Gustavo Carvalho 23/05/2024
Como está o seu coração?
Achei que o volume 2 seria sobre Landon e Shay adultos, mas me surpreendi por ser uma continuação direta e cronológica do volume 1. Ao longo dos primeiros capítulos acompanhamos o romance dos protagonistas ir do céu ao inferno.
Até, mais ou menos, 30% do livro, vemos o relacionamento dos dois desmoronar e ficar cada vez mais sombrio. Foi doloroso de ler, e fez com que eu compreendesse muito melhor as interações deles em Eleanor & Grey. Aliás, foi um acerto mostrar o quanto de história acontece dentro de uma mesma história, quando o foco são outras pessoas. Paralelamente ao drama de Eleanor, sua prima passava por muita coisa também ? e não dava para ter ideia disso.
Mas eu achei que a autora se demorou muito em alguns momentos, para correr no final. Queria mais do casal? Queria. Mas ela poderia ter dosado melhor a narrativa, sendo paciente como foi desde o início.
Achei um erro terem sumido com o Eric, que era tão próximo do Landon, tendo tido apenas uma pequena aparição no começo do livro. Mas adorei a amizade da Shay com a Tracey não ter perdurado. Tô até agora entalado com o que ela fez, mesmo que, naquela momento, tenha sido necessário (há controvérsias).
Raine e Hank continuam sendo o casal mais sintonizado de todos (na moral, ela é um ótimo alívio cômico). Mima/Maria é uma joia rara. E adorei ter mais participação da Karla, filha mais velha do Grey. O Landon é muito importante pra toda a família, e ver suas interações com todos, principalmente, com as filhas do amigo, foi um ponto alto.
Deleite mesmo foi ver o quão crucial a presença do Landon é na vida da Karla, um porto-seguro que ele não teve, uma luz para enfrentar a escuridão que a depressão traz. Ele se tornou um homem muito mais sábio e consciente de si mesmo, dos seus limites e das pessoas ao seu redor. Sua evolução é evidente. Shay também foi imprescindível pra pequena, por intermédio da prima (queria mais interações entre as duas, aliás).
Tudo estava alinhado. Gostei de como os papéis se inverteram. Antes, Landon era o perdido e Shay a pessoa que o guiava. Depois, ela que se perdeu e precisou de ajuda para se reencontrar. A vida é feita de altos e baixos, e nem sempre estamos no nosso melhor momento. A autora mostrou muito disso, dos pensamentos autodestutivos, da baixa autoestima, dos sentimentos humanos como um todo e do processo de cura. A abordagem foi certeira em vários momentos. E, apesar da Shay ter me irritado de vez em quando na fase adulta, ela foi muito bem construída. Seu medo de ter o coração destruído de novo era quase palpável. Os personagens são muito reais. Enfim, a história me conquistou pra caramba!
Tem parte de um diálogo deles que me fez refletir bastante, tanto por ser ator quanto por vestir máscaras para esconder o que realmente tô sentindo/passando:
"? Sempre que eu te via na Internet, você parecia tão feliz.
? As vantagens de ser ator ? brincou ele. ? Ninguém consegue perceber quando você está feliz de verdade ou só interpretando um papel."