Laís Helena 27/08/2014
Resenha do blog "Sonhos, Imaginação & Fantasia"
Elantris foi um dos livros que mais me surpreendeu em 2013. Eu o comprei pois a capa me chamou a atenção em um de meus habituais passeios pela livraria, e a sinopse me agradou; além disso, tinha quase certeza de que ia gostar, pois se encaixava em meu gênero literário favorito: a fantasia. Ainda assim, o livro me surpreendeu completamente. Esperava uma história completamente diferente, e a história que realmente trazia era muito melhor que a que eu imaginara.
O livro é narrado sob o ponto de vista dos três protagonistas, alternadamente: Raoden (o príncipe de Arelon, local onde se passa a maior parte da história), Sarene (princesa de um dos reinos vizinhos, Teod, que tinha um casamento marcado com Raoden) e Hrathen (um sacerdote que veio a Arelon no intuito de converter o país à sua religião, o Shu-Dereth). O mistério da cidade de Elantris, antiga capital de Arelon, insere a todos em um contexto. Elantris era uma cidade para os deuses: brilhava devido à magia praticada por seus habitantes, o AonDor, e os tais deuses possuíam pele com brilho metálico e cabelos brancos e eram imortais. Qualquer um poderia se tornar um deles, através de uma transformação chamada Shaod. Contudo, houve um desastre, a quem ninguém foi capaz de atribuir uma explicação, e os deuses de pele prateada se tornaram criaturas fracas e incapazes de realizar a magia, com manchas negras na pele, acometidos pela fome e por dores que nunca cessam. A Shaod continuou a alcançar as pessoas, agora uma maldição e não uma bênção.
A história do livro começa a ser contada dez anos após o Reod (termo que se refere à queda de Elantris e seus habitantes), quando o príncipe Raoden, filho do rei Iadon de Arelon, é alcançado pela Shaod. É deixado em Elantris, que após dez anos está em ruínas e coberta de lodo, habitada por criaturas selvagens com manchas negras na pele. Aos poucos descobre como são as coisas em Elantris: as dores incessantes levam os elantrinos à loucura após alguns meses, a fome os torna selvagens, ávidos por comida (uma vez que não são alimentados).
Em seguida, somos apresentados a Sarene, princesa de Teod, que se casou com Raoden para selar uma aliança política entre Arelon e Teod. Descobre que ficou viúva do marido que nunca chegou a conhecer assim que chega a Arelon (uma vez que foi divulgado que o príncipe morreu), e logo começa a desconfiar que foi assassinado. Depois somos apresentados a Hrathen, um sacerdote da religião Shu-Dereth que possui três meses para converter todo o país, ou haverá guerra.
E a história prossegue alternando-se entre os três personagens: Raoden tentando desvendar o mistério que devastou Elantris e construindo uma nova sociedade dentro da cidade, Sarene tentando desvendar a “morte” de Raoden e outras intrigas da corte, e os conflitos entre ela e Hrathen, que procuram destruir os planos um do outro.
O começo do livro é um tanto confuso, pois nos são apresentados alguns termos relativos à magia praticada pelos elantrinos ou às religiões, contudo, é possível acostumar-se a eles ao longo do livro e compreendê-los propriamente. A narrativa não é tão maçante ou descritiva quanto a de outros livros do gênero; pelo contrário: as descrições do ambiente são sucintas, e o autor foca na trama e nos diálogos.
Também diferentemente de outros livros de fantasia, o livro não é tão focado em guerras ou lutas de esgrima; a trama gira em torno de conspirações políticas e disputas intelectuais, o que me chamou bastante a atenção. Além disso, a trama é muito bem construída, mesclando política e religião de maneira convincente e nos apresentando um país desestabilizado pela queda de Elantris, com um sistema de governo pouco eficiente.
O único problema que vi no livro foi a tradução: detectei alguns deslizes na revisão e na concordância (como por exemplo do verbo haver, ou a troca do nome de um personagem por outro). Porém, isso não atrapalha a leitura e a compreensão da história.
No todo, os personagens e os mistérios o envolvem tão intensamente na história que o livro é quase impossível de largar; sequer parece que o livro tem 576 páginas. Nos últimos capítulos do livro, algumas coisas são esclarecidas, inclusive explicando as atitudes dos personagens, porém, são deixadas algumas pontas soltas, deixando-nos na esperança um segundo volume (embora, infelizmente, eu acredite que seja apenas um).
site: http://contosdemisterioeterror.blogspot.com/2013/09/resenha10.html