As narrativas históricas acerca do Quilombo dos Palmares e seu principal líder, Zumbi,
datam do século XVIII e não se constituem como um discurso homogêneo; ao contrário,
demonstram o quanto as construções históricas são dinâmicas no tempo e no espaço. No
período colonial, por exemplo, o quilombo de Palmares foi caracterizado de modo geral
como um obstáculo à colonização portuguesa no Brasil. E o nome “Zumbi” não se referia a
uma pessoa, mas sim, à nomenclatura dada aos lideres palmarinos pelos portugueses. No
período imperial predominou uma interpretação regionalista de Palmares, no qual o
surgimento e a destruição do quilombo haviam sido, assim como outros eventos históricos,
desafios à unidade nacional que foram superados. De modo que ao longo da historiografia
brasileira, diversas e por vezes contrarias versões da narrativa de Palmares e Zumbi, foram
produzidas e inventadas.
Neste trabalho composse uma análise genealógica das construções narrativas sobre Zumbi
dos Palmares e sua relação com as estruturas de governamento constituídas ao longo da
história brasileira. Análise feita a partir dos modos e práticas educacionais de diferentes
extratos discursivos sobre o Brasil e os sujeitos negros brasileiros, que são constituintes das
relações de verdade, de conhecimento e de poder. Isso feito através da produção original de
um modo de composição narrativo que dá destaque à descrição e à diferenciação entre tais
extratos, através de uma narrativa gráfica sequencial (história em quadrinhos).
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