spoiler visualizarPaulo 07/05/2024
Eita, como era movimentada a vida dos ingleses no século XIX
Por que ler um clássico? O escritor italiano Italo Calvino, certa vez, afirmou que "[...] ler os clássicos é melhor do que não ler os clássicos." E ele tem razão. Qualquer obra que enriqueça nosso conhecimento de mundo vale a pena ser lida, revisitada ou compreendida. Fato é que, se dependesse exclusivamente de minha pessoa para tomar a decisão de ler "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen, provavelmente, não estaria escrevendo esta resenha tão cedo. Afirmo que histórias de romance não são muito a minha praia. Une-se este fato à linguagem rebuscada e o formalismo do século XIX e temos uma combinação, cujas as partes não me apetecem tanto.
Portanto, obrigado, Clube do Livro da Ju, por me introduzir à Darcy e Elizabeth; o cavalheiro e a dama; o orgulho e o preconceito.
Confesso que me surpreendi com a fluidez narrativa de Jane Austen. Apesar da já citada linguagem rebuscada, "Orgulho e Preconceito" preenche suas páginas com vigor, coragem, astúcia e uma dose de desilusão. Como era uma leitura conjunta, por vezes, sentia vontade de atravessar a meta de páginas do dia. Isso, para mim, era uma surpresa. Não dava nada pela história por julgá-lo mais um romance clichê. Errados estavam eu e meu pré-julgamento. Ao me derramar sobre os arcos de "Orgulho e Preconceito", compreendi, finalmente, o porquê de ele ser considerado um clássico. Coisa que eu não posso explicar em uma pequena resenha. Se quiser descobrir os motivos, vá de coração aberto e mergulhe no cotidiano da família Bennett.
Acerca dos protagonistas, Elizabeth e Darcy, posso dizer que tomei partido de ambos durante a trama. Porém, ambos são tão bem construídos que é impossível sentir raiva de qualquer um dos dois no fim. Você os compreende; você percebe suas evoluções; você nota, afinal, que o orgulho e o preconceito andam sim de mãos dadas (e, inclusive, se casam). Apesar do título denotativo, ambos têm muitas qualidades. É isto que enriquece a trama.
O mesmo não posso dizer dos outros personagens. Estes que, inclusive, são resvalados à unilateralidade. Quem é bom, é muito bom; quem é mau, é muito mau. E, no fundo, sabemos que ninguém é bom ou ruim o tempo todo. Com exceção de Darcy e Elizabeth, a maioria das personagens agem de uma única forma durante todo o livro. Por esse motivo, retiro uma estrela da avaliação final.
Por fim, me encontro disposto a concordar com Italo Calvino. Ler um clássico é infinitamente melhor do que não ler um clássico. Você compreende, através da linguagem, dos cenários e da estrutura narrativa, costumes de uma época na qual você não viveu; e consegue projetar-se para aquele ambiente sem nunca tê-los experimentado. E, convenhamos, essa é a magia das boas histórias.
Obrigado, Jane Austen, Darcy, Elizabeth e Clube do Livro da Ju.