Fatima Mernissi (também Fatema Mernissi, e em árabe فاطمة المرنيسي) foi uma socióloga e feminista marroquina.
Mernissi cresceu no harém de sua avó paterna, juntamente com várias mulheres. Ela recebeu sua educação primária em uma escola estabelecida pelo movimento nacionalista e educação de nível secundário em uma escola de mulheres financiada pelo protetorado francês. Em 1957, estudou Ciência Política em Sorbonne e na Universidade Brandeis (EUA), obtendo o título de doutorado. Regressou para trabalhar na Universidade Mohammed V, em Rabat, e ensinou na Faculdade das Letras entre 1974 e 1981 sobre temas como metodologia, sociologia familiar e psicossocial. Tornou-se conhecida internacionalmente principalmente como feminista islâmica.
Como feminista islâmica, Mernissi estava em grande parte preocupada com o Islã e os papéis das mulheres nela, analisando o desenvolvimento histórico do pensamento islâmico e as suas tendências atuais. Através de uma investigação detalhada sobre a natureza da sucessão de Maomé, ela lançou dúvidas sobre a validade de alguns hadices e, portanto, a subordinação das mulheres que ela vê no Islã, mas não no Corão. Na sua opinião, o ideal muçulmano da "mulher silenciosa, passiva e obediente" não tem nada a ver com a autêntica mensagem do Islã. Pelo contrário, é uma construção dos ulemás, os juristas-teólogos masculinos que manipularam e distorceram os textos religiosos para preservar o sistema patriarcal.
Ela escreveu extensivamente sobre a vida dentro dos haréns, sobre as relações de gênero e das esferas pública e privada no Islã. Como socióloga, Mernissi realizou principalmente trabalhos de campo em Marrocos. Em várias ocasiões no final da década de 1970 e no início dos anos 80, ela realizou entrevistas para mapear as atitudes predominantes para as mulheres e o trabalho. Ela fez pesquisas sociológicas para a UNESCO e a OIT, bem como para as autoridades marroquinas. No mesmo período, Mernissi contribuiu com artigos para periódicos e outras publicações sobre mulheres em Marrocos e as mulheres e o islamismo de uma perspectiva contemporânea e histórica. Seu trabalho foi citado como uma inspiração por outras feministas muçulmanas, como aqueles que fundaram Musawah.