JubsKulnig 27/09/2024
Considerações: A Gente Mira no Amor e Acerta na Solidão
Acredito que posso começar a discorrer minhas observações a partir do simples, mas grandioso, fato deste livro ter me impactado de uma forma absurdamente diferente da minha última leitura (felizmente), sendo ela a obra "Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado". Ao contrário do título da Dra. Ana Beatriz Barbosa, a teoria do desejo que autora Ana Suy apresentou se fez prática na minha própria leitura: eu tive de me conter para não ler tudo de uma vez, senão logo acabava, e era tudo que eu menos queria. Talvez meu encanto tenha envolvimento com os flertes que possuo com as teorias psicanalíticas, mas faço questão de detalhar tudo aquilo que me chamou a atenção nesse livro! Ou, melhor dizendo, faço questão de expor todos os *restos* que comigo ficaram, porque já sei que indicarei esse exemplar muito frequentemente, e compartilhar essa mini experiência pode ajudar a potencializar isso.
Primeiro, destaco que a autora conseguiu concretizar maravilhosamente seu desejo descrito nas primeiras páginas, aquele desejo de fazer com que o livro se assemelhasse à uma conversa (e que ótima conversa!!). Acho que é seguro dizer que foi o único livro, até agora, que, de fato, me deu uma sensação de diálogo, mesmo que eu tenha ficado em silêncio o tempo todo. Talvez por eu, logicamente, ter compartilhado minha solidão com ela durante a leitura toda.
Além disso, a autora cita, acho que umas 3 vezes, o filme "Cisne Negro" de uma forma sensacional! Não sei você, mas, quando vi o filme, fiquei super nóia das ideias, é uma direção que brinca muito com o seu psicológico (num bom tom, ao menos ao meu ver). A razão dessas citações se deve às formas de tentar explicar as teorias apresentadas no livro, tornando o entendimento um pouquinho mais tátil. E, pra mim, ter uma análise sobre a psique da protagonista Nina deu um gostinho ainda melhor para o filme. Claro, para a minha compreensão sobre o todo da obra também (talvez ainda mais).
Resumindo um pouquinho mais, eu diria que esse livro vai muito além de te convidar para um papo cabeça, porque ele alcança o espaço de te fazer refletir mesmo fora desse diálogo silencioso. E eu sou fascinada por conteúdos desse gênero. Os que te fazem pensar, refletir, os que conseguem ser intensos de uma forma boa. Gostei muito de aprender uns termos que nunca nem tinha ouvido falar, como o famoso "recalque", por exemplo. Gostei, também, como em cada capítulo a autora citava diversos trechos de cultura, como músicas de Chico Buarque, poesias de Clarice Lispector etc.
Mas gostei, mais que tudo, de como esse livro me fez genuinamente ficar incrédula (do jeito gostoso) com minha própria cabeça e pensamentos. Em muitos momentos, a autora explicita que não há vida sem amor, que não há aproveitamento sem doses de ignorância, entre diversas outras questões que podem ser meio "polêmicas" na visão da gente. E, justamente por furar esses ideais que eu considerava como verdades minhas, me senti muito bem. É tipo levar um sacode da vida depois de estar se sentindo formigar por tanto tempo: é muito bom!!
O impacto dessa obra me foi tanto que cheguei a escrever teorias/conclusões que interpretei a partir do que ia lendo, e eu jurava que não era do tipo que prestava para escrever! Pois bem, esse livro me provou o contrário de diversas coisas. Gente, é sensacional, sério mesmo. Apenas leiam, eu garanto que ao menos alguma coisa nessa obra vai mexer contigo. Talvez te interrogar, desconfortar, te dar alívio, talvez discordar... eu sei lá. Só sei que *alguma coisa* muito maneira vai rolar.
Para esse título, dou 5 estrelas sem nenhum pingo de desconfiança
- Porque o único detalhe ruim dele é que ele acaba : )