Em “A escrita dos vestígios”, Berttoni Licarião apresenta uma abordagem da obra de Ana Miranda que se distancia do viés crítico do romance histórico para dar destaque às práticas intertextuais e ao trabalho com a linguagem de outras épocas. Tendo em vista a complexa sobreposição de discursos que caracteriza o romance “Dias e dias”, o autor traz à tona os pontos de tensão entre o texto de Miranda e suas fontes declaradas: a fortuna crítica, a biografia e a poesia de Gonçalves Dias. Insere, com isso, o romance no rastro de uma tradição de releituras da "Canção do exílio" que percorre mais de 150 anos de história da literatura brasileira, do Romantismo à contemporaneidade. Uma perspectiva de leitura que coloca a obra de Ana Miranda no centro dos debates sobre intertextualidade e paródia sem perder de vista a vasta produção da autora e seu lugar na literatura contemporânea.