A delicadeza aliada à uma sensibilidade explosiva. O domínio seguro das formas poéticas acompanhadas da humanidade. Esses traços ímpares da obra poética de Cecília Meireles encontram seu ponto seminal neste "Viagem". Agraciado com o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras, em 1938, e publicado em Lisboa no ano seguinte, este livro representa uma viragem na poesia moderna. Foi ele o passo inicial para a escritora ser apontada como a maior poetisa da língua portuguesa. Ao mesmo tempo que não se rendem a caminhos fáceis, os versos de Cecília Meireles cultivam um apelo sensorial capaz de avivar, de maneira flamejante, imagens e sentimentos até então adormecidos em nosso interior. As figuras utilizadas para remeter à experiência da viagem conduzem o leitor a acompanhar, como privilegiado passageiro, a sutil projeção das contínuas mudanças nos estados da alma humana.
Os mergulhos existenciais presentes em "Viagem" sinalizam que a vida, plenamente vivida, tende a se configurar uma jornada intensamente vincada pelo desassossego.