Emmy 19/03/2024Tinha potencialIncialmente, eu comecei a ler porque a sinopse e a capa me remetia muito à AFTG, mas foi um ledo engano e uma grande decepção.
Sobre a narrativa: no começo, achei estranho o estilo de escrita ser bem simples e direto ao ponto, algo que não é comum nas obras aqui do Ocidente, mas por um bom tempo achei divertido de acompanhar, já que torna bem fluído e divertido. Depois se tornou apenas um indicativo pra pobreza narrativa, uma vez que os hots eram melhor escritos do que todo o resto do livro. Houve cenas de ação que necessitavam desenvolvimento, mas que foi narrado de uma forma tão simples e frouxa que se torna irrelevante para o leitor.
Sobre o enredo (apenas os pontos que me marcaram mais, porém há muitos outros detalhes, como discrepância de informações durante a narrativa etc): acho que a autora não ter descrito mais o esporte foi um grande erro, já que é uma das promessas da sinopse, então a frustração do leitor se torna justificável - aqui, o hóquei se torna mais um utensílio do que uma ferramenta para a narrativa. E então vem as escolhas EXTREMAMENTE burras dos personagens quando se trata do envolvimento dos mesmos com as gangues - os caras vão pro "covil" da gangue rival com 5 gatos pingados e um sonho, e depois vem toda a bagunça dessa cena que torna tudo tão patético e burro (querem me convencer que 4 idiotas e 1 descontrolado emocionalmente deram conta de uma penca de caras numa relativa facilidade?), além do plano estúpido deles de evitar o assalto a uma joalheria como se fossem protagonistas de uma série adolescentes onde todos são "inteligentes" porquê os adultos são burros. Ainda, há o uso de assuntos que deveriam ser tratados com responsabilidade, mas que aqui é um grande objeto pra dar entretenimento: abuso de drogas e o descontrole de raiva de um dos protagonistas - esses assuntos tinham tanto potencial de desenvolvimento, mas que foram completamente perdidos; eu, como uma pessoa que é medicada pra tratar esse tipo de distúrbio de raiva, fiquei meio meh da forma que usaram um transtorno com tanta irresponsabilidade. Enfim, eu não costumo ler avisos de gatilho, mas defendo a existência destes exatamente para evitar que leitores acabem afetados por situações como essa e, infelizmente, o aviso de gatilho aqui é inexistente.
Sobre os personagens: um bando de deus ex machina que no final conseguem tudo que querem e gastam seu tempo realizando coisas que não deveriam ser possíveis pro tempo que se passa a obra e toda a responsabilidade que é colocada em cima dos personagens. A Sophia, por exemplo, ainda universitária e ocupa um cargo alto no jornal e pra calhar tem tempo de ser de gangue e planejar invadir uma joalheria com um sistema de segurança patético. Enfim, os personagens secundários não possuem um desenvolvimento muito bom, por mais que de vez em quando acompanhemos o ponto de vista deles - tudo é muito corrido, superficial e não é mostrado pra nós o impacto dos eventos.