Vida e morte: Laços da existência

No século XX, nos disse Ariès, a morte é interdita, vergonhosa, fracasso, erro, o tabu e aquilo do que não se fala, a pornografia do século XX, segundo Gorer.
Por outro lado, falar com os pacientes, escutar suas necessidades, acompanhá-losno seu processo de morrer tem sido a preocupação de Kubler-Ross, também no século XX.
Entre astas duas polaridades, os profissionais de saúde se debatem, tendendo mais para um lado do que para o outro.
Temos observado que hoje surge uma necessidade de revisão de conceitos e de práticas e o aprofundamento de reflexões, envolvendo o tema da morte no processo vital, situações-limite como doenças, o confronto com a morte concreta, o suicídio e o processo de enlutamento.
É com esse espirito que nós, profissionais de saúde atuantes em diversos campos da psicologia e da medicina, neste mesmo século XX, resolvemos compor este ensaio intitulado "Vida e Morte: laços da Existência", com os seguintes temas que se entrelaçam: "A morte em vida", A vida que há na morte", Suicídio - a morte de si próprio" e, "Luto - a morte do outro em si".
Os capítulos são pequenas obras em si, mas podem ser vistos em relação. Entrelaçam-se as palavras "vida e morte', porque não podem ser vistas separadamente, pois assim se constitui o ser humano.
Convidamos o leitor a dialogar conosco, nestas idéias, que longe de conclusivas esperam abrir um caminho para trocas e partilhamentos.
Maria Júlia Kovács