Andrés Carreiro 30/03/2011Depois dos vampiros bizarros (brilhantes?), uma história que retoma o viés clássico, ambientado na Idade das Trevas...Não é mistério para ninguém que escrever sobre vampiros se tornou quase um clichê (se já não o é) na literatura mundial. Vários livros são lançados por ano com os mortos-vivos protagonizando suas respectivas histórias. Contudo, e acredito piamente nisto, talvez o clichê não esteja exatamente no personagem em si, mas na estrutura da história. Vemos frequentemente a mudança de criatura, mas basicamente a mesma história, voltada para um público adolescente ou digamos infantilizado. Talvez as “crianças da noite” sejam injustiçadas neste contexto atual. Digo isto, pois O Preço da Imortalidade foge completamente deste clichê adolescente, colegial, etc. Nesta história, passada na Idade Média (Século XIII), conheceremos William Brenauder, que completamente desmemoriado dos últimos acontecimentos de sua vida, descobre que foi transformado em vampiro e que perdera sua estimada família. Neste excelente livro, veremos como William lidará com sua nova condição, seus temores e a própria contradição com sua fé cristã.
Um ponto a se destacar nesta história é a linguagem acessível que ela tem. Felipe Santos, em sua obra de estréia, demonstra o dom de comunicar com simplicidade, atendo-se a história em si, sem exibicionismo estético.
Personagens são muito marcantes, e facilmente nos familiarizamos com os mesmos. William é um personagem muito bem concebido e marcante. Ficamos solidários com sua condição e queremos, junto com ele, descobrir a verdade dos fatos. Não dá para ignorar sua história, seus dilemas, sua jornada.
Eu pessoalmente não sou muito fã de vampiros, mas desde que ouvi falar neste livro, fiquei intrigado com a história. O autor saía completamente, pela sinopse, do lugar comum que o tema estava fincado. Acredito que isto é o primeiro passo na jornada de um grande escritor. É mais difícil pegar um tema batido e construir algo novo, do que criar algo novo que peguem os outros de surpresa. Um ponto positivo imediato para o livro.
Outro ponto, que talvez desagrade alguns leitores, mas a mim não o fez, foi em alguns pontos da narrativa o uso de expressões corriqueiras. Isto quebrava um pouco o peso medieval proposto que o livro carrega em si, mas que também, por outro lado, fazia o alívio necessário para não tornar a leitura extremamente tensa. Isto é uma avaliação que fica a cargo de cada leitor, e não retirará a grande qualidade deste trabalho.
Para quem gosta, e não gosta, de vampiros, O Preço da Imortalidade é um livro que recomendo muito. Ali o leitor fugirá dos vampiros “brilhantes”, e encontrará o bom e clássico vampiro num ambiente pouco explorado até então: A Idade Média. E não só vampiros esbarrarão no leitor; uma gama de criaturas mágicas povoarão a imaginação daqueles que se aventurarem nas cercanias de Amyville, Inglaterra .
Nota 8,5