Guilherme 07/06/2024
Resenha Jurassic Park de Michael Crichton
A algum tempo eu queria voltar a ler clássicos da ficção cientifica e para minha sorte Jurassic Park ficou a um preço bem acessível permitindo que realizasse esta vontade. Eu já havia tido contato com os filmes, mas faz bastante tempo então somente me lembrava de um momento ou outro, não tendo isso afetado minha impressão do livro.
Jurassic Park conta com 558 páginas (minha edição era digital da editora Aleph) e é dividido em 7 (sete) partes ou como o próprio livro chama de interações ou contatos.
A história vai progredindo aos poucos, em um primeiro momento não temos protagonistas bem definidos apenas a visão de coadjuvantes e até mesmo o contato com os dinossauros no início é indireto. Para se ter noção na primeira parte/interação nenhum dos personagens principais aparece. Assim como em uma obra de terror que demora a mostrar o monstro, aqui o primeiro contato efetivo demora um pouco, mas sempre nos preparando para o que está por vir.
Os personagens principais são Alan Grant, Ellie Sattler, ambos paleontólogos, Ian Malcon, um matemático, Donald Gennaro, advogado, Hammond o proprietário do parque, Henry Wu, o geneticista, John Arnold, engenheiro chefe, Ed Regi, responsável pelo marketing do park, Robert Muldoon, caçador e responsável pelo controle dos animais, Tim e Lex Murphy, as crianças netas de Hammond e por fim Dennis Nedry, programador.
O livro inteiro parece fazer uma contagem regressiva para o desastre completo, a cada capitulo que passa a situação começa a ficar cada vez mais complicada até o ponto em que parece impossível o retorno a normalidade, e bem no ápice dessa tensão o autor vem e nos trás o que é o ponto alto de sua argumentação, nunca existiu controle, é impossível impor regras a natureza, ou em suas palavras a natureza encontra um jeito.
Outro ponto que mantem o livro bastante atual (infelizmente) é a crítica a empresas superpoderosas que aproveitam da falta de regulamentação de um campo de estudos para fazer experimentos objetivando o bom e velho lucro. É impressionante como eu não pude deixar de comparar a situação do livro com o recente uso da inteligência artificial. Se tivemos sorte o resultado será diferente daquele do parque.
O ritmo do livro é bom, mas devo confessar que em alguns momentos a história parece parar para que o autor faça as suas considerações. Não acho que isso seja algo necessariamente negativo, como disse uma das minhas partes favoritas é um desses momentos, mas isso nem sempre funciona e as vezes o ritmo é quebrado. Isso, contudo não chega a prejudicar a obra, mas acho que deveria mencionar aqui.
Minha única ressalva com o livro é o seu final ou melhor dizendo a falta dele. O livro parecia pedir por um capitulo “depois da tempestade” retratando os personagens voltando ao seu cotidiano.
Gostaria muito de saber qual seria a reação de Grant ao voltar a sua escavação e encarar novamente o esqueleto do velociraptor com o qual estava trabalhando até ser atraído para o parque dos dinossauros, ele ainda o encararia da mesma maneira? Ou então Gennaro ao encarar a filha após ter perdido seu aniversário e quase morrido. Ou então Tim encarando os pais. Sinto que o livro precisava desse momento para fechar com chave de ouro.
Contudo, a cena final é com os personagens aguardando a liberação do governo costa-riquenho, ao mesmo tempo em que sofrem uma investigação... Achei isso um pouco frustrante.
Espero que a continuação possa suprir esse sentimento que tive com relação ao final. Devo ressaltar que isso não diminui o meu apreço pelo livro, apenas acho que tinha potencial para ser ainda melhor.
Conclusão
Jurrasic Park é um livro bastante divertido, atual e sem dúvida, merecedor de sua popularidade.