Papadelo 11/01/2024
Crime, castigo e maturidade
No Natal de 2021, minha mãe me presenteou com dois livros. O Morro dos Ventos Uivantes e Crime e Castigo. Lembro-me de ler por inteiro o primeiro com muita facilidade, entretanto neste segundo eu travei. Minha leitura não fluia, confundia-me na história, confundiam-me as personagens e, principalmente, confundia-me no drama. Enfim, abandonei na página 355.
Ao pegar este livro para ler, no primeiro dia de 2024, esperava sentir a mesma dificuldade. Pelo visto, estava errado, e muito errado! A história me prendeu, consegui entender o texto (agradeço imensamente ao tradutor Rubens Figueiredo, por esse linda tradução) e principalmente, aprofundar-me na mente de Raskólnikov. Ele, o protagonista mais humano que já vi, cometia atos terríveis seguidos de boas ações, e todas com enorme dilema mental que todos nós temos, em menor escala, no dia a dia. Entretanto, sua loucura em decorrência da sua posição social e, principalmente, culpa, transformam seus dilemas em algo especial, diferente do que a maioria vai sentir no dia a dia. Impossível sair dessa leitura sem ter uma forte opinião sobre Raskólnikov; amor, ódio, pena, etc.
Os coadjuvantes são incríveis também, Razumíkhin, Dúnia, Sônia, Lújin, Svidrigáilov, Zamiótov, Porfíri, entre outros; todos contribuem na obra de maneira que assusta o leitor, pois a maioria dos autores não consegue incluir tantos personagens de maneira tão boa quanto Dostoiévski. O embate psicológico de Raskólnikov e Porfíri é emblemático e é uma das melhores partes do livro.
Queria escrever mais, porém meu celular está travando pela quantidade de caracteres. Amei o livro, tornou-se o meu favorito.