DêlaMartins 24/06/2024
Isabel Allende um pouco diferente, mas ainda sim, interessante. Nesse livro, ela nos conta histórias diferentes com um tema constante: separação, perda de entes queridos, migração.
Tudo começa em Viena, quando o pai do menino Samuel Adler desaparece na chamada “noite dos cristais”, um ato de horror contra ao judeus, que aconteceu em 1938. Com a casa praticamente destruída, assim como sua vida, a mãe de Samuel não vê saída além de embarcar o garoto para a Inglaterra, sozinho, fugindo da guerra. Começa, então, a saga de Samuel, que desde menino é um exímio músico e segue esta carreira, estudando, mudando de país e de cuidadores, se casando.
Também conhecemos Leticia, que foge de El Salvador com seu pai em 1982, quando perderam tudo e a todos durante um massacre em seu vilarejo.
Temos também Anita Diaz, menina que em 2019 sai de El Salvador com sua mãe, fugindo de um criminoso. Elas são capturadas e, como chegam ao país no momento em que a política de Trump separava os pais dos filhos, cada uma delas é enviada para um lugar diferente e Anita fica sozinha em um orfanato e em algumas casas, sofrendo bastante com a ausência da mãe.
Selena e Frank, que trabalham numa ONG que ajuda as crianças a se reunirem com os pais, são bastante atuantes na narrativa, trabalham para unir Anita e sua mãe e, de alguma forma, são os responsáveis por juntar a todos.
Conhecemos as vidas dos personagens ainda em seus países e depois que deles saem, até que, mesmo parecendo improvável, todos são reunidos no final do livro, numa corrente de ajuda e de humanidade muito bonita.
Um bom livro que aborda sofrimento, separação, tristeza, injustiça, mas também força, resiliência, empatia, humanidade. É incrível como as políticas dos países (ou seriam pessoas?), suas guerras e acordos sangrentos destroem pessoas e famílias, causam sofrimentos que nunca serão totalmente reparados. Achei o final um pouco corrido, mas a história não perde seu valor.