Luci Eclipsada 23/06/2011
Hilário
Com a recente onda dos vampiros que voltaram a “assombrar” a literatura nos últimos tempos, ficou praticamente impossível não vermos inúmeras publicações que tratem do assunto de formas variadas, assim, o leitor ávido pela literatura “vampiresca” tem um leque de possibilidades ou visões diferentes para o mesmo mito que, querendo ou não, nunca se esgotará justamente pela facilidade com que esses chamados “seres das trevas” podem ser reciclados para acompanharem os avanços no meio literário.
Mas, o que o mundo da literatura não contava, ainda, era com uma reinvenção do mito do vampiro pelo falso mito. A primeira vista pode parecer confuso, todavia, com a crescente popularidade do vampiro e com o fato da obsessão de muitas garotas por esse ser soturno e melancólico, os meninos ficaram a margem do coração das meninas, afinal, quem em sã consciência trocaria um ser tão misterioso, cheio de sensualidade e imortal por um garoto comum, cheio de defeitos e muitas vezes desajeitado?
Assim, partindo dessa perspectiva de que vampiros sempre tem um lugar cativo no coração das garotas, em Doce Vampiro (Flynn Meaney - 248 páginas - Verus Editora) nos é apresentado a história de Finbar Frame, um típico adolescente de 16 ano que, definitivamente, sempre foi ignorado pelas garotas por não ser nenhum símbolo de virilidade e, muito menos, ter tato para conquistar o sexo oposto, desse modo, logo quando ele percebe que as meninas gostam mesmo é de vampiros ele decide se “transformar” em um pegando o que há de melhor em si mesmo e aperfeiçoando para que todos pensem que ele realmente é um “chupador de sangue” dos mais viris que existem. No entanto, o que Finbar não imaginava é que pior do que ser um vampiro de verdade é fingir ser um, afinal, para toda sua família,_ o que inclui uma mãe com mania de limpeza, um pai desligado e um irmão gêmeo hiperativo,_ ele parece apenas um garoto perdido enquanto que para as demais pessoas ele aparenta ser um tanto estranho. Todavia, há uma mudança na vida de Finbar e o que parece ser impossível, ou seja, aparentar que realmente é um vampiro, começa a não ser tão improvável assim, entretanto, sustentar essa falsa verdade pode se tornar ainda mais complicado quando há a necessidade de se autoafirmar e de conquistar o coração da garota mais descolada da escola.
Dessa maneira, Doce Vampiro, além de trazer inúmeras referências da cultura pop e hilariantes situações onde podemos acompanhar a trajetória do esperto, porém desajeitado protagonista (Finbar Frame), também trata da questão de nos aceitarmos como verdadeiramente somos sem medo do que poderão pensar a nosso respeito e sem a necessidade de usarmos máscaras, pois mais importante do que o juízo de valor emitido pelas pessoas é o que cada um pensa de si mesmo.