Ericona 25/01/2015
O livro do amanhã é... mágico!
O livro do amanhã é o primeiro livro que leio da escritora irlandesa Cecelia Ahern. Talvez o nome não lhe seja familiar, como não era a mim algum tempo atrás. No entanto, P.s.: eu te amo te lembra algo? Sim, é um filme bastante conhecido. Ele é baseado no livro homônimo de Cecelia. Faz um tempo que eu assisti ao filme, então eu nem atinei para pesquisar se o filme era baseado num livro antes de ver a película. Só fiquei sabendo quando comecei a ver o filme, porque, se eu não me engano, o início e créditos, incluindo o encarte, davam essa informação. Honestamente, eu não me emocionei ou chorei horrores com o filme, como aconteceu com algumas pessoas que conheço. Em minha defesa, quero dizer que, sim, tenho um coração pulsante aqui no peito, e é grande. No entanto, sabe como é, não rolou uma química entre nós. Poderia discorrer mais a respeito das razões de eu não ter gostado do filme, mas na verdade não lembro muito bem, porque, como disse antes, vi há um tempo. Contudo, se o filme tivesse me marcado de algum modo, como outros longas já o fizeram, eu lembraria dele com mais emoção.
Pois bem, há muito tempo que a Editora Novo Conceito me enviou, em parceria, O livro do amanhã, mas eu meio que o evitei porque já havia tentado ler P.s.: eu te amo em e-book e não deixei para lê-lo em outra época, afinal não consegui passar das primeiras páginas (fiz-o bem depois de ter visto o filme, porque queria ver se a adaptação havia sido ruim ou se era o livro que não conseguia me tocar). Desse modo, por medo de ter uma experiência igual a que tive com P.s.: eu te amo, dei prioridade a outras leituras e o deixei de escanteio. Até que, então, esses dias pensei cá com os meus botões e resolvi dar uma chance a Cecelia. Confesso que não achei que ela conseguisse me cativar com um só livro, mas a danada conseguiu! Li algumas resenhas um tanto negativas sobre esse título, sobre não ser um bom livro ou não ser um bom livro para quem vai ler a Cecelia pela primeira vez. Então, meu caro leitor, sou uma pessoa totalmente às avessas, porque, no meu caso, esse foi o livro certo para começar a ler Cecelia! Estou na estrada contrária a quem adorou P.s.: eu te amo e/ou acha que é o melhor livro da autora.
Honestamente, O livro do amanhã é muito bom. Quem já leu e não gostou tanto, por favor, não faça esse muxoxo. Explicarei porque gostei tanto do livro. É um livro simples, admito. Não inova em praticamente nada. Imagina que ele conta a estória de uma adolescente por volta dos seus dezesseis/dezessete anos, mimada, rica, estúpida, no sentido de ser rude com o mundo inteiro - e que o meu lado hiperbólico seja perdoado - e inconsequente. Assim é Tamara Goodwin, ao menos no início da trama, até o momento que passa um furacão em sua vida, destruindo tudo e a forçando, junto com a sua mãe, a mudar de cidade e se adaptar a uma realidade que ela nunca imaginou que viveria e, francamente, não estava afim de viver.
Entretanto, é por causa desse furacão, por causa desse caos, que ela finalmente saberá o que é a vida, especialmente, o que é a sua vida e quem ela realmente é. Quem e o quê proporciona essa porta para que Tamara desabroche ante o mundo? Um rapaz agradável chamado Marcus e uma biblioteca itinerante. Biblioteca faz você lembrar de algo, leitor? Sim! É um dos lugares que eu mais amo no mundo! Sim, deve ser porque sou apaixonada por livros e curso Biblioteconomia. Não pude deixar de citar isso na resenha, foi mais forte do que eu. Continuando: é no ônibus-biblioteca que ela encontra um livro sem título, autor, ou seja, sem nenhum dado e que ainda por cima está trancado com um cadeado. Como qualquer ser humano curioso, é esse livro que Tamara pega emprestado. Com alguma dificuldade, ela dá um jeito de abrir o livro, que se revela um diário, e ela percebe que ele é um tanto... mágico. É o diário que devolve emoção aos seus dias e é através dele que ela passa a atentar seus olhos para quem e o quê está a sua volta, buscando respostas para perguntas que surgem dia após dia, posterior a mais um episódio estranho, que, de um modo misterioso, parece ter a ver com a sua vida e a de sua família.
Sim, é um livro simples. Uma adolescente, um diário mágico e mistérios familiares a serem descobertos. Mas, cara, eu gostei! Eu não acho que eu fui uma adolescente rebelde ou irritante ao extremo, como Tamara se mostrava ser no início do livro. Mesmo não tendo um passado conturbado em relação ao período da adolescência, eu gosto de ler sobre histórias de pessoas que foram o diabo, com o perdão da palavra, em sua adolescência. Há rebeldes sem causa e há razões para rebeldia em alguns seres. Há alguns motivos para que Tamara fosse a peste que era. E é com o passar das páginas que notamos esses motivos e nos alegramos com a ampliação da capacidade da Tamara não só de visualizar a si própria e mudar algumas características prejudiciais suas, como também a percepção que passou a ter das pessoas ao seu redor. Isso foi de fundamental importância para que ela pudesse descobrir todas as coisas que descobriu e seguir em frente, independente da sua nova condição, que nesse ponto, aliás, já não lhe era desagradável como antes um dia o fora.
As lições desse livro são bobinhas e que, justamente por assim o serem, nos esquecemos delas com facilidade. O amor ainda é (e, por Deus, será para sempre!) o elemento mais importante do mundo. É por causa desse sentimento que pessoas movem céus e terra para protegerem os seres que amam e sacrificam a si mesmas, inclusive, se for necessário, para que essas pessoas tão amadas sejam felizes apesar dos pesares.
Creio que o personagem que mais me chamou a atenção foi de fato a Tamara, talvez por o livro ser narrado pela própria personagem. Preciso reconhecer duas coisas: a primeira é que a Cecelia tem um jeito muito gostoso de narrar, apesar de se prender muito, em alguns trechos, em descrições de cenas e paisagens e repetir algumas ideias - ou expressões - que, OKAY, eu já havia entendido que Tamara gostava. A segunda é que os personagens secundários não foram tão bem explorados ao longo da trama. Creio que ficou tudo muito para as últimas páginas, inclusive as revelações mais importantes, como também a porção de aventura que o livro tem a dar. Em alguns momentos, ainda que eu estivesse curtindo à beça a narração, me perguntei "Certo, mas quando vai começar a coisa? Quando começará 'a caça às bruxas'?", e demorou muito para ter esse meu questionamento respondido. Em síntese, os personagens mais trabalhados foram a Tamara, George, pai de Tamara, e Rosaleen, uma criatura essencial da estória. Jennifer, a mãe de Tamara, ao meu ver, poderia ter sido melhor trabalhada, assim como Arthur, tio de Tamara.
O livro é um romance que se encaixa em algumas categorias, por exemplo: drama, YA, fantasia e chick-lit. Se você gosta de alguns desses gêneros, estimado leitor, O livro do amanhã provavelmente será um bom livro pra você.
A capa é bem bonita e retrata uma cena do livro. A diagramação é ótima, o que deixa a leitura fluida e sem atravancamento. Não encontrei erros de digitação ou ortográficos na edição. Parabéns por mais uma bela edição, Novo Conceito!
site: http://ericaferro.blogspot.com.br/2015/01/resenha-o-livro-do-amanha-cecelia-ahern.html