nsantos06 17/02/2023
O bebê não é o demônio
O demônio em si, é realmente o bebê? O marido de Rosemary, Guy, constantemente reforça comportamentos anti-semita. Além do fato do filho ser gerado numa situação onde a mãe estava inconsciente e em estado de vulnerabilidade.
Acredito que dois pontos nesse livro se destacam. Um é o relacionamento tóxico que a Rosemary estava ? sem que percebesse, estava sendo passiva a atos raivosos do cônjuge ?. Aliado a personalidade reacionária do mesmo, em relação a pessoas na visão dele como "diferentes" ? judeus e homossexuais.
Outro fator é a gestação. No meu ponto de vista, o autor quis utilizar a alegoria de que o bebê era um demônio, fruto de um ritual satânico, para descrever uma possível experiência, na visão dele, sobre a gestação. Associando-a como uma experiência terrível para a mulher e, em muitas vezes, dolorosa e traumática. Fato que se exemplifica e se expande quando está em um relacionamento abusivo.
Toda a dor que a mulher sente durante este período, é elaborada e descrita como momentos de dores insuportáveis e de aflição, e o que torna mais sufocante para Rosemary, é a conivência do doutor para com ela. A opinião do doutor que ela não podia compartilhar sua experiência com outras mulheres, também a torna apática no que se refere a sua dor, assim, acostumando-se a ela, tendo ela como íntima. E, no final do livro, sabemos o por quê.
Corroborando para o segundo argumento, é notável o interesse do marido para a gestação do filho num momento anterior à essa conjuntura. E, no instante em que acontece, o mesmo se torna muito distante, longe de se conectar com o futuro descendente, e muito menos com a esposa.
No final do livro, o autor brinca com a histeria da personagem. Ele soube, com habilidade, descrever e asfixiar o leitor com o que estava ocorrendo. Em certos pontos, até questionar o próprio leitor da veracidade do ocorrido, tornando-se assim, a histeria de Rosemary, a histeria do leitor.