Aione 18/01/2022Para Sempre Interrompido é o primeiro romance de Taylor Jenkins Reid, embora seja um dos mais recentes lançamentos da autora pela editora Paralela. Com tradução de Alexandre Boide, que também transpôs para o português os demais trabalhos da autora, foi originalmente publicado em 2013.
Elsie e Ben se conheceram, se apaixonaram e se casaram em um intervalo de seis meses. Então, após uma semana de casamento, Elsie fica viúva, sendo obrigada a lidar com o luto e as transformações meteóricas a que foi submetida.
Para Sempre Interrompido alterna entre os capítulos as narrativas de passado e presente, reconstruindo a relação de Elsie e Ben do começo ao fim abrupto conforme narra as dificuldades enfrentadas por Elsie após a morte do marido. Assim, Taylor Jenkins Reid intensifica as emoções da protagonista, já que o desenvolvimento do romance é o tempo todo interrompido pelo lembrete de como ele foi finalizado. Também, cria certa curiosidade e expectativa, uma vez que há aspectos sobre o casamento não completamente elucidados — e que só são revelados mais ao final da trama.
Por ser um livro cuja premissa é trágica, é de se esperar o fator emocional proporcionado pela leitura. Contudo, Para Sempre Interrompido não me arrebatou — sequer me emocionou. Sendo esse o romance de estreia de Taylor Jenkins Reid, imaginava que poderia ser um trabalho menos amadurecido, e não me enganei. Os sentimentos relatados são todos bastante sinceros, complexos e delicados, seja por envolverem o luto, seja pela complicada relação de Elsie com os pais ou, até mesmo, por toda confusa intensidade emocional característica do início de relacionamentos, que é demonstrada no processo do casal se apaixonar. Porém, sinto que os personagens e suas emoções exigiriam maiores nuances para que parecessem pessoais reais, e não meras figuras ficcionais. Assim, tive dificuldade em me conectar especialmente com a protagonista, por mais que eu me solidarizasse com sua condição. Foi como se eu visse a evolução da história como uma observadora externa, mas sem a sensação de ligação emocional que acontece quando de fato imergimos em uma leitura.
Também, outra transformação de Taylor Jenkins Reid diz respeito a visões de mundo. Há certos comentários e atitudes de personagens que não condizem com o que a própria autora trabalha em obras futuras, indicando uma mudança pessoal nesse sentido. Quando me deparava com alguma dessas passagens, sentia como se estivesse lendo algo de outra pessoa. Não chega a ser um problema no livro, foi apenas um estranhamento de quem está acostumada a ver a autora defender determinados pontos de vista.
Por tudo isso, Para Sempre Interrompido foi o único livro de Taylor Jenkins Reid que não gostei — e talvez minha experiência tivesse sido outra caso fosse meu primeiro contato com sua escrita, já que eu não teria como comparar a escritora iniciante com quem ela se transformou. Ao mesmo tempo, achei válida a experiência, tanto por ser fã da autora e desejosa de acompanhar toda sua obra, quanto por poder sentir sua evolução e amadurecimento profissional.
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