Por que você voltava todo verão?

Por que você voltava todo verão? Belén López Peiró




Resenhas - Por que você voltava todo verão?


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Sabrina758 26/03/2024

Comecei essa leitura de forma despretensiosa e não esperava me deparar com um relato tão cru e doloroso, apesar de saber do que se tratava. Numa narrativa que mistura ficção e realidade, visto que a autora foi abusada sexu4lmente, somos expostos à revitimização pós denúncia, que ocorre de todas as partes; seja a família, justiça, profissionais de saúde, a comunidade, etc.

O despreparo e o descaso são evidentes na maior parte, senão todos, os casos de estupr0. Esse livro é um soco no estômago e a forma como a Belén estruturou faz com que sintamos o desamparo. Os capítulos se intercalam entre o pov da vítima, o abusador, familiares, conhecidos, profissionais e também os depoimentos, de forma que não é declarado previamente quem é, então descobrimos enquanto lemos.

Uma coisa que chama atenção aqui, e é comum nesses casos, é a negligência parental. O lar desestruturado, condição socioeconômica difícil, falta de diálogo, entre outras coisas. O abusador, também, é alguém que tem fácil acesso à vítima, e é uma pessoa de "confiança" e que, através de sua influência, seja poder aquisitivo ou serviços prestados para as pessoas, tem todo mundo na mão, tornando a denúncia ainda mais difícil.

Foi uma leitura que, pra mim, soa como um grito de socorro, mas também uma tentativa de retomar o controle da própria vida. Em vários momentos nos deparamos com o quanto a vítima é enquadrada nessa caixinha, como se não existisse mais nada que ela pudesse ser além disso, o que não é verdade.

Por fim, acredito ser um assunto que precisamos abordar cada vez mais, ainda que seja doloroso e desconfortável. Foi uma leitura difícil de fazer, e seria irresponsável da minha parte dizer qualquer coisa contrária a isso, visto que há descrições explícitas. Ainda sim, recomendo para quem não tiver gatilhos com essa temática.
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Ivandro Menezes 16/10/2021

Um relato duro e necessário
Por que você voltava todo verão? é um relato angustiante de uma série de abusos sofridos por uma adolescente dos 13 aos 17 anos por um tio acima de qualquer suspeita.

A ausência dos pais, o silêncio da tia, as acusações da prima, os insultos, e a omissão e desconfiança das tias, a indiferença do advogado, a ajuda da psicóloga, a indiscrição dos procuradores, as dificuldades e burocracia da Justiça compõem uma mescla de elementos que terminam por aprofundar, desamparar é desestimular às vítimas a buscarem apoio e justiça.

A polifonia predomina a narração. Não há apenas a voz da vítima, mas de todo o seu entorno, revelando perspectivas e amplificando o contexto familiar e social que revelam os lugares da vítima e do abusador. No mais, as peças processuais também são postas entre os fragmentos de narrativas.

O romance é também um relato autobiográfico, haja vista que a própria Belén sofreu a violência descrita por sua protagonista.

Apesar de curto, é duro e angustiante. Constrói o relato difícil e triste desses abusos sexuais, e revelam as múltiplas violências que se seguem: a desconfiança em relação à vítima, a camada de proteção ao agressor, o silêncio dos familiares, as agressões etc.

Um relato duro e necessário.
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Vanderni 17/04/2022

Impactante.
Abuso sexual. Uma adolescente em situação de risco, um tio abusador. A mesma história do lobo em pele de cordeiro. A mesma história de culpa, constrangimento, revolta, dor sofridos pela garota. A mesma história de negação, omissão de quem devia proteger, culpabilização da vítima. Até quando? Quantas mais? Livro necessário.
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Taynara Lima / @taaynaralima 18/09/2022

Apesar de ser um livro rápido, tem 120 páginas, a escrita da autora é confusa não gostei muito de como foi construída, em muitas vezes era difícil identificar quem estava narrando ou o que. O livro acaba de forma abrupta, exatamente como é ao longo dele, você não sabe muito bem o que está por vir. E ele acaba sem você nem perceber.
Pesquisei e vi que já foi lançado lá fora o segundo livro. Vamos aguardar se vai ser lançado aqui e talvez eu consiga finalizar a história.
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Retalhos e Prefácios 03/07/2022

Coragem!
Ler qualquer coisa sobre violência sexual é sempre muito difícil. Quando esse relato vem da própria vítima, fundamentado com depoimentos do julgamento, tudo fica ainda mais indigesto. Mas, sem dúvida, o mais cruel aqui foi ver como uma vítima é desacreditada quando o abuso parte de alguém da própria família.
Como as pessoas fingem não ver, não acreditam, e se colocam contra a própria vítima na tentativa de manter as aparências.
Isso acontece todos os dias, em milhares de lares mundo a fora. Mas é sempre muito difícil estar diante de um desses relatos.
A autora foi corajosa demais e espero que, cada vez mais, mulheres que passam por essa situação se fortaleçam e exponham seus abusos, independente do apoio familiar ou falta dele.
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kiki.marino 17/01/2022

Das palavras da escritora:

"Querida, colocar um homem sob a lupa sempre sai caro. A hombridade, o machismo dele, pesa mais do que a sua integridade e a das outras meninas. É assim, sem dúvida. Mas não se sinta especial. Acontece com todas. As que denunciam e as que não denunciam, as que guardam a sete chaves o segredo e as que gritam aos quatro ventos."

E não acaba ao fechar este livro...
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Adrieli Volpato 18/01/2022

Por que você voltava todo verão?
Por que você voltava todo verão? De autoria da Argentina Belén lópez Peiró traz o relato da violência sexual sofrida pela autora, durante sua adolescência, por parte de seu tio.

É um livro que traz o debate da importância da denúncia e a não consideração pela palavra da vítima.

Sem dúvidas, é um livro que nos toca e nos faz refletir sobre a violência sexual.
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Léa Diógenes 05/07/2022

A realidade como ela é.
Vítimas de abusos sexuais sempre são julgadas, não entendo, mas a sociedade sempre arranja um jeito de transformar as vítimas em culpadas por terem sofridos os abusos.

É o que acontece nessa história.
A própria família mesmo sabendo a veracidade do relato, prefere se manter ou em cima do muro, ou a favor do o abusador.

Nessa história a vítima é a culpada e ponto final. Não importa o que ela sofreu, as dores que ele causou, a angústia que sentiu em ter seu corpo violado, a pergunta que todos faziam eram: porque então ela voltava todo o verão? Por que não disse isso antes, na época que em acontecia os abusos? Por que deixou passar tanto tempo para denunciar?

A leitura me causou raiva e muita indignação. Eles trataram a jovem como se fosse um brinquedo, lavou tá novo!

Sua palavra não valia nada...

Apesar da narrativa ser diferente, com várias vozes e principalmente pela autora incluir perspectivas diferente para o mesmo acontecimento, vale muito a leitura desse livro.
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Osmar Weyh 08/01/2023

Como é ser abusada?
"Chamá-las de vítimas é fodê-las outra vez. E outra vez. É convencê-las de que estragaram a vida delas, que a história delas começa e termina ali, com o cara lá dentro."

"Até quando lhes dão um nome, te fodem. Chamá-los de abusadores é fazer um favor a eles. É reduzir a sua loucura, a sua perversão, a uma minúscula demonstração de negligência. É colocar uma etiqueta apresentável em psicopatas que não só fodem meninas à força ou as desvirginam com os dedos até sangrarem como também batem nelas e as agarram até transformá-las em pó."

Uma leitura necessária, um desabafo, uma memória impressa de uma lembrança cruel. A cada página, uma peça que se encaixa e nos colocamos no papel desta vítima, sofremos um pouco com ela. É sentir na pele um pouco do que ela sentiu, a vergonha, o medo, o nojo...
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Clau ð» 12/02/2023

Comovente
Um livro breve, mas cheio de emoção. Só quem viveu um abuso sabe a dor que isso causa. As consequências são pra uma vida toda! um livro sem meias palavras, tenso e necessário.
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Kéziah Raiol 13/03/2023

O livro em questão aborda de forma autobiográfica a história de uma vítima de abuso, destacando a ausência dos pais, o silêncio da tia, as acusações da prima, a omissão de outras pessoas próximas e a indiferença do advogado, entre outros fatores que desestimulam as vítimas a procurarem ajuda. É importante ressaltar a sensibilidade do tema e a relevância da obra em trazer à tona uma realidade tão dolorosa, que muitas vezes é negligenciada pela sociedade.
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Stephen Rose 14/09/2021

Chega de assédio!
Simplesmente uma das narrativas de não-ficção mais criativas que eu já li nos últimos anos. "Por que você voltava todo verão?", da jornalista argentina Belén López Peiró, é um necessário e corajoso livro para desmascarar criminosos protegidos por nossas famílias. O assédio encontra morada nessa sociedade patriarcal heteronormativa que legitima o abusador e deslegitima a vítima.
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romulorocha 07/01/2022

Por que você voltava todo verão? de Belén L. Pieró 10/10
[Alerta de gatilho - violência sexual]

E aí, como é ser abusada?

É assim que uma jovem abusada por seu tio dos 13 aos 17 anos "termina" de contar a sua história. Exatamente com essa sensação, a de que nunca será suficiente apenas dizer o que aconteceu para as pessoas. Ela sempre será questionada, julgada, exposta e silenciada. Ela terá que apresentar provas de sua dor, terá de ouvir "dos fiscais da lei" que amostras de DNA e exames periciais são provas insuficientes, terá que revisitar seus traumas incontáveis vezes para incontáveis pessoas, terá que se sentir culpada por causar "desconforto" em seus familiares, terá que lidar sozinha com as consequências indeléveis do abuso em sua vida sexual. Terá de sobreviver. Porque ela não é uma vitima, é uma sobrevivente. Ela tem um nome. Ela se chama Belén López Pieró.

Um livro de 120 páginas, que pode ser lido em pouco tempo, mas que ecoa em nossa mentes por longas horas. É triste saber que essa é uma realidade não só na Argentina ou no Brasil, mas no mundo. De acordo com um último censo do IBGE, 1 em cada 10 mulheres relatam já ter vivido algum tipo de abuso. Isso me faz pensar, e os abusadores? onde eles estão? Com certeza, não estão na cadeia. Provavelmente, estão bem mais perto de nós do que imaginamos. E nós, o que faremos? Vamos nos calar e fingir que nada aconteceu também? Quando nos calamos, são eles que falam, ou melhor, eles [...] outra mulher.


Trechos do livro:
?Você está cansada de ser questionada? Pode se acostumar, porque ainda falta um tempo. Por que você voltava, por que não falou, por que você
deixou que te fodessem? Esquece, nunca vão aceitar o que você diz. Sempre vão te questionar. Você, a sua palavra. Querida, colocar um homem sob a lupa sempre sai caro. A hombridade, o machismo dele, pesa mais do que a sua integridade e a das outras meninas.?

?Sempre é mais fácil ignorar do que encarar, do que se responsabilizar. Sempre é mais fácil abaixar as calças e foder com uma pirralha à força do que vestir as calças e pedir permissão. Portanto, não esquenta, que a hombridade dele é atingida cada vez que você senta a bunda e escreve. Desfazê-lo com palavras, acabar com ele com um ponto e fodê-lo entre vírgulas.?

#resenhasdoromulo
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Burntsugar 28/06/2022

Chocante
O livro todo e um relato sufocante, ver a violência sofrida pela autora não só por seu tio,mas de todos ao redor e horrível.

Se eu posso resumir tudo em uma palavra seria egoísmo.
ninguém além dá vítima parece entender a gravidade de um abuso, nada parece ser sobre ela, e sim sobre eles, em vários trechos do livro Você fica se perguntando como as pessoas podem ser assim.
O que você vê é a maioria das pessoas tratando isso como um deslize, algo que aconteceu uma vez e depois nunca mais aconteceu, por isso ele tem direito de ser perdoado, até mesmo as pessoas que acreditam nela não consegue demonstrar isso sem parar de ver o próprio umbigo.
Eu já li milhares de livros sobre abuso sexual, e uma coisa é fato só quem é vitima entende outra vítima,as pessoas de fora podem até apoiar, Mas elas nunca vão entender e além de não entender em algum momento elas sempre vão se demonstrar egoístas.
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