Lucy 03/06/2024
50% incrível e 50% horrível
Tenho me tornado aos poucos uma grande fã do trabalho da Rebecca Yarros. Sua escrita é envolvente e apaixonante, portanto, tinha altas expectativas. Porém, "Todo que Deixamos Inacabado" foi uma leitura excruciante. Quase uma penitência. Ao mesmo tempo que me senti dentro da história de amor de Scarlett e Jameson – completamente investida –, eu era arremessada para fora do livro a cada capítulo no presente.
Sobre Georgia e Noah, em resumo: os dois são um chá de soneca. É o insta-love usado da forma mais pejorativa da palavra. São adultos, de 28 e 30 e poucos anos, comportando-se da maneira mais imatura e pueril imaginável. Não comprei esse casal; não me importei com eles. Noah é um homem que nunca amou, até bater o olho em uma estranha e decidir que ela é sua alma gêmea. Georgia, que acabou de se divorciar, apaixona-se na mesma velocidade. Ambos são horríveis só; e juntos são ainda piores. Georgia, mesmo após anos sendo abandonada pela mãe, segue, continuamente, confiando nela – para ser desprezada logo em seguida. Qual é a definição de insanidade mesmo? Porém, quando Noah conta uma mentira inofensiva, ela enlouquece como se ele tivesse assassinado seu cachorro e o substituído. Ela é burra e inútil. Detestei-a de cara. Noah é um cara perfeito e, ao mesmo tempo, uma folha em branco. Ele sacrifica sua carreira para agradar uma mulher que ele acabou de conhecer e que precisa de ajuda psicológica para tratar o trauma com confiança. Detestei-o igualmente.
O que realmente me motivou a continuar, que me fez sofrer e chorar junto (e juro que não sou uma pessoa emocionada), foi Scarlett e Jameson. Perto deles, o melodrama da bisneta fica completamente ofuscado e ainda mais estúpido de tão pequeno. Scarlett e Jameson se conectam rapidamente, mas nós acompanhamos os flertes, os encontros, o amor florescendo. Desde o início, sabemos o fim trágico deles. Sabemos que esse amor durou muito pouco. Mas talvez isso, além do ambiente tão desfavorável, tenha tornado a história deles mais memorável, mais atraente, mais emocionante de se presenciar. Era um amor tão forte e lindo e desastroso. Peguei a mão desses personagens e senti suas dores, suas angústias, seus medos. O horror de não haver segurança, de não saber se aquela será a última vez deles juntos, de não poderem planejar o futuro sem o fantasma da incerteza os rondando. Se fosse pela história trágica deles, seria uma nota 5 fácil. Pena que havia o resto.
O final reservou um plot twist que eu jamais havia pensado. Me pegou desprevenida. Por mais que o desenrolar tenha sido inverossímil, com a trama da "maior autora após Jane Austen" e tal. Para mim, o livro terminou no final do último capítulo escrito pela Bisa. O final escrito pelo Noah é tão genérico, falso e tolo... Jamais alguém teria elogiado com tanto afinco uma coisa tão brega quanto, ainda mais a mídia em peso. Um belo lixo, com todo o respeito. Essa obra realmente parecia ter sido escrita por duas pessoas diferentes: uma com talento e outra com uma IA.