spoiler visualizargarcjq 08/06/2024
O jeito russo de descrever o sentimento de um divórcio de alguém que nunca foi seu (só na sua cabeça)
A história é basicamente um show de sofrência. temos um narrador sem nome, um cara mais perdido que cego em tiroteio, vivendo em são petersburgo. e claro, só podia ser na rússia, né? o lugar perfeito pra filosofar sobre a vida enquanto morre de frio. o cara é um sonhador incorrigível, tipo aquele seu amigo que se apaixona por ficante, ou pior: sem nunca nem ter ficado (me identifiquei kk).
aí ele conhece a nástienka, típico aquela garota encantadora mas confusa que desde o começo você sabe que você só vai se machucar nessa. os dois começam a se encontrar durante quatro noites mágicas, ou como eu gosto de chamar, "as quatro noites em que o dostoievski decidiu brincar de cupido invertido". e é claro que nada vai dar certo, porque, né, dostoievski.
o que rola é que o narrador se apaixona perdidamente pela nástienka, mas ela tá lá, na sofrência dela, esperando o ex voltar. e ele volta. fim da linha pro nosso sonhador. se você acha que já tomou um fora na vida, meu amigo, espera até ver o tombo desse pobre coitado. é pra sair chorando e abraçando o travesseiro.
dostoievski é o mestre de pegar na ferida e cutucar até fazer você chorar. ele faz isso de um jeito que você não consegue largar o livro. sério, você termina e fica lá, pensando em todos os foras que já levou na vida, todas as vezes que te trocaram pelo ex, e se sentindo meio menos idiota porque, olha, pelo menos não é o narrador de "noites brancas".
a prosa é linda, cheia de metáforas e filosofias de boteco, daquele jeitinho que só o dostoievski sabe fazer. e a ambientação de são petersburgo é quase como se a cidade fosse um personagem, com suas noites brancas e todo aquele clima de "vou morrer de tanto sofrer, mas vou sofrer com classe".