spoiler visualizarWemelly 06/01/2024
Potencial para ser bem melhor
Sim, infelizmente 2 estrelas. O que significa que teve coisas legais, mas no geral não gostei. Mas para quem quer se iniciar no gênero Monster Romance e gosta de personagens de moral duvidosa: vá em frente. O enredo é original.
Gosto das primeiras aparições de Samael, suas falas e ações. No entanto, no final, achei que ele foi pouco trabalhado, com uma construção apressada. Poderiam ter sido adicionadas mais cenas e conversas antes do momento tão esperado por Samael. Havia espaço para um desenvolvimento mais emocional em vez do bruto desejo e fácil devoção diante de uma reencarnação que não reflete a alma ou personalidade, apenas o nome e feição. (A justificativa da alma corrompida ser-lhe mais atraente não me foi convincente.)
Pessoalmente, os plots não me agradaram. Não percebi o "foreshadowing" em um dos plots, mas notei três pistas ao longo da narrativa em outro. Não vejo problema técnico nisso. No entanto, não foi impactante para mim.
A escrita é envolvente e se alinha ao tom da história, refletindo a perspectiva da personagem. No entanto, sinto que o final apressado também atrapalhou a construção de Dalila.
Entendo que a autora queria transformar tudo em uma escolha da personagem, mas não desenvolveu tanto como poderia. Uma garota que passou a narrativa toda querendo quebrar o pacto, ?temendo? ser encontrada pela seita, finalmente descobriu como solucionar seu problema. Acontece que a autora quis passar que Dalila virou a própria heroína; saiu de um lugar de "serva" (tendo a alma colhida por um pacto) para um lugar de governante. Porém, com um Diabo se ajoelhando para ela e dizendo o que disse, não pareceu uma mudança tão drástica...
Falando nisso, pensando na construção dos personagens e no final que a autora apresentou, seria mais coerente que Dalila tomasse a iniciativa de chupá-lo ao invés dele ordenar que ela fique de joelhos para isso. Coisas simples assim diz muito. Uma pequena alteração como essa justifica e resolve muitas coisas...
Não é um livro ruim; possui uma boa história com personagens originais. No entanto, alguns detalhes me incomodaram, levando-me a dar 2 estrelas em vez de 3. A autora menciona uma vibe semelhante a "A Vida Invisível de Addie LaRue" com "Os Sete Maridos de Evelyn Hugo". Apesar de só ter lido este último, que é meu favorito, essa vibe que exala em "O Pacto de Dalila" não reflete os motivos pelos quais adorei OSMDEH. Embora Dalila seja bem concebida, a autora ficou presa a alguns detalhes e não desenvolveu outros, diferentemente da construção de Evelyn que sou apaixonada.
Ah é, as personagens tiveram aulas de latim e estudaram sobre uma vila pequena que foi queimada (convenientemente para a narrativa) em uma ambientação Rio, mas para um sucesso editorial e uma seita religiosa precisou ser em Nova York... Me incomoda essa necessidade de autores nacionais ambientar suas narrativas fora do Brasil quando facilmente poderia ocorrer aqui. Sei que sentem que é uma necessidade dos leitores de consumir dessa forma, mas essa síndrome precisa acabar uma hora e esse processo começa pelos autores.
A autora também recorreu ao poder da protagonista para permitir que Dalila vencesse uma seita, um clichê desgostoso. Com mais pesquisa e tempo de escrita, ela poderia ter sido mais original que isso.