheres eram educadas em diferentes épocas? Sobre o que escreviam? Quais as circunstâncias ideais para a escrita? Como lidavam com as tentativas de escrita da mulher em diferentes séculos?
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Vejo sua escrita como uma homenagem àquelas que tentaram e não conseguiram fazer ficção, poesia e ciência , uma homenagem as que conseguiram e às que estão por conseguir.
O texto acaba com a autora urgindo pela escrita e a emancipação feminina independente de suas dificuldades e coloca a importância de suas tentativas às gerações futuras,desde que coloquem sua essência em suas jornadas.
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“Como ele continuará a fazer julgamentos, civilizar nativos, criar leis, escrever livros, vestir-se bem e discursar em banquetes, a menos que consiga ver a si mesmo no café da manhã e no jantar com pelo menos o dobro do tamanho que realmente tem?”
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Sara.Ferreira 31/12/2018

Quis fazer uma resenha desse livro em específico justamente porque nunca faço resenhas. Fora da vida acadêmica, não dou minha opinião publicamente sobre livros, filmes, ou álbuns de CD. Não discuto nem refuto a opinião dos que estão ao meu redor e discordam do que acho sobre isso ou aquilo. Nos casos raros em que isso acontece, a pessoa com quem falo, coincidentemente (ou não tanto assim) é na maior parte das vezes uma mulher, e em todas as vezes são pessoas próximas, e aí sim me sinto confortável de partilhar minhas opiniões. Mas nunca assim, uma opinião concreta sobre uma obra, exposta dessa maneira.
Justo por isso, quis escrever, porque, na verdade, sempre escrevi. Escrevo desde pequena, e desde pequena sinto essa incapacidade estranha de me expressar do jeito que esperam, de modo que, pelo menos, eu não passe vergonha; e no fim nem me arrisco.
Um Teto Todo Seu virou um dos meus livros favoritos nas primeiras páginas porque conseguia entender isso logo de cara. Woolf compreende as amarras que o gênero impõe na maneira de expressar das mulheres, e compreende as dificuldades de construir uma "cultura feminina" com o respaldo ínfimo de suas antecessoras que, perseguidas e silenciadas, não foram capazes de deixar um legado sólido para futuras escritoras, tornando a escrita feminina de uma imprecisão agoniante que se arrasta pelos séculos. A escrita feminina não é igual a escrita masculina, e não depende dela. É uma forma diferente de compor o mundo que, ao contrário da escrita masculina, nasceu sem segurança de si.
Claro que o discurso da autora é direcionado para uma época e público específico, mas levanta questões que são muito relevantes no andar de qualquer sociedade que teve suas mulheres postas em patamar inferior (não ouso dizer todas, mas a esmagadora maioria).
Como a mudez de metade da humanidade vira expressão autônoma? Como e em quanto tempo se faz uma mulher que se vê completamente livre na arte, no meio academico, ou na vida pública? Woolf, além de focar nas condições materiais essenciais para uma mulher escrever ficção, assume um prazo muitíssimo generoso de cem anos para que sua produção seja livre do peso de seu próprio gênero. Já se foram noventa e a mulher que escreve ainda é, como Noemi Jaffe diz no posfácio, um gato sem rabo. Mas isso não é motivo nenhum para desânimo, porque Um Teto Todo Seu não é um livro de respostas concretas e não precisa ser: o que eu mais amo em tudo o que li de Virginia Woolf até agora é a incrível capacidade de fazer todas as perguntas certas, e a consciência que ela exala é tão preciosa hoje quanto foi em 1928.
E a partir de agora vou fazer mais resenhas.
Rosabela 31/12/2018minha estante
em 2019 nós vamos falar muito e escrever mais


Rosabela 31/12/2018minha estante
em 2019 nós vamos falar muito e escrever mais




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