Mas a prova definitiva de que adotei a cidade é que, há pouco mais de um ano, tenho também outro endereço. Sou o mais feliz proprietário de uma caixa postal na agência dos Correios do centro.
Há o ritual de sair de casa, deixar o carro na vaga destinada aos clientes, ligar o alerta (isso dá um pequeno prazer, como se nossa vida tivesse alguma urgência), seguir ansioso ao prédio dos Correios e abrir a caixa como quem rasga o embrulho de um presente para recolher pacotes com livros, a carta de um amigo distante, um aviso de encomenda.
É muito bom carregar no bolso mais esta chave, a chave que pode abrir ou fechar um duto entre mim e o mundo.
Crônicas