NutNut 23/09/2023
Vivo, Forte e Lírico.
É uma experiência. Material e espiritual ao mesmo tempo
"O Louco" foi um livro que escolhi pela capa, pelo título, e acima de tudo por já conhecer e admirar o autor. Eu tenho um laço afetivo com a figura de Gibran Khalil, e o que ele representa, mas nunca tinha de fato mergulhado em uma de suas obras.
O livro não se trata de uma narrativa única, é um conjunto de textos, textos muito fortes.
Me apaixonei logo no prólogo, e notei que é quase impossível separar na sua escrita o lirismo da filosofia.
São ao mesmo tempo textos de extrema poesia, que trazem consigo os sentimentos mais complexos, reflexões muito pontuais sobre a vida, a sociedade e a natureza das relações humanas.
O livro traz ironias, anedotas, poesias e pensamentos muito intensos, é difícil dizer qual capítulo me prendeu mais.
É difícil de criticar pela compreensão de que os textos que eu não entendi o significado, me deixaram a sensação de que não era o momento de entender. É o tipo de obra que traz consigo significados diferentes a cada leitura, hoje em minha juventude não consegui administrar muitas coisas, mas na vida adulta talvez consiga. Meu eu criança, ou até mesmo o de 6 meses atrás não leria da forma que li.
O capítulo "Deus" traz a redimissão da fé pelo homem, e não necessariamente segue qualquer linha cristã que eu cogitei com meu olhar ocidental. É muito sobre o ato de ser homem, fazendo com que deus exista. É complexo de se explicar.
"Amigo" me tocou profundamente, com certeza foi um dos meus favoritos. Descreve o desconforto que podemos encontrar nas pessoas que escolhemos amar e caminhar em conjunto, também mostra a frustração que a intimidade traz.
"Espantalho" trouxe mais dúvidas do que ideias.
"As Sonâmbulas" foi um retrato dos primeiros sentimentos impuros que temos como gente, e a forma como o carregamos diariamente no lado mais recluso de nossos corações.
E esses são os poucos trechos que resolvi comentar aqui com vocês, e são os iniciais, pois logo percebi que se fosse fazer uma breve descrição da minha interpretação sobre CADA capítulo, demoraria séculos para terminar e diria coisas que eu não quero que outros olhos leiam.
A experiência desse livro foi avassaladora e chegou a mim no momento perfeito. Sinto que pequei em ler ele tão rápido, já que o meu processo literário costuma ser mais complexo, mas não me vi com outra opção senão engolir "O Louco" naquele momento, e não me sinto culpada por ter a plena certeza de que vou lê-lo de novo algumas vezes.
Foi o começo de uma grande jornada pela literatura árabe, interesse esse que eu já tinha notado há algum tempo. Vale cada segundo, é pra mim versão não capitalizada (portanto original) de "O Pequeno Príncipe".