Ana Júlia Coelho 28/06/2024Emma decidiu aceitar um emprego de caseira em um lugar bem isolado, onde seu único vizinho fica a meio quilômetro de distância. Tentando superar uma perda recente, ela dedica seus dias a ler livros, manter sua cachorra viva e interagir, através de um quadro branco e um telescópio, com o vizinho tão tão distante. O que ela não imaginava era o terror que uma avaliação ruim sobre a obra de um autor traria para sua vida, transformando toda essa tranquilidade em uma noite perturbadora.
Emma foi ameaçada pelo autor para ter sua avaliação retirada do site. Ela bateu pé e não voltou atrás. Depois disso, passou a se sentir vigiada, sentia a presença de alguém em seu quarto enquanto dormia, passou a ter certeza de que alguém a perseguia. Até que finalmente o autor dá as caras e diz que vai matá-la.
Terceiro livro do autor, terceiro livro que me sinto totalmente envolvida pela história. Ele é simplesmente fantástico nas descrições, apesar de ter deixado esse livro um pouco menos tenso que os anteriores – ou será meu medicamento me protegendo de possíveis sustos? São pouquíssimos personagens na história, então não tem muitas alternativas para vilão. Mesmo assim, gostei demais do jeito que ele construiu toda essa perseguição.
Uma característica desse livro que eu nunca tinha visto, mas que simplesmente me conquistou, foi a narrativa intercalada entre a realidade e a modificação para encaixar em um livro a ser lançado. Ficou sensacional esse contraste para criar algo ficcional. O que pegou para mim foi usar um transtorno esquizoafetivo para justificar toda a perturbação do personagem. É por causa desse tipo de livro que transtornos mentais são tratados com tanto estigma, porque ainda insistem em colocar vilões e assassinos portadores deles. Também não gostei do ritmo do final, parecia ser um filme com 30 cenas pós-créditos.
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