Direito e literatura relacionam-se de modo intenso, embora às vezes inusitado e inesperado. A comprovação da assertiva é o propósito do presente livro. Pode-se apreender o jurídico na literatura de ficção. Pode-se tentar compreender a estrutura narrativa nas peças, atos e gestos judiciais, a exemplo de petições, decisões e excertos de doutrina, a par de vestes talares e de rituais burocráticos. Alguns textos são inéditos, outros foram publicados sob forma de artigos em revistas, ou ainda alguns são retomados de reflexões que o autor adiantou em livros anteriores. Todos os textos que seguem, no entanto, pretendem inventariar possibilidades de diálogo entre direito e literatura. Nesse sentido, o esforço vai ao encontro de movimento que viceja entre nós, e que tem sido marcado por uma produção bibliográfica de altíssima qualidade e por discussões que transcendem à metafísica da filosofia moral, ao dogmatismo da filosofia analítica e ao nihilismo da filosofia especulativa.