Stardust_ 26/06/2024
Banhos Quentes, Figueiras e Doenças Mentais
Pouco tempo depois de narrar a história de "A Redoma De Vidro", Sylvia Plath teve sucesso em seu atentado contra a própria vida, nos deixando apenas com diversas obras de arte da literatura e um perfeito retrato de como a depressão é para aquele que sofre com ela.
Ao ler essa narrativa, pude sentir que Sylvia colocava elementos autobiográficos na história, como se Esther fosse, algumas vezes, um reflexo dela. E a autora realmente colocou toda a sua alma e pensamentos em cada linha que preenche as páginas do livro, revelando um sentimento e uma forma de poesia melancólica únicos, um perfeito retrato do sentimento corroente e esmagador da depressão em sua forma mais pura, de como a doencase espalha e você acaba ficando apenas com um vazio emocional no fim de tudo.
Além de inserir essa camada sentimental, Sylvia narra diversos acontecimentos ocorridos no período em que essa depressão estava escondida na mente de Esther, apenas uma ameaça fantasma, fazendo com que o mundo parecesse algo colorido, ainda que entediante aos olhos da personagem.
Logo no meio, encontramos Esther sofrendo diversos pequenos problemas, alguns grandes demais, todos esses problemas e acontecimentos fora da curva servindo como um gatilho para a então encoberta depressão surgir de forma aterradora, levando não só a personagem a se sentir completamente vazia e desesperançosa, como também faz com que o leitor sinta o mesmo.
Cada cena onde Esther se mostra cada vez pior, cada vez mais afundada naquela doença a qual ela não sabe muito bem porque está ali, faz com que o leitor sinta profunda empatia, os sentimentos colocados nas palavras e em cada frase do livro sendo como uma névoa contagiosa, guiando quem lê a se sentir assim como Esther.
Essa é com certeza uma das maiores e mais realistas obras da literatura, que mostram de um ponto de vista cru como uma vida pacata e entediante, onde você tem tudo o que quer e amigos que são perfeitos, nem sempre é a vida perfeita e pode ser apenas uma máscara, que rapidamente vai cair no momento que os ventos mudarem.
Todas as mulheres em algum momento de suas vidas precisam ler essa obra e se sentirem profundamente interligadas e conectadas com Esther Greenwood, honrando a memória da Sylvia Plath e sua mente incrível, celebrando mais uma obra prima da literatura com um profundo luto coberto em melancolia.