Thalissa.Betineli 04/11/2023
Quando o "crime" é apaixonante.
É meu primeiro livro da Tay Ferreira, mas já começo contando que fui com muitas expectativas (e elas foram superadas com genialidade). Primeiro, porque sempre ouvi elogios em relação à escrita dela, e depois, porque todo o universo desse livro em específico me cativou, me chamou, e assim que ela lançou, eu acabei virando a noite para ler.
Don Santoro é um criminoso. É um cachorro de briga, melhor dizendo, digno de focinheira e correntes. Mas, não somos apresentados logo de primeira. Com maestria, a autora nos faz entrar na cabeça de Louise, uma garota de vinte anos mimada, nascida em berço de ouro (e com tantos esqueletos na família que causaria inveja ao Michael Jackson com Thriller haha); afinal, onde tem muito dinheiro, poder e influência, também tem corrupção, crueldade e podridão. Louise, desse modo, nos mostra um lado falho, pensamentos pesados e rancores impossíveis de engolir.
Aqui, preciso confessar. Como eu amo personagens imperfeitos, daquele tipo que não se envergonha de admitir pensamentos nocivos, que beiram ou até são errados, porque no final de tudo, são humanos. E Louise é exatamente isso. Ela está muito, muito longe da perfeição. Sua cabeça é um completo caos, carrega certa mágoa que molda sua perspectiva de vida, e apesar das tragédias e perdas, acredito que seus sentimentos são ainda piores.
Então, por um acaso do destino, digamos assim, ela acaba frente em frente a Don, um bandido que lidera um lugar ilegal, onde ocorrem apostas de brigas, e claro, ele é o Ptitbull invicto. A presença de Don desde o começo, engole o livro, e também engole a nós. Ele tem presença, domina, tem personalidade, ouso dizer que rouba até mesmo uns 60% do brilho para ele. Se a mocinha fosse bobinha, seria complicado, mas, Louise está muito, muito longe de ser bobinha, então, a competição pelo brilho é muito equilibrada aqui.
Don tem uma história, um objetivo, e não se importa com a pilha de corpos acumulada dentro da cabeça dele. Pelo contrário, isso o torna o homem que é. Selvagem, dono do que quer, e, neste livro, ele quer Louise.
É uma relação intensa, obsessiva na medida que eu amo, louca da maneira que sou apaixonada, que nos faz vibrar com cada interação, com cada atitude furiosa e que traz consequências catastróficas à história. Entretanto, claro, também temos romance. E ele é bem balanceado, ora em meio ao caos, ora em momentos oportunos de diálogos para nos aproximarmos dos lados mais vulneráveis dos personagens.
Tudo na medida perfeita.
E, falando em medida perfeita, a química é inexplicável. Um dos melhores hots, sem dúvidas, envolvendo correntes. Porém, também preciso citar um outro momento que acontece em certo clube. A intensidade e tensão s.e.x.u.4.l deles é tão palpável que até eu queria entrar no livro! Don tem cheiro, tem voz, tem gosto, tem respiração, tem toque, é como se ele fosse capaz de sair das páginas para que você conseguisse experimentá-lo. Sim, é uma leitura que beira ao sensorial! haha
Mais do que isso, tem conteúdo, tem história. Há muitos motivos e plots muito bem trabalhados. Cada personagem cumpre com primor o seu papel dentro do enredo bem amarrado com uma escrita fluída e deliciosa. É original, tem personalidade, tem apelo, tem paixão escorrendo das páginas. Uma paixão obsessiva que também nos torna obsessiva com Don, simples assim. Porque ele é crível ao mesmo tempo que é visível, muito bem imaginado e compreendido.
Louise e Don juntos formam uma dupla instigante, que nos motiva a devorar as páginas. São duas mentes partidas por tragédias, por viol.ên.ci4, e principalmente, por si mesmos. Então, juntos, é uma explosão.
DON é um livro que te entrega um mundo novo, pega na sua mão, e te leva para dentro da jaula de um cão. Lá dentro, nós acabamos quase implorando por sermos acorrentadas tamanha paixão. Não é um livro para ser bonitinho, é para ser gostoso, para ser b4ndido, para ser marcante. E bem, Don te marca com mordidas, com correntes. E, depois dessa leitura, você nunca vai olhar para uma balaclava do mesmo jeito.