Um tempo para não esquecer, do historiador e professor Rubim Santos Leão de Aquino, vai dar muito o que falar. Gerações de estudiosos de História conhecem o professor Aquino e sabem de sua correção e eficiência. Já que agora ele mexe num vespeiro da História Contemporânea, desde os antecedentes com os Estados Unidos e o golpe de estado no Brasil, em 1º de abril de 1964 e suas ramificações para outros países vizinhos com suas dramáticas consequências.
Contém dados e informações com remissões tão corretas e completas que se torna difícil, senão impossível, contestá-las. Historiador cauteloso, criterioso e organizado, sabe, como sempre soube, do que está falando. O próprio signatário desta apresentação, como advogado de inúmeros presos, torturados e assassinados políticos, foi também seqüestrado e torturado nos porões do DOI-CODI-RJ, pela ousadia de defender presos e sequestrados por crimes de consciência. Muitos outros advogados, como o signatário, também o foram. Sem medo de engano, só no Rio de Janeiro, lembra-se dos seguintes juristas, sequestrados pelos mesmos motivos: Sobral Pinto, Heleno Fragoso, Antônio Evaristo de Morais Filho, Vivaldo Vasconcellos, George Tavares e Augusto Sussekind de Moraes Rego. (...)
Este livro do professor Aquino, que torna inesquecível o tempo da ditadura militar, somado a outros já publicados, irá compor a enciclopédia do terrorismo de Estado, que impôs um governo de muitos generais sucessivos, cuja dúvida é se saber qual foi o pior. Com certeza só se sabe que traíram seus juramentos e sua hierarquia, estupraram e mataram não só mulheres presas, mas também suas próprias leis internacionais de direitos humanos. Fizeram o trabalho sujo para que a burguesia nacional, sócia e subserviente à burguesia internacional, intensificasse o saque ao nosso país.(...)
Um tempo para não esquecer será um livro inesquecível.
A. Modesto da Silveira
Política