"A poesia de Gerusa Leal constrói-se nessa contradição, ou melhor, nesse paradoxo necessário do signo feito presença, da relação feita substância, do infinito se fechando nele mesmo para deixar-se apreender. A poetisa encontra o objeto da sua escritura no fundo desse invisível metafísico “materializado” pelo “abismo” no qual com efeito cresce “a flor de gelo” - esse objeto poético que parece ser a própria metáfora da poesia. O seu lirismo tem a particularidade de não ser somente a expressão de um Eu, mas também, e sobretudo, a elucidação do enigma do Eu. Seria algo como um lirismo objetivo, uma postura pela qual a poetisa toma a sua própria consciência como objeto, e ao mesmo tempo tenta se reapropriar dela: busca impossível, pois o objeto poético último é uma flor de gelo, uma flor mineralizada, desvitalizada. O poema perfeito é a morte."
Texto de Stéphane Chao
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