Único autor de quadrinhos a ganhar o Prêmio Pulitzer, Art Spiegelman, ficou conhecido por sua visão ímpar sobre o Holocausto em "Maus". Depois de um longo período trabalhando com ilustrações para capas de revistas, histórias breves e livros infantis, À Sombra das Torres Ausentes é o primeiro livro de quadrinhos lançado por Art desde "Maus". Indignado pelo Atentado de 11 de Setembro e traumatizado com a política de George W. Bush após a tragédia, o artista volta aos quadrinhos para tentar entender e explicar o que se passava com os americanos. No dia anterior aos ataques, 10/09, Art e sua mulher, Françoise Mouly, editora de artes da revista The New Yorker, matricularam a filha numa escola situada aos pés do World Trade Center. Quando viram na televisão a primeira torre ser atingida pelo avião, foram desesperados ao encontro de Nadja e conseguiram encontrá-la pouco antes que a outra torre desabasse, por detrás deles. Em seguida, correram para pegar o outro filho, Dashiell, na Escola das Nações Unidas. Essa experiência angustiante está retratada em detalhes no livro. Assim como em "Maus", Art, trata magistralmente do impacto de traumas da história contemporânea em sua vida pessoal. Mas vai além de sua experiência pessoal e faz uma reflexão sobre as razões e os desdobramentos dessa tragédia que permitiu ao governo americano justificar uma guerra contra o Iraque e que vitimou quase 3 mil pessoas. O formato escolhido para as pranchas é o mesmo das primeiras histórias em quadrinhos publicadas em jornal no fim do século XIX. Foi nessas despretensiosas e velhas tiras que o artista encontrou alívio depois de 11/09. Por isso na última parte do livro ele incluiu um imperdível "Suplemento de Quadrinhos" com alguns clássicos, como Happy Hooligan, Krazy Kat, Little Nemo...
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