Mata Doce

Mata Doce Luciany Aparecida




Resenhas - Mata Doce


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Bookster Pedro Pacifico 25/12/2023

Mata doce, de Luciany Aparecida
Na narrativa criada em Mata Doce, a fronteira entre realidade e imaginação é fácil de ser ultrapassada. Maria Teresa, também conhecida como Filinha Mata-Boi, nasce em uma casa com duas mulheres fortes, guiadas pelo senso da espiritualidade e referências na comunidade local. Mariinha e Tuninha são companheiras e mães de uma garota, que pouco - ou quase nada - sabe de sua verdadeira origem.

Além da importância das pessoas que a criam, Maria Teresa é impactada pelo ambiente em que cresceu - e onde permanece para nos contar suas memórias. O casarão fica localizado em um município bem interiorano, de fazendas, que também serve de título para a obra. As rosas brancas que marcam a frente da residência acabam acompanhando a história de Maria Teresa.

No dia do seu casamento, no entanto, Maria Teresa testemunha uma tragédia e uma perda irreparável. O vestido de noiva passa a levar uma mancha que é impossível de se retirar. Mesmo a lavagem do tempo não é suficiente para desfazer manchas tão doídas. Desde esse dia, Filinha Mata-Boi segue uma vida diferente, sob a constante preocupação de suas mães.

A memória e os laços que ligam os marcantes personagens de Mata Doce são o guia dessa história. Em alguns momentos, senti falta de um ritmo que colocasse os acontecimentos em marcha Mas talvez tenha sido essa a intenção da autora: se aprofundar nas marcas da memória. A curiosidade de conhecer mais sobre a relação de Mariinha e Tuninha também me contaminou.

Nas cartas datilografadas por Filinha, encontramos a beleza da esperança de ser ouvido por quem não se sabe onde está e a tristeza que os traumas do passado insistem em alimentar. E, no fim, são esses os sentimentos que encontramos nas folhas e flores de Mata Doce.

Nota 8/10

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Yasmin O. 06/11/2023

Mais um livro que claramente bebeu da fonte de Pedro Páramo, com vivos e mortos se confundindo e se misturando e desaparecendo e reaparecendo, o que é algo que me agrada muito. É longo e na minha opinião desnecessariamente repetitivo em alguns aspectos e desejei um aprofundamento maior em outros, especialmente na segunda metade. Mas ando muito chata, o que pode ter prejudicado a leitura rs. Adorei o enfoque feminino da trama, me encantei por Mariinha e Tuninha, queria um aprofundamento maior em ambas, assim como na introspecção de Filhinha/Maria Teresa na metade final do livro. Chula uma das melhores coisas do livro, não à toa tem uma homenagem especial na epígrafe ❤️. Imagino que vá agradar aos fãs de Torto Arado.
Taysa M. 26/12/2023minha estante
Ainda to no começo do livro e infelizmente o que tá me travando muito são justamente essas repetições desnecessárias. Mas os personagens são tão cativantes, é como se eu tivesse vivendo naquele casarão com elas, que não consigo largar a leitura. Espero não me decepcionar




valmir 06/05/2024

Mata Doce
" O estranho não é o embaralhando das estações, mas o silêncio das certezas."

" Por isso passei a escrever, para ver brotar gente no meu corpo. Para sentir o renascimento das ramas no meu peito".

Belíssimo!
Uma força na escrita, um romance belo e violênto, delicado. Sororidade de mulheres negras. Perdas, lutos, afetos, ressignificação.
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Bruna.Bandeira 30/03/2024

Prosa poética e delicada
Que escrita gostosa! A autora consegue fazer a gente se conectar emocionalmente com a história dos personagens mesmo não ressoando mesmo na nossa vivência. Preparem o lencinho... Maravilhoso!
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Toni 18/04/2024

Leituras de 2023 | Cortesia da autora

Mata doce [2023]
Luciany Aparecida (BA)
Alfaguara, 2023, 304 p.

Mata Doce é um rincão do Brasil entre tempos, regiões e histórias. Um lugar que tem tanto da aridez de um lajedo quanto da exuberância de uma mata fechada a esconder segredos, mistérios e alumbramentos. Nessa paisagem, drasticamente alterada por um rio represado e pela criação de gado, obras de um dono de terras que “fez fama no grito e na bala” (p. 194), a impunidade do homem branco — “ser livre para matar era lugar social” (p. 100) — é confrontada por uma família de mulheres de muitos e ancestrais entendimentos, com quem disputam não só o direito à terra e à dignidade, mas a um passado que não seja urdido apenas por violências.

A partir de um painel de personagens complexas, muitas delas tão tangíveis quanto os objetos que determinam suas passagens e presenças na história, Aparecida nos apresenta uma narrativa cindida por um crime, cuja narradora (também ela duas: primeiro Maria Teresa, depois Filinha Mata-Boi) ora conta sua história com certo distanciamento, ora se coloca em primeira pessoa — um e outro registros marcados pela confusão inevitável entre memória e elaboração. É curioso, a propósito, que a memória dos vivos (produzida por traumas diversos) seja no romance muitas vezes estanque e assombrosa, marcada por imagens fixas (a noiva ensanguentada, a careta de boi etc), enquanto que a memória dos mortos, a priori aprisionada à lembrança de quem vive, apresente-se como agente de mudança, ainda capaz de influenciar destinos.

Em certa medida, esse embaralhamento de tempos e estados traduz uma cosmopercepção espiralar (v. Leda Mª Martins), presente nas filosofias afrocentradas e indígenas, em que o passado nunca é estanque e o tempo é entendido como uma experiência cíclica e dinâmica. Nessa perspectiva, eventos e experiências se repetem, mas com variações significativas, promovendo continuidade e renovação: o tempo é uma espiral que conecta passado, presente e futuro. Essa imagem é sustentada pelas rosas que adornam a casa da professora Mariinha e da travesti Tuninha em Mata Doce, e traduzem toda a força de uma narrativa carregada de espinhos e ternura.
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Joel.Martins 21/01/2024

A literatura brasileira, mais uma vez, desempenha seu papel ao resgatar as histórias de mulheres que lutaram para sobreviver e construir o Brasil. Estou extasiado com Mata Doce e ainda processando um turbilhão de emoções. O trecho escolhido para publicação destaca a protagonista, Filinha Mata-Boi/Maria Teresa, e o povo de Mata Doce, revelando as injustiças de mais uma forma do coronelismo, que usurpa direitos e destrói vidas. No entanto, o livro também é puro amor, um amor que as une.
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LimaOLimao 31/03/2024

Parece clássico, mas não é.
Enredo - 3,5 Estrelas ( Bom 

Foi um enredo totalmente fora do que eu esperava e do que eu tinha imaginado para o final do livro. E é muito estranho quando se depara com um enredo que não tem nenhum acontecimento que você já tenha lido ou visto em outros livros. 

Eu mesma, tive que voltar e reler a parte final, para poder assimilar melhor o que tava realmente acontecendo. O livro aborda temas espirituais, assuntos que envolve religiões de matriz africana. Então tem algumas situações que ficam subtendido e as vezes é um pouco confuso de compreender, mas foi uma soma de acontecimentos que me fizeram ler até o final e gostar. 

Personagens - 2,5 estrelas ( Bom

No início não me conectei com nenhum, mas entendendo o peso deles no enredo, comecei olhar em outra perspectiva. Não amando, mas me conectando o suficiente pra não achar que foram só jogados ali sem nenhum propósito. 

Escrita - 2,5 Estrelas ( Bom 

Escrita que remete a escrita de livros clássicos, coisas impressionante, tendo lançado esse ano. No início, achei confuso e pensei que não iria conseguir entender boa parte do que se falava no livro, tanto em relação a narração, quanto nas expressões dos personagens. 

Mas foi uma experiência boa, já que eu não tenho experiência com a escrita dos ?clássicos?, provavelmente irei fazer uma releitura, e fazendo isso, vai me ajudar a adquirir mais informações que talvez eu não tenho e percebido ou entendido. 

Mas o que foi difícil, foi como em alguns momentos, a autora separou o ponto de vista para outro. Em um momento a protagonista só menciona um outro personagem, e logo depois o dito cujo aparece no ponto de vista dele. Então, assim? confuso. 
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Maria Amélia 29/03/2024

"Mata Doce é um romance épico, delicado e poderoso, que entrelaça passado e presente em uma obra majestosa, e desde já um marco da literatura brasileira contemporânea."
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25/03/2024

Mais um afago da literatura nacional.
Mata Doce é um livro sobre força, luto, tristezas e recomeços.
Encontros e traumas. Dor e afeto.
Que livro rico! Tem elementos da Umbanda e aspectos históricos do povo Iorubá. Tem também missa e padre. Tem amor e poesia.

Um livro com e sobre mulheres fortes, que outra opção não tiveram além de sê-lo. Força geracional, transmitida independentemente de laços sanguíneos.

Muito bom!
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Matheus 04/11/2023

"O tempo era soberano em Mata Doce. Qualquer coisa passava. Mas contra o tempo resistia a memória, e naquele lugar o reinado era dela. Tudo ali favorecia o não esquecimento. A iluminação do amanhecer e do cair da tarde desenhava cenários por onde o tempo deslizava em espiral. Passado presente e futuro nunca deixavam de se abeirar."

O enredo de Mata Doce se desvela como uma memória a muito guardada, na qual passado e presente se confundem nas reminiscências que existem de um no outro. Memórias de afeto e violência, trauma e saudade, amor e ódio, são extremos que se entrelaçam ao longo da narrativa, à medida que acompanhamos o desenlace de cada um dos personagens que habitam o fictício povoado.

Em Mata Doce, pouco resiste a fronteira entre a realidade e o sobrenatural. Fé e ancestralidade são fios condutores que moldam a vida de personagens como Maria Teresa (Filinha Mata-Boi), suas mães Mariinha e Tuninha, e amigos de longa data como Mané da Gaita, Venâncio e Thadeu. Todas essas figuras são profundamente brasileiras, inconfundivelmente nordestinas, interioranas e, por isso, tão autênticas. Suas crenças e costumes compõem esse universo tão vívido e único do povoado inventado - ainda que se encontre muitos semelhantes a esse Brasil afora.

Com a delicadeza e, ao mesmo tempo, a força de sua história, o primeiro romance de Luciany Aparecida se tornou uma das leituras mais interessantes desse ano. As sagas de vida da Filinha Mata-Boi, das mulheres da Vazante e dos populares de Mata Doce são inspiradas nas histórias de milhares de brasileiros que povoaram o nordeste do Brasil e enfrentam a violência, a seca, a exploração, o coronelismo e a disputa de terras.

Nesse romance, a autora Luciany Aparecida nos mostra que, ainda que se conte histórias de violência e injustiça, é possível se celebrar com poesia a resistência dos costumes, das memórias e do inestimável legado deixado por aqueles que foram silenciados ao longo de toda a nossa história recente.
Danilo 04/11/2023minha estante
????




Lili 25/03/2024

O vai e vem temporal, os muitos personagens, podem ser um pouco confusos no início da leitura, mas por favor, nao desistam, é uma leitura belíssima!
É sobre dores, traumas, amores, sobre fantasia e religiosidade e respeito entre crenças distintas, tudo desenhado numa escrita poética, mas zero cansativa.
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@loop.literario 19/01/2024

Mata Doce Luciany Aparecida - 2023 / 304 páginas - Alfaguara
E já temos um favorito saindo do forno por aqui. A leitura de “Mata doce” foi recheada de delicadeza, tristeza, choro e acima de tudo muito amor.

Mata doce é o cenário desse livro, e traz consigo a herança de ser um “lugar de acolhimento e amparo para mulheres desvalidas”. Fundada por Eustáquia da Vazante, o povoado começou acolhendo quem escapava para a liberdade, assim como ela.

Mariinha (neta de Eustáquia) era casada com Tuninha e juntas adotaram Maria Teresa, nossa protagonista. Viviam em um casarão rodeado de rosas brancas e com vistas para o lajedo de pedra. Pelo casarão diariamente passavam diversos personagens que compunham essa rede de amor: vaqueiro, ferreiro, ex-prostitutas e vendedores de quebra-queixo (doce típico baiano) entre outros. Mas também o Coronel Gerônimo Amâncio, homem branco, herdeiro de terras e dono de cabeças de gado.

Noiva de Zezito, Maria Teresa está ansiosa pelo grande dia, e na véspera do casamento, durante a última prova do seu vestido, uma tragédia acontece. Sua vida muda para sempre.

A linguagem de Luciany é lírica e envolvente, nos deixando apaixonados pela história a cada virar de página. As estruturas das frases, o ritmo, a escolha de palavras tudo conversa com a obra. Sua sensibilidade transborda, e por diversos momentos me emocionei com tudo o que aconteceu nesse pequeno vilarejo com essas pessoas que ficaram tão próximas a mim, que foi quase impossível me despedir dessa história.

A narração intercalada entre terceira e primeira pessoa deu um toque especial à narrativa, nos permitindo acompanhar o desenvolvimento desses personagens tão únicos.

Os personagens são multifacetados e realistas, tinham diversas camadas emocionais, trazendo verossimilhança tanto para suas ações como para as reações.

Além disso, Luciany não deixa de trazer para o leitor uma temática tão importante: a seca no nordeste e o poder que o domínio das terras dá aos homens. Com isso elas nos deixa uma mensagem sólida das consequências de certas atitudes.

Seu romance de estreia me arrebatou e ainda falarei muito desse livro pela frente. Só leiam!!

Minha Bahia de Itamar agora também é minha Bahia de Luciany.
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Sofia 07/01/2024

A narrativa como uma cobra branca
Eu demorei demais para engrenar na leitura. A não linearidade da narrativa torna a leitura difícil, mas, conforme avancei no texto, fui sendo tomada pelas personagens, envolvida pela história. Os capítulos finais foram os que mais me prenderam e, acabada a leitura, tive vontade de voltar ao começo para compreender melhor toda a narrativa.
De certa maneira, Luciany faz de sua narrativa a cobra branca que marca presença discreta no enredo.
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Roberta.Vilarino 11/01/2024

Para além dessa capa linda!
Para alem dessa capa linda, Mata Doce certamente tem potencial para se tornar um clássico.

Uma prosa poética que nos envolve e nos encanta com seus grandes personagens.

Um romance que fala de memórias, perdas, lutas, afetos.

Mata Doce traz histórias brutais com muita delicadeza.

"Mata doce é uma história de fantasmas, ou, antes, daquilo e daqueles que persistem em nós"

Hoje não abro outro livro, pra deixar reverberar esse encantamento pelo lajedo de Mata Doce!
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