Ela se chama Azelene, de Maria Tomaselli conta a relação de uma presa em regime semiaberto com sua patroa, ou de uma patroa com sua empregada que deve voltar correndo, toda tarde, para a prisão.
Com experiências de cárcere de uns 40 anos atrás no presídio central, quando acompanhava Iberê Camargo em suas aulas de pintura para presos (que ela continuou sozinha após o retorno de Iberê ao Rio), Maria Tomaselli foi inoculada por uma empatia, uma compaixão para com essa população brasileira que teve a desgraça de se meter em algo ilícito. Uma viagem de ônibus de uma hora ao lado de um ser que precisou contar sua história para um desconhecido foi o que precisou para ela escrever essa história romanceada, fictícia, mas verdadeira. Acompanham o relato reproduções de gravuras em metal da série: voos abortados.
A prosa envolve e consegue interessar por um tema que por si mesmo é desagradável. Algo que queríamos não existisse ou estivesse escondido debaixo do tapete da sala de algum vizinho chato e ranzinza. Ela se chama Azelene é escrito em primeira pessoa. Quase uma primeira pessoa de realidade virtual. (do prefácio de Arnaldo Sisson)
O livro traz também fragmentos poéticos de Fernando Cacciatore de Garcia. "Me vejo espojado na poeira do chão. Morri. / Nunca pude mostrar as belas cores de minhas plumas /e as belas notas do meu mavioso canto."
Maria Tomaselli é artista plástica. Ela se chama Azelene é seu terceiro livro. Já escreveu Vito (Escritos, 2017) e Kai (Escritos, 2014). Nesta obra, ela apresenta também gravuras em metal nas técnicas água-tinta e água-forte, do ciclo Voos Abortados.
Ficção / Literatura Brasileira / Romance