Lipe 30/11/2021
INQUIETANTE
Inquietante, acho que é a melhor palavra pra *tentar* resumir o livro. A Lia quase que nos obriga a formular teorias por conta das informações que ela vai soltando aos poucos, e isso faz com que a história entre na nossa mente. Eu não consegui dormir sem pensar se eu estava sendo vigiado; e eu não podia escutar nada a noite que já pensava em algo relacionado ao livro.
Dá um pouco de paranoia, não vou mentir. Inclusive, o Prólogo já meio que avisa isso no parágrafo “No fim das contas, você abriu o livro, também, e fez isso porque quis. Não sabia o que estava fazendo, só que ignorância não vai te poupar das consequências”. E de fato, fui desprotegido e voltei arrebatado (risos).
Apesar disso, os alívios cômicos são maravilhosos. O livro ainda consegue ser poético como no capítulo “Tu não foges de ti”, uma clara referência a Hilda Hilst (maravilhosa) e é meu capítulo favorito.
De modo geral, a escrita da Lia é perfeita. Ela consegue te envolver de uma forma quase desrespeitosa, sem pedir licença para entrar na sua mente. Descreve muito bem sensações, cenários, personagens com uma pluralidade riquíssima narrando em 3ª pessoa na maior parte do tempo (será?).
É um livro relativamente curto mesmo, mas vem também recheado com uma carga filosófica que eu amo, apresentando elementos que sustentam uma reflexão sobre a vida, nossos desejos, nossos sonhos e nossos medos, quando ela escreve, por exemplo “Quando você não pertence nem a vida e nem a morte, a quem pertence?”.
O livro ainda deixa espaço para uma continuação e eu estou aguardando ansiosamente por mais.