Jacques Lacan, psicanalista francês, é uma figura mítica. Começou sua carreira de psiquiatria nos anos 30, fez escândalo nos anos 50 dentro das instituições psicanalíticas, tornou-se um personagem célebre nos anos 60, nos bons tempos do estruturalismo... Seus textos circulam de mão em mão; e seus Escritos, publicados em 1966, tornaram-se clássicos.
Nos anos 80, este homem que vivera quase a idade do século torna-se na grande imprensa objeto de um "caso". O "caso Lacan" é que ele ousara dissolver sua própria escola, sem consultar ninguém, cansado da sufocante adoração de alguns de seus discípulos, a quem chamava "a cola". Ele entra, então, ainda vivo na sua própria lenda e passa a ser o herói de uma mitologia que há muito corria sobre ele: ardilosa, complexa e magnífica.
É esta história que eles livro de Catherine Clément conta. Uma história que atravessa o surrealismo, o estruturalismo, o maoísmo e chega ao insólito episódio de 1980. A história de um solitário que sempre suscitou paixões públicas. A história de um homem que, através de lógicas e esquemas, jamais deixando de falar de amor, revolucionou a Psicanálise.