Esta é uma epopéia esfacelada pulverizada na areia fina e escura do malogro - social - da plantation escravagista da coleta febril da borracha amazônica das questões até hoje não solvidas. Poesia que vai profundo nas raízes ibéricas indígenas e negras da nossa cultura; que revela a contigüidade no espaço da América a presença do Outro e rasga o antigo mapa da Ilha-Brasil; umas tantas partes são mesmo escritas em espanhol. O poema é talvez a fala modernizada do Velho do Restelo que vê do lado de lá coisas então e agora. O Velho fala não chora avesso ao sentimentalismo fácil que não perdura. Não é propriamente o êxito maior ou menor da empresa econômica brasileira que interessa ao autor mas a viciosa distribuição do produto no corpo social; é a colheita díspar dos frutos desse mesmo trabalho. São os Dois Brasis ou a Belíndia que resistem a tantas décadas do discurso e da experiência políticos. Nesse aspecto a poesia reata com a antiga poesis grecolatina mas não é didática no sentido em que aquela fora porque trata de categorias de diversa natureza.
Geografia / História