Vitória 11/12/2022
Mais um livro da rainha do slow burn. Eu tenho vários da Mariana aqui em casa, mas vinha adiando esse segundo contato com ela por medo de me decepcionar. Depois de ter caído de amores pela muralha de winnipeg, muita gente veio me falar que aquele era o melhor dela, e que nenhum dos outros chegava sequer perto daquela maravilha. De fato, Kulti não superou a muralha, mas nem por isso deixou de ser incrível.
Aqui temos outro livro com esportes, mas a autora teve a ideia perfeita de trazer isso pra história pela perspectiva da personagem feminina. Sal é uma jogadora de futebol que, mesmo amando demais o que ela faz, não deixa de mostrar pra gente todos os problemas que ela tem que enfrentar nesse meio pelo simples fato de ser uma mulher. Eu perdi as contas de quantas vezes quis socar um homem nesse livro. É revoltante ver um time feminino sendo comandado por homens héteros, brancos e velhos, e isso fica pior ainda quando a gente pensa que a realidade tá bem próxima do que vemos no livro. Mesmo sendo uma jogadora incrível, que se desdobra em sei lá quantas jornadas de trabalho por não ganhar o que ela merece e não conseguir se sustentar apenas com o esporte, a Sal é silenciada diversas vezes aqui, e a autora soube retratar muito bem a mulher incrível que ela é, e todas as lutas que ela tem que vencer pra alcançar seus objetivos, é impossível não amar essa mulher.
O Kulti me deu nos nervos durante boa parte do livro. Como acontece na muralha, aqui a gente só tem narração pela perspectiva da protagonista, então ficamos um tanto quanto distantes dele durante grande parte da história, já que no início as interações dele com a Sal são mínimas. Poucas vezes eu tive vontade de dar um soco na cara do Aiden, mas isso aconteceu trocentas vezes com o Kulti. Por causa disso, enquanto estava nas primeiras 200 páginas do livro, eu cheguei a pensar que daria apenas uma nota 4 pra ele e seguiria em frente, mas tudo mudou quando o Rey e a Sal se aproximaram de verdade. Foi algo bem mais lento do que na muralha (tô comparando demais, né?), afinal aqui não temos um casamento de conveniência, mas nem por isso deixou de ser lindo. Eu amava ver cada momento de conversa entre os dois, perceber as pequenas atitudes do Rey cuidando da Sal, e tudo só melhorou depois do acidente no meio do jogo.
Depois que essa mulher foi parar no hospital, eu comecei a chorar e só parei no final do livro. Eu tinha pesquisado o significado de schnecke desde a primeira vez que o Rey chamou a Sal desse jeito, mas ver ele explicando o significado por trás daquilo acabou comigo. O primeiro beijo desses dois foi o motivo de um dos meus grandes surtos do ano (sim, eu chorei de soluçar com um beijo), e acho que não superei aquilo até agora. Mesmo depois disso tudo, eu cheguei a pensar que toda a história da Sal ser fã do Kulti desde que se entendia por gente ia me incomodar de alguma forma, mas o homem chegou com aquela cartinha e me desarmou totalmente. A cena hot é perfeita. Ela só chega nas últimas 10 páginas do livro? Sim, mas vale a pena cada página esperando por ela. A Mariana não é do tipo de autora gringa que faz um hot meia boca quase poético e passa logo pra próxima página, não, ela faz questão de dar uma recompensa das boas pras leitoras que passaram mais de 500 páginas esperando por esse momento. E, de novo, eu chorei em cada palavra dessa cena. Depois desse livro eu sou a mais nova cadelinha de Reiner Kulti.
Antes de ir pro motivo que me fez não favoritar esse livro, eu preciso de um momento pra exaltar o pai da Sal. Que homem maravilhoso. Eu passei grande parte desse livro chorando, mas posso dizer que quase todas as minhas gargalhadas foram motivadas por ele. Sobre o fato de dar 5 estrelas, mas não favoritar, eu vou ter que fazer outra comparação com a muralha (juro que é a última). Lá, a gente tem uma conversa entre a Vanessa e o Aiden sobre o passado dele sobre o passado dele, e eu senti falta disso aqui. O Rey até fala sobre o assunto com a Sal, mas isso acontece antes dos dois ficarem mais próximos, e é algo muito superficial. Se a autora tivesse gastado mais 5 páginas nisso, esse livro se tornaria perfeito. Ainda assim, Mariana continua no meu top 1 quando o assunto é romance slow burn. Não vejo a hora de chorar feito uma condenada com outra história dessa mulher.