As homicidas

As homicidas Alia Trabucco Zerán


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As homicidas





“Assassinas, respondo eu, repetidas vezes, quando me perguntam sobre o assunto deste livro. Estou pesquisando casos de mulheres assassinas. E, diante de mim, como um roteiro teimoso, […] em vez de ouvir a palavra assassinas, um estranho lapso mental os leva a entender o oposto: assassinadas.” É deste modo que Alia Trabucco Zerán inicia As homicidas, livro em que se dedica a investigar quatro assassinatos que chocaram o Chile no século 20. Além de bárbaros, esses crimes também causaram comoção porque suas perpetradoras eram mulheres.

Mesclando pesquisa documental e impressões pessoais, a autora, que com este livro venceu o British Academy Booker Prize de 2022, faz uma apuração detalhada na busca por compreender as motivações, explicar o tratamento dispensado a essas mulheres pela justiça e mostrar como os assassinatos e suas executoras foram representados nas artes. Mulheres jovens, trabalhadoras braçais ou intelectuais, ricas ou pobres, nenhuma dessas quatro personagens se viu livre de julgamentos tendenciosos e representações fantasiosas de suas personalidades pela imprensa sensacionalista. Por darem lugar ao ódio e à violência, incompatíveis com o que o patriarcado insiste em tratar unicamente como frágil e maternal, os crimes subverteram o que se esperava do comportamento feminino. Como diz a autora, “no corpo das mulheres, a raiva costuma ser adjetivada como desmedida, irracional ou de origem histérica, denominações que cumprem a função de deslegitimar as causas dessa raiva e de apagar seu responsável”.

Neste livro, que nada deve às melhores narrativas do gênero true crime, Alia Trabucco Zerán aborda de forma magistral e surpreendente um tema ao mesmo tempo incômodo e revelador, indo na contramão do imaginário coletivo ao colocar a mulher em uma posição de ataque.

Literatura Estrangeira / Não-ficção

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on 5/3/24


"Mas entre a clemência e o castigo há uma terceira possibilidade: levar a sério a violência perpetrada pelas mulheres. Se a história do feminismo, como adverte Sara Ahmed, é uma história de transgressão, incorporar as desobedientes, as contestadoras, as problemáticas e também as homicidas é uma tarefa necessária. Os casos extremos, parafraseando a crítica Susanne Kord, servem para questionar aquilo que consideramos normal, e esse questionamento é, hoje, um gesto de sobrevivência."... leia mais

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