spoiler visualizarRute31 12/05/2024
Único romance do autor mexicano, Pedro Páramo é uma das melhores coisas que li esse ano. A narrativa começa com Juan Preciado dizendo a frase acima. Ele é um dos muitos filhos biológicos de Pedro Páramo, um homem extremamente cruel que vive na Media Luna, em Comala. Pedro Páramo assassina, violenta e trucida quem quer, mas sofre durante décadas pelo amor de Susana San Juan, que ele conhece ainda criança e passa a vida inteira apaixonado.
Na busca pelo pai, Juan Preciado vai encontrando pessoas que contam um pouco sobre o que sabem de seu pai, de quando o conheciam, pois Pedro Páramo está morto — assim como está morto o povoado inteiro. São fantasmas que respondem às perguntas de Juan Preciado que, como descobrimos logo, também está morto.
Esse coral de vozes mortas cria ecos, que Juan Preciado escuta e comenta com Dorotea. É por ela que sabemos mais de Susana San Juan e do amor de Pedro Páramo. Também ouvimos as vozes do Padre, de sua sobrinha Anita, de Fulgor, ajudante faz-tudo do personagem título, de Damiana, de Abundio, de Damasio vulgo Sucuri, cujas palavras vão completando um imenso mosaico, um tapete da vida em Comala.
Esse livro tem uma estrutura fascinante, passado e presente se misturam, vozes narrativas também. Mal posso esperar pra que o tempo passe e eu decida que é hora da releitura.