Nalí 25/06/2020Estranhos incidentes estão ocorrendo no litoral brasileiro por seres não identificados. Mas quando uma criança estrangeira de férias com a família em uma praia isolada é vítima de uma dessas criaturas, Rosa Villar, uma agente da ABIN (CIA brasileira), é designada para investigar.
Em paralelo, o pesquisador e professor de mestrado especializado em biologia marinha, Alex Loureiro, após testemunhar uma grave ocorrência com um de seus alunos durante uma visita de campo, começa a investigar o episódio, tendo seu aluno Éder como ajudante.
Conforme as investigações de ambos avançam, mais próximos da Iniciativa Unicelular, um projeto inimaginável comandado pela Biotech – uma farmacêutica chinesa –, eles ficam.
O livro é dividido em quatro partes separando a história por etapas de forma natural e gradativa.
Parte 01 – Nos introduz aos estranhos ocorridos no litoral; Apresenta a ABIN e a agente Rosa, o Professor Alex e ao aluno Éder. Possui capítulos curtos e, em geral, de rápida leitura.
Parte 02 – Expõem alguns possíveis envolvidos com a Iniciativa Unicelular e personagens secundários, alguns mais relevantes que outros. Também explica um pouco sobre a empresa Biotech. Também possui capítulos curtos e, em geral, de rápida leitura.
Parte 03 – Somos finalmente inseridos no complexo da Iniciativa Unicelular e aos seus seres extraordinários. A leitura nesse ponto assume um ritmo mais lento e explicativo, conforme nos vai sendo detalhado os ambientes e seres que estão no complexo. Mas, por favor, entenda que para uma emersão completa nessa trama, essas explicações são necessárias e importantes!
Parte 04 (e maior) – É quando a ação realmente acontece e o enredo é trabalhado para um desfecho épico, de tirar o fôlego. Alguns capítulos tem um ritmo frenético e empolgante. Quando percebe o livro acabou e você está de queixo caído!
Já nas primeiras páginas somos imersos em uma cena de ação que dá ao leitor uma pequena demonstração do que está por vir. A narrativa é em terceira pessoa alternando o foco, principalmente, entre Rosa e Alex. As descrições dos ambientes são feitas de forma primorosa, sem ser cansativo ou monótono.
O livro apresenta muitos personagens, nem todos de grande relevância para a trama, mas na maioria, necessários para completar alguma situação. Os secundários e os antagonistas são trabalhados na medida certa. O grande destaque vai para Rosa, que tem uma personalidade forte e destemida. É uma agente de campo extremamente competente e obstinada. Todavia, não espere que ela seja uma protagonista estilo “mocinha”, que sempre faz tudo certo e só existe o bem dentro dela.
A trama do livro é muito bem trabalhada e não deixa pontas soltas. Além de nos apresentar ao mundo dos micro-organismos, Tarsis levanta discussões a respeito da teoria evolutiva; a existência de um ser supremo que nos governa; identidade de gênero; feminismo; esquizofrenia; de forma expositiva convidando o leitor a refletir sobre tais temas, contudo, sem forçar suas próprias opiniões sobre.
A edição da Martin Claret enalteceu as qualidades da história, pois está fantástica! Com direito a capa dura, corte lateral colorido com o título do livro, letra confortável e algumas parcas ilustrações. Acredito que nas ilustrações a editora deixou a desejar, teria sido uma experiência mais completa vislumbrar ao longo da leitura os seres descritos, sem ter que recorrer ao site para isso (porque sinceramente, isso dispersou minha atenção). Apesar de o site ser algo diferente, está longe de ser uma experiência extraordinária, na verdade ele está bem simplista e tudo que tem nele, poderia facilmente estar no livro. Desculpa Tarsis pela sinceridade.
Por fim, concluo essa resenha gigantesca, dizendo que “Unicelular” é um livro que não apenas deve ser lido, mas apreciado.