Neon Azul

Neon Azul Eric Novello




Resenhas - Neon Azul


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Ogha 09/11/2010

Um drink sombrio
Quando eu era mais novo fiz parte de um grupo asssitencial a moradores de rua. Em uma de nossas "missões" eu conheci um mendigo cuja trágica história me pareceu impossível.
Ele era fundador de uma empresa de distribuição de algum renome em São Paulo, ou algo assim, e tinha muito dinheiro. Fala inglês, alemão, francês, italiano e espanhol (e conversou com amigos meus que falavam essas linguas, para provar). Morava em um condomínio de luxo (Alphavile ou São Paulo 2, não lembro agora..) e tinha um belo carro.
Até que um dia, voltando para casa completamente bêbado ele atropelou a própria filha e a matou. A família, incapaz de perdoá-lo, praticamente o baniu. Ele, sentindo-se culpado, foi morar na rua...

É aqui que a arte imita a vida...

Quando li Neon Azul, de Eric Novello, fiquei impressionado com a semelhança entre este homem que conheci e o personagem do primeiro conto do livro "invisibilidade". Daí para devorar o livro em apenas algumas horas foi um pulo. Não só pela curiosida em saber qual seria o destino daquele primeiro personagem, como de todos os outros.
Neon Azul é uma daquelas obras raras que mistura cenário, música, personagens entrelaçados, boas doses de uisque, mistérios e sensualidade. Um livro relativamente fácil de ler e cheio de boas ideias.
Mas Neon Azul não é um romance convencional. Ele está na categoria "romance fix up", ou seja, vários contos com focos diferentes e interligados, mas tratando de pontos de vista variados e diversos personagens.
A fórmula é muito interessante, porém um leitor menos acostumado ao estilo pode se perder na leitura, já que a explicação e a história de certos personagens ou ideias estão espalhados pelo livro, e não linearmente contados.
Isso também pode ajudar um leitor mais ousado a se permitir leituras diferentes de Neon Azul: você não precisa ler os contos em ordem, pode abrir o livro em qualquer um deles e começar sua leitura. claro, de qualquer modo você será obrigado a ir até o fim e sorver cada gole desta bebida literária.

Ficou curioso? O livro está a venda nas melhores livrarias e com desconto!
Tainã Almeida 28/08/2014minha estante
eu nao entendi o livro ( da forma convencional heheh ) e ate hoje me pergunto : o que aconteçeu com a Jéssica ? hahahahah é engraçado, mas é verdade :p o estilo é bem diferente ,apesar de nao gostar de contos esse me surpreendeu positivamente .Pena que teve alguns finais que não eram ''finais'' mesmo




Lucas Rocha 09/09/2010

Desejos em néon
Seja benvindo ao Neon Azul. Qual é o seu desejo?

“Neon Azul” (Editora Draco, 166 p.) é o mais novo lançamento do autor carioca Eric Novello. Lançamento bastante aguardado por mim, devo confessar. Em primeiro lugar, por se tratar de um romance de fantasia urbana, gênero ainda tão pouco difundido nos livros de literatura nacional; em segundo, pelo tema envolvente e pela atmosfera sedutora que o livro, desde antes do seu lançamento, criou.

Deixe-me explicar: Neon Azul é o nome de um clube, boate, inferninho ou bar (escolha um dos substantivos ou use-os todos de uma vez, não faz tanta diferença assim) localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro. Um lugar onde os desejos mais íntimos e particulares afloram de forma perturbadora, no convívio com notas de piano e drinks luminescentes. Entre as figuras frequentadoras do bar, encontramos um homem que nunca dorme, um advogado com um boneco de estimação dentro de uma garrafa e um mendigo com um passado bastante intrigante. E como figura principal temos ‘O Homem’, criatura incógnita de chapéu panamá e anéis nos dedos, sempre com uma proposta irrecusável para os seus clientes.

É nesse clima de fumaça de cigarros, reflexos de espelhos e néon azulado que somos apresentados aos dez contos do livro. Neles, os personagens e as histórias se cruzam de forma não-cronológica, deixando o leitor confortavelmente confuso. O formato fix up torna tudo ainda mais interessante: é um livro sem início ou fim, que pode ser lido em qualquer ordem sem que sua essência seja perdida.

“Neon Azul” não é nem de perto um livro feliz. Os personagens são pessoas que apanharam da vida e estão sem rumo, perdidas por entre lágrimas e solidão. E essa ausência de chão, de ter algum lugar em que se firmar, é assustadoramente real e – acredito – compatível com o que muitas pessoas sentem. O Neon Azul é a fuga da tristeza, a alternativa para aqueles que estão cansados de se sentirem sós, e ‘O Homem’ é o objeto materializador desses anseios e desejos. No entanto, tal qual um agiota, ele sempre cobra juros altíssimos por seus empréstimos de felicidade momentânea.

A fantasia se apresenta de forma muito sutil em “Neon Azul”. Não sabemos se ela de fato existe ou se é mera especulação dos personagens, produto de suas mentes e de seus delírios. Essa sensação suspensa de dúvida, de não saber exatamente o que ou como as coisas acontecem, torna a história mais atraente. O autor não desafia a inteligência do leitor com explicações minuciosas sobre os acontecimentos; prefere, ao invés disso, deixar que cada um tire uma conclusão e uma interpretação própria.

Outra coisa que adorei no livro foram as referências, que vão desde Charles Chaplin e Orson Welles até Massive Attack e Jay Vaquer. Eric sabe colocar as suas influências cinematográficas, musicais e artísticas no lugar certo. Quem não ficou com ‘Só tinha que ser com você’ retumbando na cabeça depois de ler a história de Jéssica? Eu fiquei.

E a Editora Draco, como sempre, dá um show na produção editorial – e eu não vou me cansar de dizer isso. A capa está maravilhosa e a apresentação dos contos também. É quase como se você pudesse ver as luzes em néon se acendendo depois daquela piscadela e daquele barulho da corrente elétrica atravessando os fios.

“Neon Azul” é um livro que não deve ser lido apenas uma vez. É cheio de paixões, amores e desastres e, apesar da solidão e da amargura que os personagens sentem, é daqueles que você não consegue parar de ler até que chegue ao fim.

E aí reside outro grande problema: o livro não tem fim nem começo. Posso, então, dizer que cheguei ao fim?
Tainã Almeida 17/12/2011minha estante
hahhaah ai esta, chegamos ao fim? nao sou chegada a contos,sao vagos.prefiro historias, com personagens bem relatados. só comprei pq me chamou atençao o fato de os contos se interligarem




Rahmati 13/11/2015

Tão bom quanto eu esperava que fosse
'Neon Azul' é uma das melhores obras nacionais que já li. Literalmente devorei o livro. Delicioso, da primeira à última página, numa fantasia urbana encantadora. Os contos se encaixam uns nos outros de maneira soberba - construindo o tal romance fix-up -, e a cada um descobrimos um pouquinho mais da "entidade" Neon Azul, talvez personificada na figura de seu dono sempre de terno branco e chapéu panamá.
Com certeza Eric Novello me conquistou, e agora vou procurar seus outros livros, 'A sombra no sol' e 'Exorcismos, amores e uma disse de blues'.
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Guilherme F. 23/07/2011

O Simbolista - http://www.osimbolista.blogspot.com
Olá gente, estou aqui para contar pra vocês do livro que li há algumas semanas no book tour da Editora Underworld, este livro foi lançado pela Editora Draco, e foi escrito por Eric Novello, um grande escritor brasileiro, que também participou da coletânea "Vapor Punk" e é de sua autoria também "Histórias das Noites Cariocas".O livro tem uma capa quem em minha opnião pe muito bem feita, e que já nos deixa um ar de mistério.

Sem ter um personagem principal, e sim vários personagens que são narrados ao longo do livro com sua história e acontecimentos ocorrendo ao redor do que pode ser dito como o principal desta história, a boate, casa noturna, ponto de encontro, restaurante, ou uma mistura de tudo isso o "Neon Azul", o que achei bem interessante e criativo no livro, mas que pode acabar confundindo alguns é a história não ter uma ordem dos acontecimentos, por exemplo, o 1º cap. pode ter ocorrido antes do 3º e por aí em diante, e também cada cap. estar em 1ª ou 3ª pessoa, um jogo gramatical que o autor soube utilizar muito bem.O autor trabalho alguns assuntos como: amor, solidão, dinheiro, sexo, trabalho, e a vida.

Na história, há personagens muito irreverentes, como um advogado que guarda um boneco "meio" vivo dentro de uma garrafa, uma dançarina que ainda não escolheu sua personalidade, um mendigo que tem um problema com sua família mas um cachorro fiel, outro que não dorme nunca, e para mim o mais misterioso, o Homem, o dono do Neon Azul que anda sempre com seu terno branco e chapéu panamá que oferece a alguns uma oferta irresistível através de seu empregado, e que bota medo e respeito em todos, e outros também...
Em torno de um clima tenso, misterioso, e bom, em vários climas, a história se decorre e o mais legal do livro , é que ao acabar um cap. você já está super ansioso para ler o próximo e saber qual outro personagem aparecerá nesta história, indico a todos lerem e incentivarem tanto a Editora Draco, que só publica livros de autores nacionais como o Eric, Douglas MCT, Estevão Ribeiro e outros, incentivando assim, nós leitores deste país a ler a literatura brasileira e aproveitar o que temos de bom; e o própio autor que já tem outros trabalhos a serem lançados.

Guilherme Franco - O Simbolista
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Vilto 27/12/2011

5 motivos para ler o livro “Neon Azul”
Neon Azul, do escritor Eric Novello, foi um dos livros que adquiri nessas promoções de final de ano que colocam seu cartão no limite e te deixam sem cabelos em janeiro do ano seguinte (desculpe a rima foi sem intenção).

Como ultimamente tenho comprado muitos livros a fila deles tem crescido assustadoramente, pensei que Neon Azul fosse se postar educadamente ao final dela, mas num súbito interesse resolvi dar uma olhadinha e acabei lendo o livro em duas pegadas. A intensidade da experiência me levou a levantar “5 motivos” porque todos deveriam lê-lo:

1)Imaginação – Sabe quando você precisa dar aquela sacudida na mente, um “up” nas ideias, esse é o livro. Uma obra que te leva a pessoas e situações inusitadas, com certeza mexe como nossos caminhos criativos, este é um ponto positivo do escritor Eric Novello neste livro.
2)O personagem principal é um bar – Este é um fato novo pra mim, uma bela sacada, muitos dirão que o personagem principal é O Homem, em minha opinião é o bar que dá título ao livro, Neon Azul.
3)Personagens com profundidade – Cada capítulo do livro apresenta um personagem diferente, permitindo a visão de mundo daquele personagem, suas aspirações, decepções e defeitos, abre a possibilidade que você se identifique com algum personagem em especial ou com partes de cada um deles.
4)Autor brasileiro – Alguém poderá afirmar que isso não é importante, eu discordo. Não sou um defensor ferrenho de que deve-se ler só autores nacionais, até porque leio muitos de fora do país. Mas se queremos que nosso país se torne uma referência literária devemos apoiar autores brasileiros, que não devem em nada para os de fora. O livro Neon Azul é uma prova disso, por isso invista no mercado literário nacional.
5)Uma projeção da mente – O bar, Neon Azul, nada mais é do que um lugar aonde os desejos e anseios dos personagens se potencializam de tal forma que muitas vezes até se materializam. Este fato possibilita algumas trajetórias incríveis no mundo da imaginação. É impossível não se habituar a este ambiente que acaba se tornando um verdadeiro lugar sagrado para seus frequentadores.

Passe pelo mendigo que vive perto da entrada, se possível deixe um trocado para ele e seu cachorro Minotauro. Cumprimente os seguranças, mas não pergunte se paga na entrada. Suba as escadas negras e terá acesso ao primeiro andar. Deixe que sua mente fique absorta na luz de neon azul. Há uma mesa de frente para o balcão do bar que é muito boa, mas você pode encontrar um dos personagens sentado ali, puxe um papo ou sente-se em outra. Talvez Armando, o gerente da casa, vá recebê-lo, não se preocupe ele sabe seu nome, afinal tem tempo para esses detalhes, ele não dorme. Peça a bebida da casa, será o suficiente para que você conheça seus desejos, medos e as vontades mais profundas. Fica o convite.

“Depois do primeiro drinque, você jamais será o mesmo”.

Confira mais resenhas e novidades sobre literatura no blog Homo Literatus, acesse: www.homoliteratus.com
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Coruja 18/06/2013

A Tayla me emprestou esse livro quando estive em Belo Horizonte no começo do ano, depois de termos uma boa conversa sobre nossas respectivas opiniões e esperanças para a literatura fantástica brasileira. Era um dos poucos volumes para os quais ela tinha elogios e claro que isso me deixou curiosa, até porque eu concordava com muitas das críticas que ela tinha feito (embora fosse um pouco mais otimista em linhas gerais sobre o futuro do gênero).

A despeito da curiosidade e dos elogios, eu não tinha formado nenhuma expectativa sobre Neon Azul, de forma que comecei a leitura sem esperar nada de específico e me deixei envolver pela história nos dois dias que levei para percorrer todos os seus contos.

As histórias e personagens do livro são independentes, apenas mantendo como ligação o ambiente do bar Neon Azul. Alguns são mais realistas e crus, outros resvalam no sobrenatural – há serial killers e prostitutas, músicos que vendem a alma e escritores que tentam encontrar uma musa. Muitos tratam de transtornos psicológicos, dupla personalidade, insônia crônica, outras compulsões (e por algum motivo estranho eu ficava o tempo todo esperando para que Sam e Dean de Supernatural irrompessem a qualquer momento pela entrada...).

Tudo isso está embalado nas luzes do Neon Azul e na figura misteriosa do Homem de terno branco que pode ou não estar fazendo acordos do tipo que se fazem em encruzilhadas ao soar da meia-noite.

O clima do livro é bem feito, a mistura de violência urbana e sobrenatural casam bem, mas não tenho certeza se não teria sido melhor escolher uma única das vias apresentadas nos contos e desenvolver ela melhor. Ao término do livro ficam muitas perguntas e muitas das histórias individuais tinham potencial para se tornar algo mais.

Isso não significa que não seja um bom livro, daquele que te deixa meio embriagado com sensações, cores, cheiros – Novello é excelente em descrições e os personagens que se cruzam nas diferentes histórias que ocorrem no Neon Azul são críveis, vívidos reais mesmo naquilo que têm de mais estranho, de mais perturbador.

Eu gostaria de ler mais dentro desse universo, de entender melhor as regras que o regem e de ver o que existe por detrás da fachada misteriosa do Homem, com seu terno branco e seu chapéu sobre o rosto – tudo ao som de um improviso de jazz.

(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)
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Bruno 05/04/2014

Não conheço muito de fantasia brasileira. A princípio, meu contato com obras nacionais de ficção especulativa e fantasia no geral se deu apenas com as mais populares, que não me apeteceram. Mas eu tenho interesse em conhecer uma outra abordagem do gênero, e, procurando em outro ramo de fantasia (a urbana), resolvi ir com Eric Novello e seu Neon Azul.

Minhas expectativas foram superadas. Já esperava, por certo contato com o autor, algo diferente do que eu estava acostumado a ler no cenário brasileiro, e o encontrei: uma obra menos derivativa e algo não apenas mais interessante, mas também bastante característico. A voz da narrativa é apropriada para o estilo urbano & dark (ou, talvez, de maneira mais específicica: noir) que é a ambientação pretendida. Ao mesmo tempo, é uma narrativa sombria, mas também ligeiramente bem humorada, com um passo rápido, que remete ao ambiente metropolitano no qual a história se ambienta. Se as histórias tem o seu estilo apropriado, Eric Novello conseguiu encaixar perfeitamente sua temática ao seu estilo.

O Neon Azul é um lugar diferente. Uma fachada brilhando em azul nos leva a uma escadaria espelhada, muitas vezes comparada à que leva as pessoas ao paraíso. E em um clima quase onírico de bebidas estranhas, clientela seleta e um proprietário misterioso, as noites se passam dentro do inferninho carioca. Uma propriedade quase onírica, de desejos e tentações, permeia todo o ambiente, e se tem a impressão de que tudo, dentro daquele bar (boate?), pode acontecer.

Acompanhamos diferentes personagens em uma história dividida em dez contos. Ou dez histórias reunidas em um volume. Fica meio difícil de se descobrir, já que todas as histórias tem seus personagens recorrentes, da clientela e equipe do Neon Azul, e acabam se entrelaçando em uma hora ou outra. O elenco que vai e volta, com alguns personagens secundários tornando-se, depois, protagonistas, e vice-versa, e sem uma cronologia fortemente reforçada, dá a impressão que podemos ler seus contos em qualquer ordem, sem perder muito do efeito que o livro deve causar. Ainda assim, parece essencial que se leiam todos, para compreender um pouco mais deste lugar no qual estamos inseridos. Esta característica estrutural, esta escolha narrativa, reforça uma impressão de verossimilhança: assim como na realidade, cada pessoa tem a sua história, cada "personagem secundário" que vemos no dia-a-dia, toda uma vida que carrega, com dilemas, problemas, felicidades, e amores. Mesmo os personagens que não tiveram seu conto próprio, seu mergulho mental, dão a impressão de que, sim, eles também podem ter algo para contar. E, ao passar para a próxima história, fica a questão, que dura alguns segundos: quem eu verei agora?

Passeata-03 A obra é um livro de fantasia urbana, mas nem por isso a fantasia é explícita, ou, de alguma forma, totalmente fantasiosa. Uma aura mesclada de sonho e mistério cobrem a magia, deixando-nos sem saber se os acontecimentos bizarros que acontecem são frutos de um poder acima de todos, ou talvez de boas conexões, fumaça, espelhos, e loucura. A magia toma segundo plano frente aos dilemas que sofrem os protagonistas de cada conto, seus problemas pessoais, profissionais, amorosos... E, no final, não se explicam os grandes mistérios. Quem é o Homem, o proprietário do Neon Azul? O que é aquele lugar, afinal de contas? Por mais que eu saiba que provavelmente alguém se sentirá frustrado com estas dúvidas, não se perde nada com a falta de explicação, da mesma maneira que não se explica a magia no realismo mágico. Eles não são assim porque isso, ou porque aquilo. Eles simplesmente são.

Todos os contos (partes?) tem os seus elementos que chamam a atenção, mas destaco aqui o antipenúltimo, o meu favorito. Só tinha que ser com você é a história da dançarina Jéssica, talvez a mais quebra-cabeça da história. Amnésia e um clímax que me deixou, no mínimo, bastante surpreso. Foi bastante esperto, mas não falo mais nada para não estragar possíveis surpresas.

No mais, é um livro que me surpreendeu de forma bastante positiva; ainda vou ver se leio A sombra no sol, do mesmo autor, que me recomendaram há pouquíssimo tempo. Os poucos contras que encontrei seriam algumas inconsistências de enredo (que nem lembro, mesmo, se tinha sido isso ou se eu apenas me confundi na leitura; precisaria re-checar), mas nada que prejudicasse a experiência de leitura. É refrescante ver uma fantasia escrita de maneira com a qual não fui muito acostumado pelo mainstream.

site: http://adlectorem.wordpress.com/2014/04/05/neon-azul/
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melissa 29/09/2015

Excelente!
Numa escrita fluida e cativante, Eric Novello nos leva para essa boate sombria e hipnótica, o Neon Azul.

Primeiro é preciso dizer que Neon Azul é um romance fix up. Mas que diabos é um romance fix up?

Em inglês, fix up tem vários significados, dentre eles “reparar”, “colocar em ordem” ou mesmo “rearranjar”. Na literatura, um romance fix up é aquele que normalmente começou como histórias ou contos independentes e depois foi arranjado em forma de romance. Ou seja, são pequenas histórias que partilham um mesmo arco narrativo, mas que ainda conservam seus clímaxes e encerramentos próprios (existe um debate sobre o que é fix up e o que é short story cycle, mas estou sendo teórica demais rs).

Em Neon Azul, o que une todas as histórias é o próprio lugar, o Neon Azul, uma boate que exerce fascínio sobre seus funcionários e frequentadores. Um lugar onde coisas estranhas e extraordinárias – e horríveis – acontecem. Em cada história acompanhamos personagens que às vezes se encontram – e depois se desencontram – em suas buscas por prazer e fuga. Ao todo o leitor vai encontrar dez histórias nesse ambiente urbano de luz baixa.

Vale dizer que quando comprei o ebook de Neon Azul para ler no celular – sim, eu compro antologias, contos e fix ups pra poder ler no ponto de ônibus e em filas de espera -, eu esperava um bom livro. Mas logo nas primeiras linhas percebi que seria uma leitura excelente. E foi. Eric Novello nos faz sentir o cheiro daquela boate, sentir o gosto do drink misterioso preparado por seu barman e ouvir o som dos passos de Armando, Dita, Gabriela, Lucas, Murilo e tantos outros personagens dessa história.

É sempre difícil fazer uma resenha justa para um livro que gostamos muito e acho que essa não vai ser diferente. Neon Azul é uma fantasia urbana, sim, coisas estranhas, sobrenaturais, acontecem nessa boate cujo dono, o Homem, sempre escondido sob seu chapéu, faz ofertas impossíveis em troca do improvável. Mas é também uma ótima discussão sobre nós humanos e nossos desejos mais sombrios. E se existisse um lugar em que eles pudessem se tornar mais fortes, mais paupáveis? Será que resistiríamos à tentação? E pior, o que estar tão perto dessa “energia do desejo” faria conosco?

Meus contos favoritos foram “Noites de insônia” e “A última nota”. No primeiro, ficamos mais perto do gerente do Neon Azul, Armando, um homem que nunca dorme. Uma vida assombrada vivida em dobro. Essa história me arrepiou e confesso que penso nela antes de dormir. A segunda fala sobre um pianista que vai trabalhar na boate e desenvolve uma estranha relação com seu piano. No Neon, ele consegue dar o melhor de si, mas a um estranho preço. E eu também fico pensando nessa (cheguei até a discutir longamente o assunto com meu marido no skype, rs): como seria ser o melhor artista que você pode ser? Isso realmente não enlouqueceria?

Esses foram os que me deixaram reflexiva, mas não se engane, todos os contos são excelentes.

Mas Melissa, o livro tem final?

Não do jeito que estamos acostumados. Como um romance fix up, Neon Azul não segue uma trajetória linear. Os personagens se cruzam e cabe a nós, leitores, dar significado para suas experiências. Então já aviso que se você é daqueles que gosta de finais felizes onde tudo é explicado talvez esse livro não seja pra você. Ou talvez você só precise tentar algo novo com um novo olhar!

Literatura nacional de qualidade altíssima. Mais que recomendado! E com certeza lerei mais livros do Eric Novello.

site: http://livrosdefantasia.com.br/2015/09/25/neon-azul/
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PorEssasPáginas 08/10/2015

A Cuca Recomenda: Neon Azul - Por Essas Páginas
Há escritores que são assim: você lê uma única linha deles e sabe que aquele é um autor excepcional. Em Sobre a Escrita, Stephen King diz que existem três tipos de escritores: os fracos, os competentes (que você pode se tornar se trabalhar duro) e os talentosos, poucos, que já nasceram assim, com o dom. Eric Novello é do terceiro tipo de escritor, e basta um parágrafo para perceber isso. Quando você termina um livro todo dele, você tem certeza.

Neon Azul é um romance fix-up. Não sou especialista literária, mas, para quem não sabe, um romance fix-up é, em uma explicação simples, um livro de contos, com histórias interligadas entre si, geralmente com um tema em comum que interlaça todos os textos. Aqui o tema é a boate – na falta de uma palavra melhor, é muito mais que isso – Neon Azul. Como as histórias são interligadas, é capaz de você encontrar aqui e ali um personagem que já encontrou em outra história – e isso é incrível!

Ok, já falei em outra resenha aqui no blog como é importante, nesse tipo de romance, que o tema central seja vivo, vibrante, enfim, seja de fato um personagem – mesmo que não seja uma pessoa (e exitem diversos personagens que não são pessoas, certo?). Pois é, aqui, Eric Novello faz isso com maestria; Neon Azul está longe de ser apenas um cenário e o título do livro: ele pulsa como um organismo vivo e é ele quem dá brilho (azul) a todas as histórias. Você realmente sente, lendo todos os contos, que o bar é o personagem principal, um elemento vivo que não só está presente em todos os contos, como todos as histórias são, de fato, sobre ele e de como ele age sobre os outros personagens com essa sinistra e quase mágica fascinação.

“Nesse império de mendigos, é impressionante que ainda haja um teto disponível na cidade. Seguindo sombras nas paredes, arrumei uma vaga numa rua movimentada do centro, dessas que ninguém mora, ninguém vive, e só servem de caminho.”

A sensação que dá, ao terminar o livro, não é que você leu uma série de contos, mas sim que leu, de fato, um romance, completamente interligado, com começo, meio, fim, que pode ser lido em várias ordens, que você poderia jamais parar de ler: Neon Azul é como um drinque no qual você fica viciado e sempre quer experimentar novamente.

A escrita de Eric Novello é embriagante e potente; com naturalidade, ele nos conduz por corredores azuis e fantásticos, por vidas de personagens inesquecíveis e tão diferentes entre si. Um mendigo por opção, um pianista apaixonado pela música, uma dançarina misteriosa e tantos outros. Não consigo dizer qual conto gostei mais, não consigo separá-los, para mim todos fazem sentido juntos, num grande e incrível romance de fantasia urbana. Simplesmente arrebatador.

“Aqui vendemos medos e tentações. Despertamos sentimentos, sejam puros ou não. Aqui é o lugar ideal para o seu coração bater distante da monotonia do dia a dia. É o lugar ideal para se descansar longe dos aborrecimentos. Aqui você pode querer nascer ou morrer, mudar de casca sem precisar de novas encarnações.”

Li em e-book, mas mesmo no formato digital é possível perceber que a edição está bastante caprichada: cada capa de conto é com a página toda preta, o título em branco e uma imagem minimalista, também em traços brancos de neon, representando a história.

Esse é o tipo de livro – e de autor – que você termina e fica pensando: como assim as pessoas ainda não leram? Como assim tantas pessoas ainda não o conhecem? Por favor, mundo: leia Eric Novello, depressa, depressinha, agora mesmo, já.

site: http://poressaspaginas.com/a-cuca-recomenda-neon-azul
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Lethycia Dias 06/09/2020

Um livro diferentão
Já faz algum tempo que eu tinha no meu Kindle o e-book "Neon Azul". Depois de ler "Ninguém nasce herói", eu tinha muita vontade de ler os livros anteriores de Eric Novello, começando por esse.
O livro acompanha os personagens que frequentam ou trabalham numa boate chamada "Neon Azul", que à sua maneira é também um personagem da história - e, arrisco dizer, sua protagonista. Cada capítulo nos apresenta o ponto de vista e a história de um personagem que gira em torno deste lugar.
O advogado rico que abandona a vida de luxo e passa a viver nas ruas; o gerente do bar que não dorme há anos; o pianista que encontra o lugar ideal para trabalhar; o assassino que procura novas vítimas nas noites de fim de semana; o escritor que deseja escrever sobre um lugar recém-descoberto; entre outros.
É um tipo de romance composto por vários pequenos contos que se interligam. No começo, fiquei um pouco perdida com as mudanças de ponto de vista a cada capítulo, mas passei a me interessar pelas diferentes histórias e a tentar encontrar o ponto em que elas se conectavam. Para mim, a mais interessante foi a de Jéssica, a empregada doméstica evangélica que tem estranhos sonhos em que é uma dançarina da boate.
Outros capítulos (ou contos) dos quais gostei muito foram "A última nota" e "A dançarina e o sexo". Este primeiro, pelo carisma do personagem; o segundo, pela dramaticidade e erotismo e também por encerrar o livro não só com uma informação inesperada para o leitor, mas também com um questionamento instigante.
Enfim, é um livro que você não sabe até onde pode confiar nos personagens e no que eles contam. É preciso confrontar as histórias umas com as outras e ver até onde elas te levam.

site: https://amzn.to/2Zbu5lK
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Lorrainy 28/04/2024

A boate é um karma?!
"Neon Azul" é um livro que nos leva a um lugar único e intrigante, onde cada cliente encontra um bar feito sob medida para suas necessidades mais obscuras. Nesse espaço enigmático, conhecemos personagens como um homem que nunca dorme, um advogado com um demônio engarrafado, um assassino capaz de atravessar espelhos e um escritor incapaz de conter sua própria criação.

A boate Neon Azul é descrita como um local onde os desejos mais sombrios e tentadores encontram morada. Apesar de ser um lugar peculiar, repleto de acontecimentos misteriosos, a atmosfera descrita nos faz sentir como se o bar estivesse espreitando na esquina de nossas casas ou no trajeto entre o trabalho e o metrô.

A história nos leva a conhecer os frequentadores peculiares desse inferninho, revelando as consequências imprevisíveis de buscar a realização dos desejos mais profundos. Homens de negócios, prostitutas, artistas e boêmios imersos em uma solidão peculiar daqueles que vivem à noite são apresentados ao leitor, trazendo à tona um sentimento comum aos que vivem rodeados por pessoas, mas carregam consigo uma solidão profunda.

Nesse jogo entre luzes e sombras, onde a fantasia se mescla com a realidade, o leitor é desafiado a discernir a verdade das mentiras ao longo da narrativa. Como o gerente insone do bar, o leitor se verá relembrando os acontecimentos enquanto se deita na cama e fecha os olhos por sua própria conta e risco.
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Fernando 15/03/2023

Personagens muito interessantes.
A estrutura do livro nem parece que são várias contos. Está tudo tão fluido pois todos os contos estão muito bem conectados. Nesse sentido meu gosto por esta leitura foi muito superior.
Quanto à história, cada personagem é uma parte do Neon Azul, recomendo este autor.
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Élinson 06/10/2020

Anti Resenhas Longas - Neon Azul
O nome, a capa, as cores. Tudo me atrai.
O modo de escrita fix up. Os tantos personagens, as diferentes vozes e versões. A inteligência de vários diálogos e colocações. Aquele clima noir, aquele mistério, a trilha, o Homem, o cachorro do mendigo. Tudo realmente, é o que me atrai. Não dá pra largar, pois, pra mim, são vários contos (que adoro) de um mesmo bom tema (a Neon Azul). Porém, sabendo que cada capitulo, era um tipo de conto do mesmo autor, esperei um entrelace maior. Bem maior! Assim como menos ?cacos? que me soaram mais como piada interna do que algo a acrescentar na narrativa. Eles apenas me ?bugaram?, me deixaram desconsertado, tentando entender de onde saiu aquilo. O bom é que essa mão solta do autor, também lhe permite um tanto de poesia e muitas imagens. Vi algumas ali, muito especiais, dignas de um belo filme. Quero ler mais. Inclusive leria outros capitulos sobre a Neon Azul!
E você: ?estaria disposto a vender o que não é seu para conseguir o que deseja??
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mouemily 06/03/2017

Verdade seja dita, minha nota pra esse livro oscila entre 2,5 e 3,5. Teve momentos que eu curti o que estava acontecendo e momentos que eu só fiquei perdida me perguntando o que eu 'tava lendo.

A história vai e volta o tempo todo. A certa altura, um determinado personagem está em um momento de sua vida, e no capítulo seguinte ele está em outro. Confesso que isso, junto à quantidade de personagens, me confundiu bem. Eu precisava de alguns minutos para lembrar quem era quem e para entender o que estava acontecendo, uma vez que a história final só se fecha e faz sentido no último capítulo, depois de vários "contos" que formam o livro todo. Como se essa escolha narrativa não fosse difícil o suficiente, alguns capítulos são escritos em primeiro pessoa e, outros, em terceira.

No geral, a atmosfera toda me lembrou bastante Lobo de Rua (da Jana P. Bianchi) e sua Galeria Creta, só que carioca. E mais confusa. E com mais personagens. E sem deixar claro se é ou não uma história de fantasia urbana. (Afinal, é ou não?)

Apesar da minha experiência com Eric Novello não ter começado muito bem, eu continuo animada para ler Exorcismos, amores e uma dose de blues, já que a premissa desse livro me chamou mais a atenção.
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